Reconciliação

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Eiri

Dirijo meu carro perdido em pensamentos enquanto meu celular vibra.
"Logo agora..."
Olho para tela e desligo.
O celular toca novamente.
Passo a mão no rosto impaciente.
Pego o celular e atendo.
-Eu tô no carro, não posso atender agor-
-É da Imperial models, eu gostaria de...
-Olha moça não tô interessado! ( a corto de forma ríspida antes que a mesma continue ).
-É sobre algumas fotos para propaganda de cuecas deste mês, estamos com uma coleção nov-
Breco no semáforo de forma brusca.
Suspiro nervoso.
-Eu gostaria de mostrar a você nosso trabalho, vi que você é modelo, fez campanhas para relógios e perfumes, já foi capa de revista..
Avanço no sinal apenas a escutando sem dar muita atenção.
-Você é perfeito para o nosso casting, poderíamos nos encontrar para conversarmos melhor?
-Eu tô próximo a uma cafeteria chamada Maidhouse.. ( digo sem ânimo algum ).
-Ótimo! Vou estar lá em 30 minutos. ( ela diz empolgada )
Eu desligo e jogo o celular no banco
-Inferno..

***

Espero sentado com as pernas e braços cruzados em uma mesa do lado de fora da cafeteria a qual combinamos.
Peço um suco de abacaxi com hortelã para me livrar do tédio e mexo líquido no impacientemente.
Ela chega com sorriso de orelha a orelha.
Dou um gole no suco e o devolvo a mesa.
-Olá! Nossa! Finalmente te encontrei, a quanto tempo não o vejo?
"Não a conheço de vista, será que já nos trombamos por aí?".
Ela mostra suas pastas sem muita cerimônia.
-Você seria a capa perfeita para essa coleção, empresário, boa aparência..
-Isso daí eu sempre tive. ( digo tentando ser modesto )
Ela ri.
Eu olho bem para ela e a Booker desfaz o contato visual no mesmo instante.
-Ah..o senhor está me deixando um pouco sem graça.
-É que eu não te reconheço mesmo.
-Meu nome é Natália. Eu vi você fazendo alguns jobs, ensaios fotográficos, participando de desfiles..bom eu fiquei interessada em você.
-Ah, eu tenho uma memória péssima.
Tomo o suco olhando para outro lado.
Ela solta um riso envergonhado.
"Muito estranho.."
-Mais eu sinto que te conheço de muito antes, você me lembra um menino que eu cuidava, ou que eu cuidei uma vez..se não me engano.. ; ela solta ).
Por um instante eu arqueei as sobrancelhas.
-Você era o Pietro? Não era?
"Não, impossível.."
A olho imediatamente.
-É? Se for..não acredito! Olha o homem bem sucedido que você se tornou!
Eu levanto da mesa.
-O que você quer de mim desta vez? Já não basta destruir a minha vida? porque raios você quis me encontrar?
-Calma! Eu só me lembrei agora de você, parecia familiar. Então você virou um romancista com um codinome diferente, eu estou no mundo da moda e você também..é uma coincidência..
-Tsk! Coincidência? Eu peço pra que você se retire, por favor, não tenho assuntos para tratar com você.
-O que houve naquela época.. foi.. foi um engano, eu nem tinha ideia do que tava fazendo, digo..digo..que era tão grave .
-Você se aproveitou de uma criança? Você tem noção disso? Você é DOENTE.
-Eu fui influenciada..
-Não justifica algo que é imperdoável!
-Pietro eu sint-
-Some daqui! E não fala meu nome! Eu não te dei o direito e nem a liberdade!
As pessoas das mesas vizinhas começam a se levantar e sair de perto.
-Não precisa bater na mesa desse jeito, está assustando as pessoas..
-Sai, Agora!
Ela se levanta arrumando as pastas.
-Eu tô arrependida de verdade.. eu não faria tamanha crueldade eu.. eu não tinha noção do quanto aquilo te afetava..
-Chega! Não quero mais saber de nada que vem dessa sua boca imunda!
Ela engole seco.
-Eu sinto muito.. de verdade eu queria poder conversar com você sobre isso uma outra hora, eu estou aqui a trabalho..( ela diz se afastando ).
Minhas mãos estão fincadas a mesa, mais no momento em que ela decide sair, eu viro a mesa de uma só vez, derrubando tudo que está em cima dela.
-Moço quer uma água, precisa de ajuda? ( a garçonete vem correndo até mim preocupada ).
-Sai!
Ela olha pra mim com medo e sai.
Natália me observa do outro lado da rua. Assim que eu a olho, ela entra no táxi e vai embora.
-Vaca..
Entro em meu carro.
Olho para minhas mãos que tremem de nervoso, e alguns calafrios percorrem meu corpo.
-Droga...
Desabotoou alguns botões da blusa e tento normalizar minha respiração escorando no volante.
"Porque agora...".

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