15. Todos temos segredos, meu anjo

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Remexo no prato da comida sem vontade qualquer de colocar um pouco à boca. Sinto-me incompleta. Nos meus sonhos apenas Luke aparece. Por vezes são pesadelos e neles eu vejo-me fechada num caixão onde ele me tenta salvar, mas na verdade nunca consegue, porque vai ser sempre assim. Ele vai estar sempre perto de mim, sempre a tentar salvar-me, mas não vai conseguir.

"Já passou quase um mês, Lola!" Gritou Ashton, batendo com as mãos na mesa, fazendo com que os talheres, pratos, copos, saltassem. Bem como eu. "As pessoas queixam-se que tu não fazes nada!"

"Eu não tenho nada para fazer." Revirei os olhos.

"Tens sim. É o teu trabalho, e sem esforço nenhum! Apenas tens de dar o cu para os homens." Levantou-se da cadeira, e cercou-me com o seu corpo, sussurrando contra o meu cabelo, fazendo-me arrepiar de nojo. "Oh, querida. É tão inconveniente apaixonares-te quando és tão nova! Já chega, esquece o Luke. Aquela coisa horrorosa."

"Horroroso és tu! És nojento, controlador! Eu quero a merda de um espaço para mim e tu estás sempre lá! Foda-se!"

Ashton riu, colocando o seu cabelo comprido para trás e seguidamente arranjando a gravata. Puxou-me pelo pulso e trouxe-me contra o seu peito. Contorci-me tentando-me soltar, mas ele era forte. Terrivelmente forte.

"Ouve-me, chavala. Tu és uma puta. É o teu trabalho. Uma vez puta, sempre puta. Não tens volta a dar. Por isso é bom que te conformes com isso, ou vais sofrer." Gritou-me aos ouvidos. "Deixa essa porra do amor e paixão. Tu não podes amar ninguém. És uma puta. Deixa de pensar naquele filho da puta do Hemmings. A esta altura ele já tem outra, como sempre."

"Deixa-me em paz!"

Com uma força súbita, vinda dos anjinhos talvez, eu consegui soltar-me. É verdade quando dizem que quando estamos nervosos a coragem e a força vêm de onde menos esperamos. Corri para o meu quarto. Aquela coisa que ainda hoje me assusta, mas por via de comprimidos eu consegui começar a dormir direito. No mínimo.
Ashton obrigou-me a toma-los, e o meu desespero de querer dormir e não poder, manifestou-se, então eu aceitei.

"Isso! Vai para o teu quarto." Gritou. "Aproveita e arranja-te. Tens um serviço daqui a uma hora."

Encontrei-me a deitar a mão à primeira coisa que vi. Era uma jarra que estava no corredor do meu quarto. Peguei nela e atirei-a para até à entrada da porta da sala, onde Ashton estava. Entre gritos e choros afónicos eu disse-lhe que o odiava e essa é a única verdade.
Foi ele. Foi por causa dele que eu fiquei sem o Luke e já se passou um mês e eu continuo aqui, desolada.
Nunca soube o que era estar apaixonada por algo, sem ser por paisagens ou objetos. Mas por alguém... é difícil esquecer. É muito mais do que se fosse por simples objetos. Simplesmente arranjas uma maneira de os substituir se eles partirem, ficarem estragados, e com pessoas... é totalmente o contrário. Tu tentas todas estas opções mas nenhuma resulta e porquê? Porque estás envolvida em algo que tenha um coração, personalidade, algo que fale, que te faça sentir.

Entro rápido no quarto e tranco a porta quando vejo Ashton a dar passos grandes, tentando-me alcançar, zangado por eu lhe ter partido a jarra. Provavelmente ele devia ama-la, então ele vai ter um pouco do gosto do que é perder algo que amamos. Ainda por cima que ele é possessivo, somítico. Mas não posso dizer muito sobre isso, porque uma coisa não justifica a outra e não é por ele ser dessa forma que o vai fazer saber amar.

Dirijo-me à mesa-de-cabeceira castanha que está ao lado da cama e do bolso da minha saia eu tiro a chave. A chave me que dá acesso ao meu maior segredo. Se Ashton soubesse matava-me. Da gaveta tirei um telemóvel. Fiquei a olhar para ele durante uns segundos, e depois disso tirei o pequeno papel que estava antes por baixo.

DADDY'S FAVORITE •  L.H • 1ª VERSÃO (NÃO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora