18. Achas que o deva fazer?

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"Estamos aqui à duas horas e ele ainda não chegou." Michael revirou os olhos, cansado de esperar, enquanto estávamos sentados na zona de restauração.
Era esquisito o facto de Luke ainda não ter chegado, nem muito menos ter respondido à mensagem que eu lhe tinha mandado. Ainda assim eu estou aqui à espera porque sei que ele vai aparecer.

Olho para todos os lados, admirando a liberdade e a felicidade das pessoas que aqui se encontram.
Mexo-me na cadeira de forma nervosa, mostrando a Michael que estava preocupada.

"Calma, ele vai aparecer." reconfortou.

"Eu sei que sim." murmurei. "Acho que ele não ia perder a oportunidade de estar comigo. Não sei."

"Tenho a certeza que não. Pareces ser uma miúda adorável."

Ele passou a mão pelo meu braço e eu apenas lhe sorri. Estou confortável aqui. Nunca tive alguém que me acompanhasse ao shopping, nem muito menos me reconfortasse quando eu estava em baixo. Sinto que já conhecia Michael há anos. Como se tivéssemos crescido juntos, pois ele parece ter uma mentalidade tão mais jovem do que aquilo que é, mas também tão serio quando tem de o ser.

E era esquisito eu estar assim com uma pessoa que me tem de controlar por obrigação.

"Como foste parar a casa do senhor Ashton?" Ele perguntou, puxando assunto, enquanto o silencio se apoderava da nossa conversa.

"Não é algo de que eu goste de falar." Encarei-o, e visto isto ele recuou com a cabeça, fazendo uma expressão engraçada. Ri-me com aquilo. Ele estava a pensar o pio. E isto era o pior. Por isso ele está no caminho certo. "Eu fui vendida." Comecei. "Pela minha mãe."

"Vendida? Ao Ashton? Vendida para quê?" Michael perguntou, bastante atrapalhado.

"Não. Eu não fui vendida ao Ashton. Eu fui vendida ao Luke. Para a minha mãe comprar droga." Expliquei. "Por favor, não contes a ninguém. Estou a confiar em ti. Acho que preciso de alguém para falar."

"Não tens de te preocupar. Também não tenho ninguém com quem falar." Baixou o rosto, embora com um sorriso. Um sorriso de magoa. "Então..." Levantou o busto. "Foste vendida ao Luke... Prostituição?" Questionou, um tanto chocado ainda que não soubesse a resposta.

"Sim. Mas eu nunca me prostitui, enquanto estava com ele. Talvez porque eu tenha estado pouco tempo, ou talvez porque ele nunca tenha querido isso." Explicitei.

"Então..." Aclarou a voz. "Tu estás apaixonada pelo homem que te comprou?"

"Sim."

"Desculpa pelo que te vou perguntar a seguir." Ele parecia incomodado com a situação. Recostou-se na cadeira e continuou: "Ele alguma vez te agrediu? Abusou de ti? Sei lá, acho que nesse tipo de casas fazem muito isso."

"Sim... Ele... ele fez uma vez. Mas é complicado. Ele não o queria fazer. "

Voltar atrás no tempo, ao passado, é tão complicado. Começo a entender tão bem como Luke se sentia quando me contou tudo aquilo que ele passou. Começo a entender a dor. Foi passado, mas ele parece voltar cada vez que se toca no minimo detalhe dele.

"Nós nunca queremos fazer as coisas depois de termos visto as consequências." Murmurou. "Mas, de qualquer forma, tu ainda gostas dele?"

"Sim."

"Como a sindrome de estocolmo?" Perguntou.

"O quê?"

Para mim, tudo aquilo que ele tinha dito era chinês. Eu realmente não entendi o que ele estava para ali a dizer, e expressei-o com uma cara estúpida qualquer que me saiu na altura.

DADDY'S FAVORITE •  L.H • 1ª VERSÃO (NÃO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora