Eiri
-Eiri por favor não vai.
A ignoro.
-EIRI!
-Fala baixo. Eu sei muito bem o que tô fazendo.
Tento não me estressar.
Lambret disse que cumpriu com sua palavra mas não confio em nada que ele diz. Então vou atrás.
Ela pega em meu pulso. E eu lanço um olhar de reprovação.
-É loucura você fazer isso..
-Tá e você vai deixar sua mãe? Eu sou capaz de dar a vida pra proteger alguém e você não?
-Não se trata disso! Até porque eu não me mataria por ninguém.
"Como ela tem coragem de dizer isso na minha cara?"
-Não sou uma louca capaz de morrer ou matar alguém. Se ele falou tá falado. Ele cumpriu com o trato.
-Sai do meu caminho!
-Eiri!
-Na boa me esquece!
Ela entra na minha frente.
-Por favor.
Suspiro impaciente.
E ela muda o assunto.
-Achei que.. fosse reparar no meu visual. E em como mudei. Sou uma nova mulher agora.
-Desculpa tenho coisas mais importantes pra fazer.
Ela suspira surpresa.
E eu a tiro da frente da porta.
-Não adianta mudar a aparência se não consegue mudar a si mesma por dentro.
Bato a porta e deixando-a sem resposta.
"Irina me estressa com essas idéias fracas, desde quando pinta cabelo muda alguém?"
Pra mim ela só é uma adolescente rebelde.
Se bem que também não ficou tão mal.
Depois de uma conversa desagradável com Lambret.
Saio em direção a casa de dona Lena.
Tento pegar um vôo mais cedo.
Pois meu jatinho está sob revisão.
Na fila o nervoso vai me correndo.
"Odeio fila e sempre tem uns imbecis que pega dinheiro, documento e cartão na hora que tá no balcão".
Dou minha identidade a mulher e o cartão.
-O cartão não tá passando senhor.
-Como não?
Dou outro a ela.
-Esse também não está senhor.
-Mais é ilimitado.
-Sinto muito. Seria no dinheiro então?
Bufo.
Coloco tudo na minha carteira com pressa. E começa a cair tudo.
Recolho o mais rápido que posso e uma moça me ajuda.
-Obrigado.
Saio da fila e sento num banco.
-Como assim meus cartões estão funcionando perfeitamente?
Meu gerente cofere três vezes e confirma que está tudo certo.
-Merda!
Desligo.
Começo bater a perna impaciente.
Tento pela internet mais o site trava.
-BOSTA DE SITE!
Me sento novamente.
"Se eu ligasse pra dona lena?"
"Talvez tudo isso tenha acabado, mesmo".
"E se eu estiver botando pilha atoa, por causa de uma preocupação idiota?".
"Ela nem é minha parente, porque eu faria isso?".
Minha cabeça nesse momento vira uma panela de pressão.
Rodo feito um louco no aeroporto .
Tudo que eu tento é falho.
"Merda porque tá dando tudo errado".
Não acho alternativa.
Aciono um táxi para tentar voltar e ver se meu jato está pronto.
Sinto uma mão em meu ombro.
Olho para trás e não é ninguém.
Fico um pouco assustado.
Minha intuição diz para tentar de novo.
Volto lá e desta vez passa.
Fico tão impressionada quanto a moça.
Mas antes de entrar no vôo.
Começo a sentir uma angústia dentro de mim. Uma sensação de vazio. É como se estivesse tudo perdido.
Entro tentando tirar as perturbações da minha mente.
Em pleno vôo. Vou lembrando de coisas que ela me falou. E aquilo vai me deixando pior.
"Porque estou nervoso? Mas não um nervoso de estourar coisas é como se fosse nada daquilo fazia sentido."
Tento assistir algo no YouTube mas acabo desistindo.
Jogo o notebook no banco do lado.
Começo a balançar as pernas.
"Será anciedade?".
Pego na minha bolsa um calmante, tomo sem água mesmo.
Coloco meus fones.
Escuto minha playlist de chase atlantic.
Ao descer do avião escuto um obrigado em meu ouvido de mulher.
Olho para trás e tem um cara.
-Moço tudo bem?
Me seguro por uns instantes na porta.
-Está enjoado senhor. ( o capitão diz )
-Nada. Nada não.
Coloco meus óculos, desço com minha mala pequena.
"Só o que me faltava essa? Assombração?".
"Eu tô pirando".
Essa porra desse vazio não sai de mim.
Essa coisa tá me deixando deprimido mas nem vontade de chora eu tenho.
Chego na porta de dona Lena.
A porta está encostada.
-Licença tô entrando.
Pego minha arma devagar e me aproximo.
Está escuro e quieto.
Esbarro em alguma coisa.
Consigo achar a luz finalmente.
Tudo que eu lembrava se tornou branco. Minha mente simplesmente travou.
-Dona.. dona lena? Ei..velha! Acorda. Sou o eu.
Ela não responde.
-Velha se tá me pregando peça não é?
Seu corpo está gelado.
Me recuso a medir seu pulso.
O vazio se alastrar. As lágrimas não vem. Só essa sensação horrível.
Eu pego no rosto dela. E movo para o outro lado.
-Ei velha?
Começo a sacudir.
-FALA COMIGO! ME FALA ALGUMA COISA! ME DÁ BRONCA!
Eu começo a tremer e sentir muito frio.
"Meu deus eu tô tendo um treco"
Me falta ar e eu coloco minha cabeça pra fora da janela. Mais não é o suficiente.
Olho para ela de novo.
Com as mãos na cabeça. Puto e frustrado.
-Cara.. não... não.. não, cara não.
Começo a abrir a blusa dela de botão.
Respiro cortado. E minhas mãos tremem.
Fecho os olhos e repito pra mim mesmo que aquilo não real. Que só foi um desmaio.
-Você vai fica bem. É óbvio que você tá bem.
Faço movimentos para trazê-la de volta a vida. Mas não dá certo.
Tento mais e mais vezes. E não da em nada.
Ela nem sequer mexe um dedo.
O desespero toma conta de mim.
-Calma.. calma.. calma. Tá tudo bem.. tá tudo.. eu vou resolver isso.
Encho um copo de água e tomo.
Procuro algo que cheire forte.
Abro todas as gavetas e derrubo coisas.
-Merda!
Não encontro.
Subo as escadas e mas antes de subi-las outro corpo está ali. É o de Haward pai de Victória.
-Não..
Volto pra trás, mas logo depois decido subir as escadas correndo.
Nunca senti algo assim antes. Estou ofegante. E tudo parace se comprimir dentro de mim
O quarto de Irina está intacto.
Me seguro na porta por alguns momentos.
Para tentar aliviar minha canseira e recuperar o ar.
-Calma tá tudo bem.. sem pânico. Você vai resolver isso.. Calma..
Eu começo a suar frio. E minha bile ameaça subir.
Vou até um banheiro mais próximo e vomito.
Lavo bastante meu rosto e me peço para ter calma diversas vezes.
Volto no quarto de Irina pego um perfume qualquer. Desço correndo.
Olho bem o corpo de Haward. E olho pro perfume. Depois jogo o vidro longe.
-De que adianta isso agora!!
Me descabelo.
-Dona lena por favor a senhora precisa me escutar o que tenho a dizer.... deu tudo errado.
Fico de joelhos de ante seu corpo.
Meu coração falta sair pela boca.
-Eu tentei.. eu tentei.. juro que tentei.. mas...
Minhas lágrimas não saem.
-Se eu tivesse chegado a tempo... se eu tivesse aqui.. com senhora..
Eu a puxo para meu colo.
-Eu juro.. seria diferente. Eu tentei.
Eu fico agarrado ao seu corpo mas nada sai.
Tá tudo engarrafado em mim.
Eu pego forte em sua cabeça e trago a meu ombro.
-Me perdoa... eu preciso do perdão da senhora..ME PERDOA..
As lágrimas agora saem contudo.
-ME PERDOA.. PELO AMOR DE DEUS.... BRIGA COMIGO...
Eu começo a soluçar.
Aperto sua mão bem forte.
-Por favor...POR FAVOR.
Coloco minha testa na dela.
E meu choro abafado sai.
-Por favor....
Seu corpo está gelado.
Agarro ela forte.
-PELO AMOR DE DEUS..... HAAAA.. POR FAVOR..eu não quero..CARREGA ESSA CULPA.. POR FAVOR..
Meu rosto está quente e coberto de lágrimas.
Minha voz vai ficando falha...
Me balanço com ela.
-Eu vou no mercado com a senhora... eu.. arrumo as coisas pra você..
Meu coração tá muito disparado, eu não penso em respirar.. minhas memórias se apagam. E tudo que está em minha mente é um branco interminável.
-Me ajude a lembrar...ME AJUDA..eu não posso..A IRINA... O QUE VAI SER DELA SEM A SENHORA, HEIN?
Irina liga e meu desespero aumenta.
-Me ajuda a parar de sentir isso... me ajuda... eu não quero conviver com isso..
Solto o que realmente me prende.
"Eiri você tem que botar pra fora, todo sua tristeza, medo e raiva, não reprima as emoções, ponha pra fora".
Era o que ela dizia..
Com 1% de coragem. Ligo a polícia.
Sem ter lágrimas agora pra chorar.
Permaneço ali.
Pego o terço de contas pretas que ela andava no pescoço e coloco no meu.
-Vai fica junto com minha aliança...
Mordo meus lábios tão forte que acabam machucando.
-Eu só queria...
A polícia chega junto com a perícia.
O policial me pede distância.
Mas não consigo tirar olhos dela.
-Como eu posso ser tão incapaz..
-Senhor por favor se afaste.
Aquela a imagem não sai da minha cabeça.
-A senhora vai ficar bem... não vai?
O policial me puxa pelo braço.
Eu não tenho forçar para lutar me debater ou fazer nada.
Meu mundo parou ali.
Um dos policiais me tiram pra fora.
Sinto meu ar acabando mais não posso fazer nada.
-Eu fracassei..
Aquele pôr do sol tá tão bonito, muito injusto.
-ELA ACREDITAVA EM VOCÊ PORQUE FEZ ISSO!
Grito olhando para aquele céu.
Parece até brincadeira.
-Porque tá tão bonito..
O policial fica com pena de mim.
Mas não tô nem ai.
-Quem vai me receber agora?
Adam olha meu estado e eu viro o rosto para que ele não olhe pra mim.
Ele entra na casa. E fica sem chão assim como eu.
-Você é filho?
O policial pergunta.
Eu só olho para aquela grama ridícula sem reação nenhuma.
-Eu só exito pra fazer merda..
-Senhor responda minha pergunta.
Vejo um carro estacionar.
O tempo está aberto mas o vento está gelado.
Aquele sol inútil do pôr do sol está sobre mim.
Tento tampar com a mão mas é inútil.
Vejo o policial movimentar a boca e mais três se aproximam mas eu não escuto o que eles dizem.
Adam grita. Um grito aterrorizante.
Aquilo me deixa mais nervoso ainda.
"Nunca imaginei que uma falha custaria tanto".
Ele até mim furioso. Tomado pelo ódio.
Eu me levanto da frente da casa.
-ISSO É TUDO CULPA SUA! SE NÃO TIVESSE ENTRADO NA NOSSA FAMÍLIA NADA TERIA ACONTECIDO.
Eu só olho para o canto.
-OLHA PRA MIM SEU COVARDE! VOCÊ MATOU ELA! ESTÁ FELIZ? AGORA PODE FAZER O QUE QUISER COM A IRINA! ELA TÁ MORTA!
-Pode me bater até ficar satisfeito.
-Isso não traria ela de volta.
Meus olhos se arregalam.
-Você vai carrega essa culpa pro resto da vida.
-Adam...
-Não morrer vai ser sua maldição agora.
Aquilo me assusta.
-Eu dou graças a deus de não ser uma pessoa ruim e maldosa com você.
Meu corpo não reage a aquelas palavras.
Eu fico tão parado quanto um espantalho.
-Viva com essa culpa! Seja quem você for.
Ele diz com repúdio, como se eu fosse uma espécie de praga.
E a única coisa que faço é aceitar.
Vejo eles tirando dois corpos lá de entro.
Vou para trás da casa.
Me encosto na parede. E fico batendo minha cabeça forte contra ela.
Não importa a decisão que eu tome. É asdim que acabam as coisas.
"Adam tem rezão, minha maldição é viver."
Aquele céu...
-Porque esta tão bonito.. Não é justo.
Dou um soco forte na madeira.
No fundo eu descobri que era um covarde. Por deixar as emoções tomarem conta da minha vida.
E realmente eu estava certo.
Criar laços nos enfraquecem. Mas é isso que nos diferencia de robos e máquinas.
"Sempre achava que a irina era fraca. Mas eu estive errado. Ela está certa de se apegar. Está certa de amar. Afinal esse é o sentido da vida. Não fugir feito um covarde."
-Realmente...
Vejo mia olhar pra mim.
Parada.
-Quer me ver morto, entra na fila.
-Não acho que seja culpado. Perdoe meu irmão. Ele está nervoso e não sabe o que diz.
-Como vou conseguir perdoar uma pessoa, seu eu mesmo não consigo me perdoar.
Me desprendo da parede.
-Eu acredito em você.
Ela solta com uma voz tranquila.
-Não deveria..
Saio com as mãos no bolso.
Acompanho o corpo até o IML.
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IRMANDADE
Roman d'amourÉ continuação da obra "Eu não sou ele!" e também a fase final de toda a saga. A história gira em torno das gêmeas karen e karina. E sobre os mistérios por trás da organização de assassinos a "Irmandade", liderados por Lambret Kaiba. Eiri terá que re...