Capítulo 18

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ANY GABRIELLY

Acordo sem ar, sinto meu peito arder e as gotas de suor escorrerem pela minha testa.

 Minhas costas rapidamente se separam da cama e sinto o braço de Noah que estava sobre minha barriga cair na cama antes de correr para o banheiro do quarto e vomitar.

 Me sento no chão gelado e limpo meus olhos que estão marejados. 

A lembrança que a madrugada me trouxe hoje permanece clara na minha mente, como se tivesse acabado de acontecer. 

FLASH-BACK

A igreja estava linda, com rosas brancas espalhadas e um ar gelado entrando pelas portas abertas. Ainda tinha poucas pessoas sentadas afastadas com suas roupas pretas e sem palavras, a unica coisa que se ouvia era o silencio. Limpo uma lagrima que escorre indo em direção ao caixão localizado no fundos da igreja na frente da enorme imagem de Jesus Cristo na cruz. 

Subo o primeiro degrau e consigo vê-lá, coberta por um pano branco de renda e as mãos juntas sobre a barriga. Subo o segundo degrau e vejo seus cabelos loiros perfeitamente alinhados moldando seu rosto. 

Admito que não sei o que fazer. Rezar? Chorar? Não sei qual dessas opções vai ajudar agora. Acredito que nenhuma.

 Any?  Levanto meu olhar e encontro Carlos Plotnikova, com a gravata solta e a cara inchada. Estou a um passo do corpo de Sofya e a 5 passos dele, baixo meu olhar novamente e sinto mais uma lagrimas correr por meus olhos.

Eu... Eu sinto muito. — Mais um passo e encosto minha barriga no caixão gelado. Ela parecia em paz.  Se tivesse alguma coisa que eu pudesse fazer... Qualquer coisa...  Toco na sua mão por cima do véu e sinto sua pele gelada. — Eu a amava, tanto, eu faria qualquer coisa por ela.  Levanto meus olhos para Carlos e ele está olhando fixamente pra mim.  Eu era apaixonada por ela... — Ele confirma lentamente com a cabeça, volto a olhar pra Sofya.

 Você a matou.  Escuto uma voz feminina atrás de mim e me viro rapidamente. Seus olhos estavam vermelhos e seus cabelos bagunçados . Você matou a minha filha.  Ela se aproximou e vejo a sombra de Carlos ir até a esposa e a segurar pedindo pra se acalmar.  ACALMAR? ELA MATOU NOSSA FILHA, CARLOS.  Ela chorava e eu também.  FOI POR SUA CAUSA QUE TUDO ISSO ACONTECEU!  — Os gritos delas ecoavam pela igreja antes tão silenciosa e por um segundo sei que nunca mais ouviria o silencio novamente.  VÁ EMBORA! SAIA DAQUI! 

Não consigo me mover, minha visão esta embaçada e sinto minhas pernas tremerem.

— Any, vá embora, por favor. Ouço a voz de Carlos baixa e levanto meu olhar pra ele e forço minhas pernas a se moverem, passando rapidamente pela mãe de Sofya que estava sendo segurada por Carlos, porém que não conseguiu impedir ela de segurar em meu braço enquanto eu passava.

Eu espero que você viva muito, Any. Ela diz baixinho, olhando nos meus olhos .-E que todos os dias você se lembre dessa cena. — Ela virou meu corpo bruscamente para o caixão.  Ela está morta por sua culpa. Amar você a matou.  Disse soltando meu braço.

FLASH-BACK OFF

Me levanto com a ajuda da parede e como se fosse novidade, passo meu olhar pelo quarto e paro no relógio localizado no criado-mudo próximo ao corpo adormecido do meu ex-namorado.

 02:18h da madrugada. 

Passo as costas da mão sobre a testa e por um segundo me passa pela cabeça a ideia de acordar Noah e pedir ajuda.

BETWEEN ME AND HEROnde histórias criam vida. Descubra agora