Proposta

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Irina

"Não importa quanto dias, meses ou anos passem, o Eiri sempre continuará sendo o Eiri".
-Pelo amor de Deus, para com isso!
Ele aplica socos em sequência no Ash.
As pessoas ao redor da boate, ficam com receio de parar o surto de Eiri, e então não se intrometem.
O rosto de Ash já está lavado de sangue, e aquilo me corta o coração.
-Você tem noção do que tá fazendo? ( levanto a voz com ele ).
-Cala boca, Katharina!
-Cala boca nada! Ele não merece passar por isso!
-Minha vontade era de te ver MORTA depois dessa cena deplorável, Katharina!
-O quê? Você..você é um IDIOTA!
Dou alguns socos em seu peito e ele me afasta com força, sem ressentimento algum.
Seu olhar é gélido e distante, mais pela intensidade de sua força demostra o quando ele está carregado de ódio.
-Depois de tudo que eu fiz por você, ainda não foi o suficiente? ( ele gesticula ).
-Nós estávamos só.. o que aconteceu foi..isso.. isso foi minha culpa, não a dele!
-Você não presta Katharina, você não vale nada! Com essa carinha de santa..vem me dizer que não houve nada? Você não tem vergonha na cara!
-Você não abre a boca pra falar mal de mim! ( aponto o dedo na cara dele ).
Ele tira meu dedo.
-Você não me provoca!
-Porque? Vai me bater? É assim que você resolve as coisas, não é? Pelo medo.
-Você não sabe o quanto está sendo ridícula e infantil, agindo feito uma adolescente rebelde! Querendo se mostra pros outros, com essa...
Ele olha pra minha roupa como se fosse proferir a palavra "puta ou vagabunda".
-É eu sou uma puta!
As pessoas começam a murmurar.
-Sou uma puta e você um louco, psicopata e cretino!
-Não vem falar merda pra mim, eu já entendi tudo! Eu não sei porque eu ainda estou com você, só me faz passar vergonha. ( ele diz com advertência ).
Aquelas palavras me tocam profundamente, é como se algo quebrasse dentro de mim.
-Eu me faço a mesma pergunta, a anos.
Ele me olha de cima.
Ash geme com dor.
E eu lembro que ele está ali e tento ajudá-lo.
-Eu sabia.. que ia dar nisso ( Ash diz quase sem voz ).
-Você quase matou o cara! ( um deles se pronuncia ).
-Só não matei porque eu não quero carregar o peso da culpa da morte de ninguém, e também, porque eu vou acabar decepcionando algumas pessoas. ( ele relata com uma certa ironia ).
-Ou cara, você não pode entrar aqui assim, bater em alguém, ameaçar a mina e ir embora!
-Quem é você mesmo? Ah, o porco que estava dando em cima dela com uma aliança no dedo, e quer ter moral pra falar comigo. O tempo que você está gastando pra encher meu saco, deveria estar fugindo pra não ser preso por andar armado, e vender drogas nesse lugar.
Todos olham para o homem que tentou me defender.
-Qual é a tua cara!
Ele aponta a arma para o rosto de Eiri, e Eiri o encara com irrelevância.
Da alguns passos até o portador da arma, e coloca sua testa encostada na arma.
-Atira!
Meu olhos saltam mais rápido que as batidas de meu coração.
-Eir-
-Você cala a boca Katharina, sua voz já me cansou, o único valor que eu tenho por você é o desprezo.
Meus olhos começam a marejar, e mesmo assim tento não me importar com aquilo.
"Ele só está trabalhando meu psicológico para ficar contra mim mesma".
-Eu vou apertar o gatilho, acha que eu não consigo?
-Você não vai fazer isso, uma porque você não quer ser preso e outra porque as pessoas aqui não vão esquecer seu rosto. E seu querido esquema vai ir pelo ralo. Como um bom revendedor que é, e com a vida luxuosa que tem, não vai colocar tudo a perder.
O homem começa a se desestabilizar.
Eu levanto Ash com irie.
-Eu nem deveria estar te ajudando.
-Se for pra criticar é melhor nem ajudar, Irie! ( digo a irie que ainda está tentando engolir o que aconteceu ).
-Pra quem você trabalha? Se conseguiu entrar aqui é porque o dono dessa espelunca é seu chefe. ( Eiri interroga o atirador ).
O homem abaixa a arma.
E as pessoas que já estavam assustadas, entram em pânico e começam a correr.
-Ei, ei, vamos parar a bagunça. ( um moço asiático com um dragão no pescoço, com a voz serena e calma vem na nossa direção ).
-Você está bem rapaz? ( ele olha para Eiri e pergunta ).
-Eu deveria? Por estar sendo traído e ameaçado de morte?
O asiático ri.
-Não exatamente, mas peço para que saia deste lugar.( o homem diz com tranquilidade ).
Eiri olha para algumas pessoas posicionadas em lugares estratégicos.
-Eu só vim resolver os meus problemas.
-Ótimo, pega seu problema e cai fora! ( o asiático altera um pouco o tom ).
Eiri o olha indiferente.
-Obedeça!
-Seguir ordens não é do meu perfil.
Outros asiáticos surgem começam a ficar irritados.
-Eiri! Vai embora. ( digo na defensiva ).
-É melhor VOCÊ, sair. ( ele diz sem se preocupar ).
O encarregado do asiático saca uma arma sem que muitos percebam, e em segundos ele atira na direção de Eiri, só que Eiri é mais rápido, e atira de volta.
-Ele é ruim de mira ( Eiri diz imparcial ).
O loiro se vira devagar para olhar Ash.
E eu entro na frente.
Ele continua com sua cara apática.
-Ainda não confia em mim?
-E como eu poderia.. ( digo com a voz carregada ).
Os outros membros do grupo verificam se o homem esta vivo. E para surpresa do "chefe" deles, não estava.
O asiático leva as mãos acima como um sinal de rendição.
Um deles conversa em seu ouvido em outro idioma.
-Você é bom, qual o seu nome?
A sirene da polícia ecoa pela boate.
O grupo começa a se retirar e Eiri só o encara.
-Eu não gosto do seu olhar garoto, eu via muito desses olhares no subterrâneo, é um olhar de quem já desistiu de tudo, mas continua no automático. Deve ter perdido muito companheiros.
-O que acontece ou deixa de acontecer na minha vida, não importa.
A ambulância chega para socorrer Ash.
-Meu nome é Hiroshi Aizawa, a gente se vê por aí.
Vou com Ash na ambulância e Irie.
Passo por Eiri de longe e o barulho das sirenes ficam mais intensos.
Ele só olha pra mim sem dizer nada, e eu também não digo.
É como se caminhássemos em lados opostos.

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