Entenda: você é minha

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Irina

A situação ficou tensa. Depois do resultado do exame de Dna. Eiri estava nervoso e inquieto. Eu o observava de longe para que ele não se irritasse comigo. Ao som de "White Flag de Dito".
Era como se eu fosse uma espectadora diante a uma avalanche. A cada passo que eu me aproximava sua cara fechava.
Eu me sintia incomodada por não ajudar. Mas segundo ele, eu só atrapalharia, então fiquei de canto.
Passado alguns dias. Ainda me recuperando da morte de minha mãe. Meu casamento ia de mal a pior.
"Como conviver com alguém que você não dialoga, e quando fala, discute?"
Então decide comprar um presente a ele. Na verdade dois.
"É hoje que eu quebro essa muralha entre nós".
Coloco um grampo em cada lado do cabelo. Ponho um vestidinho preto curto com bolinhas brancas, tomara que caia, uma jaqueta jeans por cima e sapatilhas amarelas.
Sigo até Eiri, ele está no quarto mexendo em seu notebook.
-Se for presente eu nem quero. Sabe que não gosto de presentes.
Eu murcho ali. É como se meus ombros pesassem mais que meu corpo.
-Posso deixar aqui então?
Movo para deixar na cama.
-Não.
Ele volta a olhar para tela. E minha cara de tacho se torna irredutível.
Largo os presentes na mesa com raiva.
O laço frouxo desata.
E seco minhas lágrimas o mais rápido que consigo.
Depois pego a caixas decido voltar ao quarto e jogo com tudo a caixa maior, em cima de seu notebook.
-Ficou louca?
-É, fiquei sim! E você vai aceitar isso querendo ou não.
Saio pisando forte e bato a porta.
Ele não move um dedo se quer para argumentar ou se opor.
Sento na mesa frustrada olhando o outro presente que fiz. Aquela caixa pequena.
Coloco meus fones para me acalmar e a mesma música martela em minha cabeça. "White Flag de Dito".
Passo a mão na minha barriga.
As meninas estão quietas demais. Queria tanto elas, para conversar. Não me sentir só.
E eu achava que os doramas que eu via e os animes de romance eram exagerados.
Eu vivo algo bem parecido com aquilo.
Tento me focar na música até adormecer.
"Idiota.."

Eiri

Durante algumas horas avisto Irina adormecida na mesa com fones de ouvido.
"Ela está me esperando?"
Tiro aquela idéia fraca de minha cabeça.
"Ela só está com sono mesmo, afinal todo mundo adormece"
Coloco uma de minhas mãos no bolso e vou até a geladeira pegar água gelada.
Vejo a pia com louças e elas estão cobertas de chocolate.
Volto a sala e fico curioso para saber o que tem naquela maldita caixinha.
A abro devagar e sem fazer barulho.
Aquele laço estava ridículo e desproporcional.
Me deparo com um coração em formato de chocolate.
"Eu odeio chocolate".
Mesmo assim dou uma mordida. E deixo na mesa.
"Até que não está ruim".
Antes de me deitar lembro de que Irina está exposta ao frio.
"Merda de arrependimento que não me deixa em paz ".
Katharina escolheu ficar lá por puro capricho.
"Ou será que ela se sente mal por causa de mim? E se ela adoecer? Ou ficar depressiva? "
"Porra isso já tá me preocupando."
Olho pra porcaria da manta e levo até ela.
"Se eu a pegar, ela irá acordar"
"Fofa-se vai isso aqui mesmo".
Jogo a manta nas costas dela.
"Melhor do que sentir culpa".
Tiro o fone de seus ouvidos.
Ela se estica e eu fico em choque.
"Calma ela não acordou, ainda bem. Já pensou o micro que eu iria pagar se ela me visse colocando a manta em suas costas?"
Respiro com alivio.
E saio dali.
Mas passo a noite olhando pro teto.
"Carvalho o que tá acontecendo comigo?"
Olho em direção da porta.
"É uma mistura de vazio e impaciência ".
Decido fumar próximo a janela.
Coloco uma dose de uísque. E bebo de uma vez.
Olho para onde Irina está.
"Porra, essa coisa não sai de mim!".
Respiro fundo. E me aproximo de sua mesa, mas logo volto para trás.
"O que eu faço?".
-Pai?
Assusto e meu coração dispara.
-O que tá fazendo?
-Nada. Vou dormir.
Caminho até o corredor com as mãos no bolso.
-Porque não acordou minha mãe? 
"Merda de moleque!"
-Ela tá bem, ai.
-Aé? E se fosse você?  Aposto que ela te acordaria e até se esforçaria para te levar.
-Se está incomodado leve você.
"Odeio ser cobrado ainda mais por um pivete que mal tem pelo no saco."
Irei se encarrega de Irina eu sigo para o quarto.

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