22. Se tu continuares, eu não resisto

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"Acho que vou estacionar aqui." Michael apontou com o queixo para o meu lado direito, onde estava lá um motel. Franzi a sobrancelha, olhando-o de lado. "O que foi? É a única coisa que ha aqui perto e eu estou a morrer de cansaço. Amanhã continuamos a procurar. Não tens de ficar necessariamente na mesma cama que eu. Posso dormir no chão."

Sentei-me aliviada quando ele disse aquilo. Encarei o horizonte, respirando fundo. Ele parou o carro e então eu sai um pouco depois dele. Michael passou rapidamente para dentro do motel, pois estava a chover. Eu tentei ir rápido também, mas era-me impossível, pois cada passo que eu dou tropeço em algo. Cheguei lá dentro molhada.
Michael encarou-me e riu-se de mim.
Fitei-o com um olhar sério. Ele parou de rir.

"Boa noite." cumprimentou o recepcionista com um sorriso.

"Boa noite. Queríamos um quarto. Há quartos com duas camas?" Michael falou.

"De momento não." disse o homem em tom de lamento. "Apenas com uma. De casal."

"Ok, eu durmo no chão." segredou-me. "Pago já, assim de manhã vamos logo embora."

Ele tirou umas notas da carteira, deixou em cima da mesa e assinou um livro qualquer que o recepcionista pediu. Este seguiu caminho à nossa frente, levando-nos até ao nosso quarto destinado.
Quando lá entramos e o homem foi embora, atirei-me para cima da cama, e descalcei-me.

"Não tenho roupa para dormir." Murmurei quase a babar-me, de olhos fechados prestes a entrar no sono. Estou tão cansada.

"Dormes com a minha t-shirt. Eu posso dormir sem ela."

Ele despiu-se e atirou a camisola para cima da cama. Abri um pouco os olhos e vi-o apenas de boxers. Levantei a cabeça e virei-a para o lado direito, ficando a olhar para ele.
Levantei-me também. Virei-me de costas para ele e tirei a minha roupa, vestindo a t-shirt dele que parecia ajustar-se ao meu corpo como se fosse um vestido.

Abri a cama e deitei-me. Michael tirou de um armário uns cobertores e uma almofada que deixou no chão. Arranjou-os de forma confortável e deitou-se sobre eles.

É engraçado como agora o meu coração bate tão depressa e não me deixa adormecer. Olhar para o teto e para as paredes tornou-se num passatempo ultimamente. Revirei-me na cama vezes e vezes seguidas. Tirei os lençois de cima de mim. Cobri-me novamente. Tirei os lençois. Não estou bem de qualquer maneira.

"Mike?" Chamei em tom baixo caso ele estivesse de facto a dormir não acordasse.

"Sim." Ele respondeu pouco tempo depois. Ele não estava a dormir.

"Onde estamos?" Questionei.

"Num motel." Gargalhou.

Levantei-me e virei-me de barriga para baixo, desta vez para os pés da cama, onde Michael estava no chão. Franzi-lhe a sobrancelha e ele encarou-me. Riu-se de mim.
O seu cabelo estava despenteado e ficava-lhe tão bem. A sua expressão de criança feliz deixava-me alegre. Pelo menos alguém estava minimamente bem no meio disto tudo.

"Manhattan." Ele disse, sentando-se.

"Achas que o vamos encontrar?" Baixei o rosto.

Michael não ousou responder. O clima entre nós estava tão esquisito. Tão distante. Tão fora de nós. Eram assim as coisas? Quando aquilo que queremos não é correspondido? Ficamos entre uma espada e uma parede, sem ar, sem vida. Quero voltar ao normal com ele e está a ser tão dificil.

"Vou dormir." Disse-lhe passado pouco tempo. "Até amanhã."

Nem me deram tempo para deitar, quando o telemóvel em cima do móvel da televisão, bem em frente a mim e Michael, começou a tocar. Ambos corremos. Ele foi o primeiro a alcançar o telemóvel e por instinto eu pus a mão por cima da dele, para tentar ir busca-lo. Queria ser eu a atender. O meu coração disparou, por dois motivos. Pela chamada e pelo contacto que tive com Michael. Agora o minimo toque era esquisito.

DADDY'S FAVORITE •  L.H • 1ª VERSÃO (NÃO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora