Capítulo 11

3K 244 50
                                    


ANY GABRIELLY

— Any. — Escuto meu pai bater na porta do meu quarto e continuo olhando para o teto.

Noah me deixou em casa ontem no fim de tarde. Novamente só consegui dormir quando o dia estava quase amanhecendo, um milhão de coisas estão novamente rondando minha cabeça e quando chega a madrugada, me sinto sem ar. 

— Filha, você precisa ir pra lanchonete hoje. — Meu pai diz atrás da porta o que me faz rolar os olhos. — Precisa treinar a menina nova.

Me dou por vencida e levanto da cama caminhando até a porta.

 Demoro alguns segundos para abri-lá, dando de cara com meu pai com o olhar caído mas sempre com um sorriso no rosto em direção a mim. Me estico pra deixar um beijo em sua bochecha e me encosto da porta e cruzo meus braços, me esforço para sorrir pra ele também. 

— Bom dia pai, claro, vou sim. — Encosto a cabeça na parede. —  Achei que o senhor gostasse de treinar as meninas novas.

— Eu gosto. — Ele se encosta ao meu lado. — Porém sua mãe teve uma crise essa noite e eu não dormi nada. — Ele fecha os olhos e abre um sorriso sem dentes.

— Eu sinto muito, pai... — Abaixo a cabeça. — Como ela está?

Eu escutei o choro da minha mãe durante a madrugada, alto e agressivo, como se fosse para mim escutar. E as vezes, eu acho que é. Acaba comigo ter que deixar meu pai cuidar sozinho dela, mas não seria uma boa ideia eu aparecer durante uma crise.

— Melhor. — Consigo ver em seu rosto que ele esta mentindo para me fazer sentir bem, só afirmo com a cabeça como se aceitasse sua resposta ensaiada. — Feche a lanchonete pra mim hoje, querida, você sabe como é essa época do ano para sua mãe. — Ele beija minha testa e segue para os fundos da casa.

Quando meu irmão morreu, minha mãe ainda tentou por algum tempo não me culpar. Percebi que ela não conseguia tanto quanto queria quando ela me mandou pra aquele acampamento. Era mais fácil não me culpar quando eu não estava no quarto ao lado. Eu a decepcionei muitas vezes mais e depois de um tempo ela não se esforçava mais, era mais fácil me culpar. 

Eu sou culpada pelo que ela é hoje. Ela me disse isso. Varias vezes.

FLASH-BACK

 Você e essa sua vida miserável me destruíram.

Olho para minha mãe que estava andando de um lado para outro no quarto. Estou sentada na cama, abraçando minhas pernas .Minha cabeça estava explodindo de dor. Minha garganta seca. Estou com dor em cada pedaço do meu corpo. Meus olhos estavam inchados,provavelmente por tanto choro. 

 Você me destruiu quando me contou que foi por você que seu irmão entrou na briga que o matou.  Ela se apoia na cama em que estou e aponta o dedo em direção ao meu rosto.   Eu me reergui por você. 

Não que eu me esquecesse disso, mas não era um momento bom para lembrar. Estou com dificuldade para respirar. Esse quarto branco esta me deixando tonta. 

E você  me destruiu quando fez o que fez com a Sofya. Eu respirei fundo novamente e tentei.  Ela balança a cabeça em negação. Volto a chorar. Ela levanta os braços em direção ao seu próprio rosto e começa a bater em si mesma. 

 Mãe... Por favor... Pare.  Digo entre soluços, me esticando para pegar em seus braços para conter-la. 

Antes que eu chegasse até ela, ela agarra meus pulsos com força e me puxa violentamente para perto dela e me olha de um modo que eu nunca vi antes. Era raiva. Seu rosto estava vermelho, seus cabelos bagunçados. 

BETWEEN ME AND HEROnde histórias criam vida. Descubra agora