Já era de esperar que eu fosse ceder a este homem que está aqui há minha frente a suplicar para me dar explicações. Como é que dava para não querer saber das respostas às perguntas que ele me criou na cabeça?
Cruzei o vestíbulo e pela entrada do quarto dele passavam um grupo de cinco raparigas em langerie, com copos de bebidas nas mãos, que rapidamente quando me virão com o Mr. Hemmings, desataram a fazer cometários aos quais ouvi um género de: "Esta deve ser a preferida." "Já a vi aqui a noite passada." "Aposto que a anda a comer." "Ela parece ser tão nova." "Não lhe dou mais de 16.""Estou desconfortável aqui." Segredei a Luke enquanto este abria a porta.
"Não tens de estar." Ele olhou para elas, matando-as lentamente e dolorosamente com o olhar. "Elas queriam todas estar no teu lugar."
"Que lugar? Eu não tenho nenhum lugar aqui, nem contigo, nem nesta casa. Não pertenço aqui." Entrei primeiro que ele, deitando-me logo na cama.
Estes lençóis frios, arrepiaram o meu corpo quando entrei em contacto com eles. Aconcheguei-me. Arranjei uma posição. Nada servia.
Luke deitou-se ao meu lado e fez-me um gesto que permitiu entender que ele queria que me deitasse sobre os seus braços, sendo envolvida nele. Sendo envolvida pelo seu cheiro e pelas suas palavras.
Aquela cama, aquela maneira, aquela posição, traziam-me recordações de ontem.Afastei-o. Cheguei-me para a outra extremidade da cama e rezei para não cair desta a baixo. Luke ficou hesitante. Arranjou uma posição para colocar os braços, e eis que os cruzou. Mastigou umas palavras antes de começar a falar, e por fim disse: " Não estava à espera de te contar o que vou contar a seguir, até porque tu és tu e Lola, queiras ou não és frágil."
"Deixa isso Luke. Quanto mais depressa eu te ouvir e adormecer, mais cedo me levanto amanha e assim não tenho de ver mais a tua cara, como me pediste." Engoli em seco. Custou-me a dizê-lo.
"Quem me dera não ter de despedir-me assim de ti Lola." Luke afagou o meu rosto carinhosamente. Eu queria fugir, e eu não conseguia. Mas o toque dele reconfortou-me, mesmo depois de tudo. "Despedir-me sentimentalmente, depois de tudo aquilo que eu te mostrei sobre mim." Recuou. Hesitou. Mudou outra vez. "Porque raio fui eu abrir-me com uma rapariga de doze anos?" Murmurou. "Já devia saber que isto não resulta."
Noto na forma de respirar e de contrair as mãos, deixando os nós dos seus dedos vermelhissimos que tudo isto o está a perturbar. Não pedi nada a Luke, mas no fundo fico a pensar que, será que lhe pedi demasiado?
Provavelmente toda esta minha curiosidade súbita sobre querer saber sobre o futuro, fê-lo ficar doido até aos limites. E eu pensava que ele estava habituado, e ia ficar minimamente feliz com isto, porque eu parecia estar a aceitar, mas a verdade é que eu não estou e Estraguei tudo por isso.
Estraguei porque o quis ver feliz no meio daquela tristeza, porque era isto que ele queria. Ele queria algo vindo de mim e eu queria dar-lhe algo. Ninguém merece morar na solidão e na tristeza. Ninguém merece não ter nenhum tipo de prazer, para além do sexo. E reparando bem eu só lhe estava a dar esse único prazer e eu Estraguei tudo, porque pensei que ele podia mudar. Mas como quero eu fazer alguém mudar se nem sequer conheço o seu interior? Tudo o que ele me disse e no pouco espaço de tempo que isso foi feito não bastou, embora ajudasse, porque creio que este mundo está demasiado degradado para haverem pessoas como ele, que falem com uma criança como eu. Por isso ele pensa que errou.
Será? Será mesmo que ele errou ao falar comigo? Será que eu não tenho valor nem sentimentos suficientes para o saber ouvir? Ou talvez ele queira alguém que o entenda e isso nunca vai acontecer comigo, porque eu sou eu e eu tenho treze anos."Não sei como te dizer que sou a pior pessoa neste mundo ao querer que passes pelo mesmo que eu passei." Ele apenas disse, e eu pensei que tinha sido o fim.
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DADDY'S FAVORITE • L.H • 1ª VERSÃO (NÃO EDITADA)
Fanfiction- Estás a ser má. Onde está essa inocência, anjo? - Tiraste-ma ontem, papá.