Irie
"Essa porra é meu irmão?".
"É muita sacanagem comigo".
"Puta que paril. Porque ele? Justo esse...essa..essa coisa ai".
"Eu não mereço isso".
"Minha família já é desmiolada, agora isso?".
Frustrado fecho a porta de meu quarto ponho meus fones e me sento a frente do computador.
No dia seguinte estou na escola nova.
Cheio de dementes e patricinhas.
Fico ao fundo, de capuz. Com fone por dentro da blusa. Para não escutar conversinhas e ninguém vir me perturbar.
A cadeira é pequena para minhas pernas. Então sento de lado.
No término da aula, percebo que minha tentativa de interação com outras pessoas, não evoluiu merda nenhuma. Meu nível social é zero.
Fora as meninas acéfalas que só sabem falar de macho.
Ao sair, vejo uma japa com o cabelo meio rosa pink, e roupas parecidas como as de minha mãe.
"Não acho zuado quem gosta de kpop eu só...não me vestiria feito uma gótica fofa".
-Ai! Você é o cara que já tá aqui a um mês mais ou menos?
-É..
-Tem um cara te esperando numa moto.
Eu franzo o cenho.
Olho para a mesma direção que a pucca Lgbt.
-Ah fala sério..
Caminho bufando.
Coloco o capuz e ponho meu fone no último volume.
Passo por um grupo de meninas e infelizmente ainda consigo escutar as piadinhas e recebo alguns assobios.
Escuto alguém apertar a buzina sem parar. E uma galera se irrita.
Tiro o capuz e olho para trás.
-Tinha que ser a bicha escandalosa.
Ash para de buzinar.
-Que porra você quer...( digo num tom baixo e irritado )
Ele me observa de longe.
O sol está infernal.
Vou até ele.
A japa chega primeiro, ela estende o punho a ash e eles se comprimentam com um soquinho.
Ash me posiciona um capacete.
Ela olha para nós animada e sai.
-Hoje sou eu quem veio te buscar.
-O que meu pai tá fazendo?
Observo a japa dar pulinhos e se juntar a uma galera que anda de skate.
-Tá na empresa resolvendo negócios.
Olho feio para ele.
-Antes de me xingar saiba que foi irina que mandou.
-Eu sei o caminho não preciso de ninguém.
-Calma adolecente revoltado, só vim ser a sua escolta.
Tomo o capacete dele.
Ash sobe na moto e eu seguro atrás, na garupa.
-Pode segurar em mim se quiser.
-Não. Valeu.
Ash revira os olhos.
-Como quiser.
-Vou precisar colocar gasolina, está bem?
-Tá! Que seja...
Ash sorri sarcástico.
No caminho tedioso, paramos em um posto.
Ele estaciona na sombra, desce da moto e compra uma água e um refri.
-Qual você quer?
Olho aprensivo
-Tira esse moletom tá calor! ( ele me ordena )
-Água. ( digo sem um pingo de paciência ).
Ash tira a jaqueta de couro preta e fica com uma blusa de banda.
Ele se afasta para fumar, e beber uma coca-cola.
-Achei que iria vir de cropped. ( alfineto )
-Sei como me portar em cada lugar e eu não queria chamar a atenção, irizinho. ( ele devolve )
Eu me escoro na moto com ranço daquele nome idiota e mando a água pra dentro do meu corpo.
Decido tirar o moletom.
Ash me olha de longe.
Minha blusa sai por completo deixando meus músculos a mostra.
-Quer ficar peladão?
Ash aparece em minha frente.
Eu assusto.
Suas mãos são geladas, porém delicadas, elas deslizam pelo meu abdomén.
-Olha só, é magrelo, mais tem gominhos.
Dou um tapa em sua mão.
-Eiiii! calma, sem estresse.
-Não toca em mim!
Boto minha blusa de volta.
Tento amarrar meu moletom á cintura, mas me atrapalho todo e isso resulta em estresse.
Ash desamarra e dá um nó firme.
Ele olha diretamente para as mangas de meu moletom.
Ash aperta forte o nó e no mesmo instante, minha visão vai para ele.
-Fica tranquilo eu sou limpinho, não vai se infectar.
Ele mostra suas mãos sarcásticas com unhas grandes e pintadas de preto.
"Ash é estranho e muito intrometido, ele se comporta bem e tem estilo, mas.."
A buzina de Ash me tira o foco.
-Vamos ou vai ficar ai sonhando?
Subo na garupa e em um pequeno deslize Ash põe minhas mãos em sua cintura.
"Isso não tá acontecendo!".
Chego até a garagem de minha casa.
Desço apressadamente.
-Sua chave..
Ash aponta para o chão.
"E eu não sei porque raios eu olhei".
Mas por um instante nossos olhos se econtraram.
Ele fica me encarando de cima, ainda na moto. Com pose de bad dass.
-Que merda... ( resmungo )
Levanto e ele me acompanha com os olhos.
-Vai caça outro! Para de me olhar como se quisesse...
-Te comer?
Eu ruborizo.
-O-o quê-ê?
Ele sorri e dá partida na moto.
Eu saio dali imediatamente.
Confuso pra caralho e com muita raiva.
Abro a porta e esbarro em uma menina com uma caixa enorme.
-CARALHO MEU!
-Ah desculpa, foi mal Kkkkkk
-Qual a graça pirralha do...
-Irie. Você chegou cedo hoje. ( minha mãe surgi em meio aquela situação ).
Passo contudo por cima das roupas daquela garota.
-Eiiii! ( ela me grita )
-Irie! Ajuda ela.
-Pra quê mãe? Ela que derrubou e além do mais ela não é alejada.
A menina sorri com a boca fechada. Recolhe as peças e põe na caixa.
-AJUDA, AGORA! ( minha mãe me grita )
-Táaaaa.
Me agaicho e ela dá um tapa na minha mão.
-Eu não sou alejada. Eu consigo.
"Filha da..."
"Espera, eu fiz isso com ash agora pouco"
A cena me vem á mente.
Balanço a cabeça para tentar dissipar as memórias e me deparo com algo curioso.
-Perai. Mãe.. essas roupas são suas?
-É. Idaí?
-Você está dando suas roupas para uma estranha?
-Ela é da família.
Levanto puto.
-Ajuda ela até o táxi, filho. Vai! E chega de perguntas, enquanto isso vou preparar alguma coisa pra comer.
Pego a caixa e a acompanho tentando ser um bom samaritano.
-Muito obriga..
Jogo a caixa contudo no chão antes que ela me agradeça.
-Hã?
-Vê se não vem mendigar mais nada pra minha mãe. Ouviu? E você não é da família.
-Você é um grosso sabia. E não te respondo mal por respeito a ela.
Bufo.
-Você deveria respeitar mais sua mãe, e honrar a tatuagem que você carrega.
-Como é? Sua suburbana.
-Que é ? Ficou surdo?
O táxi chega e ela me mostra o dedo do meio ao entrar.
-Vaca.
Volto pra dentro e passado algum tempo, minha mãe vem me dar lição de moral.
-Porque fez aquilo com a Manu?
-Manu?
-É. Coitada. Você a tratou como um cachorro pulguento. Não se trata ninguém assim, nem o seu pior inimigo.
-Ahhh eu tava sem paciência.
-E por isso tem que descontar na primeira pessoa que encontra?
-Tá bom mãe!
-Tá bom nada. Eu não te dei essa educação. A irmandade tá comendo seu cérebro igual um verme.
"Caralho quando ela começa num para mais".
-Vê se muda, viu! Porque se não você vai ficar sem ninguém.
-Eu não quero ninguém mesmo.
Meu pai entra e no mesmo instante a mesa cheia de comida vai ao chão.
Ela derruba tudo.
O jarro de suco vira em mim. E a tigela de macarrão com molho também.
-Eita... ( meu pai dá um passo pra trás )
Ele olha o garfo que parou no pé dele.
-Acho que eu não cheguei numa boa hora.
Minha mãe começa a chorar.
-INFERNO!
Ela joga o pano de prato e sai para o banheiro.
Meu pai nos observa severamente.
-Tenso..
Ele diz e vai até sua mesa onde tem uísque, coloca no copo e acende um cigarro.
Eu levanto furioso e chuto a cadeira na parede.
-Irie!
Olho para ele.
- Vamos lá pra fora.
Olho para meu pai que está sério e o sigo até a garagem.
-O que quer? Me esculaxar?
Ele só fuma e não diz nada.
-PAI!
-Relaxa meu!
Bufo mais uma vez.
-Porque me trouxe aqui?
-Não vou perguntar o que houve, só tenta se acalmar. Sua mãe está grávida, evite discutir com ela. Deve ser hormonal, ou sei lá.
-Tô cansado, só isso.
Olho para meu pai que está paisando.
-Como se mantém calmo? qual seu segredo? ( pergunto á meu pai, curioso )
-Acho que o cigarro, o uísque, a meditação, ignorar ajuda também.
"Sério isso?"
-Toma.
Ele me entrega o copo de uísque.
-Dá um gole, mais vê se não acustuma.
-Valeu..
Eu dou um gole e entrego pra ele.
Meu pai apaga o cigarro.
-Seja lá qual for o seu problema, resolva de uma vez. Porque problemas são como dívidas, elas se acumulam com o tempo. E vai ter uma momento que vai se tornar irreversível.
-Já aconteceu com você e com minha mãe?
-Talvez.
Ele sai de perto de mim.
-Espera você vai voltar com ela?
-A decisão não está comigo.
-Ela não será mãe solteira, eu não vou deixar!
-Você e luka serão pais melhores do que eu. Isso eu garanto.
Ouço um barulho de uma caminhonete.
-Você vai deixa-la é isso? Vai fugir do seu dever?
-As vezes eu queria que você nascesse mudo.
A caminhonete com farol alto, estaciona.
-Que caminhonete louca.. ( fico impressionado com o automóvel )
"De perto é muito maneira".
Vejo meu tio sair de dentro dela.
-Eai pirralho, cadê teu pai?
-Serve eu?
-Eiri yuki vem comigo.
-O que quer Adam? Socar a minha cara até se satisfazer. Tô achando que você curte um sadomasoquismo.
Solto um riso.
- Não tô aqui pra brincadeiras. Podemos dar uma volta? ( tio adam impõe )
-Não tô afim. ( meu pai responde levando aquilo como se não fosse nada )
Meu pai da as costas a meu tio.
-É sobre a kate.
Ele se vira para olhar Adam.
-Interessante. Aonde vamos?
Eu olho para os dois, que parecem se acertar com facas, através da troca de olhares.
Logo, meu pai sai com ele.
"Que porra tá acontecendo aqui?"
No dia seguinte, não durmi porra nenhuma.
Ajudei Isadora a comprar as coisas pro chá de bebê.
E com muito custo, pedi desculpas a minha mãe por ontem.
Na irmandade minha mãe está cada vez mais próxima de Lambret.
Não sei o que ela pretende.
Nas horas vagas, quando não tem provas, e estou de boa, meu pai me pega pra cristo. Me põe como jovem aprendiz de sua empresa. Fico lá por 3 horas mexendo em documentos e preparando as fichas de cada novato. Mando eles assinarem coisas e também registro-os para bater o ponto.
-Você quer que eu ocupe a mente?
Estou no refeitório com ele.
-Isso é pra você pagar o carro que Irina quebrou. Que você deu para aquela deliquente drogada. Aquela moça era horrosa.
-Pai?
-Tá legal. Desprovida de beleza.
Largo meu talher indignado.
-Muito sacana você.
-Enfim. Se você tem o dedo podre pro amor, o azar é teu. Nunca sofri com isso, afinal se eu não largasse elas, estariam todas aos meus pés agora.
-Como a tina?
-Isso não vem ao caso.
Solto ar forte pelas narinas.
-Bom, você vai conquistar seu próprio dinheiro. Esse lugar vai te ensinar muitas coisas. E até melhorar seu comportamento.
No final da refeição.
Percebo que a vida do meu pai é uísque e cigarro, ele não come nada da empresa. E nem o que oferecem a ele. Ele está sempre sério. Um homem de poucas palavras.
Ele também desfoca muito e na maioria das vezes está pensativo.
Levo uma pilha de papéis para outro setor assim como meu "chefe" manda.
Tina está linda hoje.
Ela é sofisticada e tem lindas coxas.
Quando estava no mesmo carro que ela, tive uma das melhores sensações de minha vida. Ela é gata demais.
Tina já me deu o toque para não confundir as coisas, meu pai também.
"Eu tenho uma queda por ela. Sei lá..é estranho o que sinto".
Tina vem até mim, pega meus papéis e me agradece.
"Eu seria facilmente manipulado por ela".
Quando meu pai passa pelo corredor, ela larga tudo para andar ao lado dele.
"Me sinto incomodado com isso. Mais por causa da minha mãe."
Eles estão separados mais não é oficial. Porém ele pode gostar de outra.
Vejo um velho cheio de seguranças sair do carro.
Pra vir falar com meu pai.
Eiri está exausto. Mas mesmo assim abre uma brecha.
Ouço a conversa por trás da porta.
Algo envolvendo casamento ou algo do tipo, é citado.
"Unificar empresas? Aliança?"
-Senhor poderia sair da porta por gentileza. ( uma secretária me descobre ).
Ela abre e eu pulo para o outro lado.
"Se meu pai me ver...tô fudido".
Eu, meu pai e ash estamos na lanchonete.
Ash nos conta sobre irmandade.
Mas meu pai o corta com outro assunto.
-Porque estava ouvindo minha conversa de trás da porta?
Eu sinto engolir espinhos.
-Eu estava passando por lá, só isso.
-E o que você, ouviu?
Ele me deixa incomodado com aquele olhar amedrontador.
-Proposta de casamento.
Ele da um gole em seu suco de laranja.
"Se meu pai soltar alguma informação é um milagre".
-Como eu disse minha empresa estava falindo..e eu vendi.
-VENDEU?
Ash me pede silêncio.
-Vendi pro senhor yukimura. Pertence a ele. Porém ele me deixou no comando por enquanto.
-Você disse que era uma aliança, um acordo. Pra facilitar no trabalho.
-Essa era a idéia. Tornarmos uma só. Só que depois que eu aceitei fazer parte disso, ele quis que eu casasse com a filha dele.
-VOCÊ NÃO ACEITOU, NÃO É?
-Da pra parar de escândalo? Eu não aceitei e a empresa foi vendida.
-Você foi passado pra trás? MENTIRA?
-Quieto.
Meu pai se recusa a olhar para mim.
-Eu posso ser demitido a qualquer momento.
-Como você caiu nessa?
-Ele estava desesperado pra não perder a empresa ( ash fala na frente dele )
-Humm.
-Pai o que você fará agora.
-Só tem um jeito de eu não perder tudo.
-Casar com ela? ( pergunto )
-Ou oferecer alguém pra se casar. ( o loiro diz como uma indireta )
-EU? FICOU MALUCO?
-Você não tem ninguém mesmo.
-Grr.. Vai sacrificar minha liberdade em nome da empresa?
-Sim.
Eu me levanto esbravejando.
-Seu...
-Calma irie.
-Calma? Esse ambicioso.. Perai você sabia?
-Eu ia te contar. ( Ash diz num tom sarcástico )
-Agora eu entendo quando minha mãe diz que é a última a saber das coisas.
-Daddy está tentando achar uma solução.
-É? Me vender pelo bem "DELE".
-Nosso Bem! ( meu pai exalta ).
-Você só pensa em si mesmo. Minha mãe tá grávida, entrou naquela organização horrosa por você.
-Ela entrou porque quis. Nunca pedi nada. ( ele se mostra indiferente )
-Ela sempre pois você em primeiro lugar de tudo.
-Chega disso.. Ok?
-O que mais você esconde?
-As vezes seria melhor ter te abortado.
Arregalo os olhos.
"Meu próprio pai negou a minha existência".
Minhas ameaçam lágrimas descer.
-SOME DA VIDA DELA, OUVIU, SOMEEE.
O loiro continua indiferente.
-Você não tem coração. Família não é nada pra você.. Se o jordan fosse meu pai...
Sinto a mão de meu pai no rosto. No mesmo instante em que solto aquelas palavras.
Eu caio da cadeira e a garçonete me ajuda.
-Não fale esse nome de novo.
-Se não fosse por ela, você já teria morrido a muito tempo e nunca seria feliz ou teria Família. ( digo com muito ódio na voz )
-Eu não preciso de ninguém ( diz meu pai convicto ).
-Agora eu vejo como somos parecidos.
-Eu em primeiro lugar, aceite isso de uma vez! ( ele impõe ).
Ash passa sua base em mim. No banheiro da lanchonete. Antes que minha mãe perceba o tapão.
Chegando em casa. Vou para meu quarto. E não há perguntas até então.
Mas sou surpreendido por uma garota que está no meu quarto.
-O que faz aqui?
-Ah é você de novo..
-Posso saber que merda você tá fazendo aqui?
-Achei bacana esse quarto e decide entrar.
-Manu sai daqui!
-Olha só.. Decorou meu nome.
-Sai!
-Qual seu lance com meu tio?
-O quê?
Ela sorri.
-Ele ainda gosta do luka então não tente separar os dois.
-Ohhh louca? Toma cuidado com o que você fala. Eu não tenho nada com ele.
Ela ri.
-Se meu tio aceitar fazer algo com você é para tampar o vazio do outro. Em outras palavras você é só um tampa buraco.
"Essa garota".
-O que quer?
-Respeito. Ou eu abro o jogo para o luka, seu pai e companhia.
Engulo seco.
"Vaca".
Ela repõe o objeto que pegou de volta a minha pratileira de action figures.
Mais tarde ligo para Ash. Ele tinha me convidado para ir na casa dele. Caso se eu não quisesse ver a cara de meu pai.
-Ash? Posso ir pra sua casa.
"O que deu em mim".
"Desfaz, desfaz.."
-É você mesmo ou um alien que dominou seu cérebro?
-Sou eu.
"Desmarca porra, fala que foi engano".
-Sem problemas quer que eu te pegue?
-Eu sei o caminho.
"O que eu tenho na cabeça?"
Bato em sua porta e ele abre com música alta, uma fumaça estranha, pessoas bebendo, fumando narguilé. E seu cheiro insuportável de acetona.
Eu olho para Ash. Indeciso.
-Entra. A casa é sua.
As pessoas me recebem bem.
Umas jogam cartas. Outras bebem no gargalo e riem.
-Eu tô bêbado só de sentir esse cheiro.
Ele ri.
-Mais tarde eu vou pro treino de patinação, quer ir?
-Quero.
"Quê? Não!"
-Ótimo.
Olho em volta e Ash me chama.
-Fica a vontade esse é meu quarto.
-Porque tem tanta gente aqui?
-Eu alugo pra festas.
Eu ergo uma das sobrancelhas.
-Resumindo ganho em cima deles. ( ele diz fazendo cachinhos na franja )
Vejo duas drags sairem de lá.
Ash volta a fazer baby liss na franja.
-É normal esse entre e sai?
-Normal. São minhas manas.
Resmungo.
-Foi mal por esse cheiro. Eu estava fazendo as unhas.
-Tudo bem.
Vejo alguns passaports na cômoda.
Quando estou perto de pega-los, Ash surgi na frente.
-Pronto. Vou fazer uma torta de limão. O que acha? Sei fazer yakisoba também, quer ir pra outro lugar..
Ele recolhe alguns papéis e coloca em sua gaveta junto com os passaports.
Ele desliga o babyliss da tomada.
"É claro que ele tava de saída".
Ash abre um vinho e coloca em duas taças.
-Tem vinho no guarda roupa?
-Meu esconderijo secreto.
-Não! Eu não posso beber minha mãe me mataria.
-Ahhh sem drama vai. É só uma tacinha, que mal tem? Eu me responsabilizo por você.
Ash enche minha taça e em poucos minutos, eu vou para terceira e a quarta taça.
Vejo o celular dele vibrar.
-Não vai atender?
Minha voz sai um pouco grogue.
-Não é importante.
Toca mais uma vez.
-Alguém quer fazer chamada de vídeo. ( aponto com a taça para o aparelho )
"Um velho? Minha visão não está tão ruim assim".
Ele coloca uma mecha de cabelo para trás.
"Parece preocupado".
O celular vibra pela sétima vez.
Ele desliga.
-Bom vou pro treino.
-Mas você não tá bêbado?
-Não. Eu tô de boa. Quem não tem costume é você.
Ele chega a sala e avisa ao pessoal.
-Galera o ap é de vocês, ok? Depois vocês limpam tudo.
Vejo duas mulheres de mãos dadas indo para o quarto.
-Meu..deus.
Ele me puxa.
-Anda! Para de reparar nas coisas eu hein.
Ele vai até o carro.
-Não acredito que seu carro é rosa?
-Eu que mandei pintar, lindo né?
"Que ranço".
Entro.
-Vai deixar as pessoas transarem na sua cama?
-Vou. Depois eles limpam.
-Que nojo.
"Meu deus como ash consegue dirigir depois de uma garrafa de vinho e com essas unhas enormes?".
Ele se vira para mim e sorri, sereno.
"Ash tem lindos olhos verdes limão. E com lápis preto parece que realça ainda mais. Sua sobrancelha cortada e sua lateral do cabelo raspado. Deixa tudo mais charmoso. "
-Nossa..
-O quê?
Ele se vira pra mim.
-Eu penso demais vezes..
-Por isso você é meio caladão.
Ash da partida.
"Ele tem mania de usar babyliss na franja e um coque no cabelo. Só não sei poque escolheu o verde para pintar o cabelo."
-Você é lindo.
-Hein?
Eu travo na hora.
Ele ri.
-Esquece. É o vinho..
-Sei.
Ele ri mais uma vez e solta:
-Você também é.
No treino de patinação. Vejo meu pai.
"Era planejado, como eu sou burro."
Ash coloca os patins e vai treinar a coreografia que meu pai o ensinou.
-Pentacampeão? Quem te viu quem te vê.
Meu pai fica mudo.
Vejo Ash dar saltos com uma música estilo cigano, tocar.
"Ash é muito bom".
Umas 5 meninas com cartazes vem gritar.
"Gatinhas tóxicas?"
-Que porra de nome é esse.
-Mais respeitos com minhas fãs. ( finalmente o mudo fala )
-Elas são loucas.
-Deixa.. Não me importo.
Passo a mão pelo rosto. Ao sentr num banco.
-Tá melhor que ontem..o vermelho sumiu.
-Pai! Se for pra se redimir eu tô caindo fora.
-Não me arrependo do que eu fiz, você mereceu.
-Quê?
-Eu deveria ter batido mais.
As meninas gritam tão alto que me deixam surdo.
Mas meu pai continua pleno, com seu cachecol azul e seu sobretudo preto, com as mãos no bolso.
-Tá assustado? ( ele pergunta )
Eu o olho.
-Mesmo não sendo a Irina. Elas ainda me dão valor.
Eu olho para elas. Que estão estéricas.
-Você quer saber o que tanto me preocupa?
Eu fico em silêncio.
-É não saber o que farão com vocês depois que se livrarem de mim.
Ash da um salto duplo.
As meninas aplaudem.
-Ah..
Minha voz não sai.
"Ele não prepara a gente pra uma coisa dessas".
-A irmã do ash só tem uma semana de vida, a gravidez da katharina é de risco. Em menos de dois meses serei avô. Estou praticamente falido. Vendi minha empresa. Preciso treinar o ash pro grand prix mundial. E seguir vivo na irmandade. Fora que existe uma fila de gente que quer me matar.
Fico boquiaberto.
-Me julgar é fácil. Quero ver você estar no meu lugar e aguentar tudo calado.
-Você tem o negócio da Família. Não tem? Lá..dos seus pais.
-Todos de quem você está falando. Estão mortos.
Eu arregalo os olhos.
-Eu os matei. Em nome da irmandade.
-Quê? Pai...
As meninas continuam empolgadas, mas não nos escutam.
-Eu disse a você irie: Se preocupe com você, viva por você, lute por você e morra por você. É isso que precisa fazer.
-Isso é puro egoísmo.
-Não. A pior coisa do mundo é criar laços. Isso te atrapalha, te atrasa, te deixa vulnerável e sem escolha.
-Pai.. Como Você tem coragem de dizer uma coisa dessas?
-Família é a coisa mais sagrada que um ser humano pode ter.
-Mais pra mim..é a mesma coisa de cavar a própria cova.
Fico abismado.
-Eu só não queria sofrer..
Ash nos reverência.
Ao fim de sua apresentação.
-Lindooooo! ( elas gritam )
-Eu me odeio pelo que fiz com eles ( meu pai que antes se achava o tal. Baixa a guarda bem na minha frente )
Eiri parece perdido em pensamentos.
Ele olha pra mim de relance e sai.
-Pai.. Porque você os matou?
-Antes eles do que vocês. E era a minha missão.
Sinto um frio percorrer pelo meu corpo.
Ele some mas depois de minutos ele retorna. E da autógrafo as meninas que estavam ali.
Umas continuam gritando e outras choram de emoção.
Uma delas aperta sua mão e diz que o ama.
Ele apenas acena com a cabeça.
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IRMANDADE
RomanceÉ continuação da obra "Eu não sou ele!" e também a fase final de toda a saga. A história gira em torno das gêmeas karen e karina. E sobre os mistérios por trás da organização de assassinos a "Irmandade", liderados por Lambret Kaiba. Eiri terá que re...