05. Voltaste a ser uma má menina

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O senhor trouxe-me para o quarto outra vez, mas agora pediu-me para esperar por ele. Tenho a perceção que ele está a demorar algum tempo, mas eu não sei as horas; os minutos. Não tenho um relógio aqui.
Uma mala cheia de roupas estava ao meu lado. Ela chamou-me a atenção porque eu sempre fui muito curiosa e visto que eu não tinha mais nada para fazer aqui, nestas quatro paredes que me assustavam profundamente, eu fui sentar-me no chão perto da mala. Comecei a tirar peça a peça de dentro dela.
Haviam muitos pares de roupa a combinar iguais ao que eu tinha vestido hoje. Muitas ligas para as pernas e pescoço. Saias com folhos. Tudo muito arrojado. E eu continuo com medo de estar aqui, pois já me começo a entender o que isto seja.
Nunca tive nenhuma entrada no mundo do sexo, embora com a idade que tenho, seja muito habitual o começo da introdução do sexo, como por exemplo nas escolas. Os colegas com malicia e porcarias na cabeça, mas eu nunca fui disso. Nunca fui de me meter com ninguém, nem de explorar a minha sexualidade. Tenho doze anos, não o devia fazer, nem muito menos estar a ser obrigada a fazê-lo como está a acontecer com este senhor.

"Vejo que és muito intrometida, querida." Sussurrou-me ao ouvido, aparecendo inesperadamente por trás de mim.

"Vou ter de usar isto?" Perguntei em choque. Eu ainda estava em choque, sim.

"Claro." Em cima da cama ele deixou um tabuleiro com comida para mim. Ele não queria que eu convivesse com as outras raparigas que anteriormente estavam na cozinha. "Come."

Estiquei o braço e tirei um pedaço de pão do tabuleiro. Estou de costas para a porta grande de madeira e de frente para a janela, esta que tinha as precianas fechadas, criando ainda mais o efeito de escuridão naquele quarto, visto que também este e tal como o do senhor, eram em tons escuros, principalmente vermelho.

"Lola." Chamou-me. Senti arrogância na sua voz rouca e grossa. Olhei para trás. Para ele. "Queres isto?" Perguntou.

Nas suas mãos estava o meu peluche. Mr. Lee. O peluche que eu tenho desde bebe, e que foi o único que sempre esteve lá para mim nos meus momentos de escuridão, pelos vistos vai continuar aqui. Ainda bem. Foi a única alegria desde que cá cheguei.
Levantei-me num ápice e saltei para apanhar o Mr. Lee. O senhor levantava-o cada vez mais, incapacitando-me de lá chegar.

"Por favor." Supliquei com a minha voz fina.

"Terás de fazer aquilo que eu quero." Olhou-me maliciosamente.

Atirou o ursinho para o outro ponto do quarto, bem para as pernas de um móvel alto com as portas de vidro. Neste também havia uma coleção de brinquedos que o papa tinha no seu quarto. Iria ser desconfortável e assustado dormir aqui com isto, mas afinal, eu vou dormir de olhos fechados. Não vou ver aquilo.

"Eu não quero fazer aquilo que tu queres!" Gritei.

Nunca o havia feito com ninguém. Nunca me havia enervado com ninguém, porque também não tinha ninguém com quem o fazer.
A minha mãe ignorava-me maior parte do tempo, e eu também não tinha amigos. Acho que preferia não os ter, embora sentisse falta de algo. Talvez venha dai a minha exagerada inocência, como este senhor assim apelidou.
Recuei enquanto ele se aproximava. Ergui as minhas mãos para separa-lo de mim.

"Oh, essa atitude." Grunhiu. "Foste uma menina má agora." Alcançou-me. Mais uma vez a força do seu corpo deitava a minha abaixo, desvalorizando-a por completo. "E sabes o que eu faço às más meninas?" Colocou-me uma madeixa do cabelo por trás da minha orelha.

Pegou-me ao colo, prensando-me entre o seu corpo e a parede castanho-escura fria. Soltei um braço, que estava ao redor do seu pescoço, e puxei a cortina atrás de mim com força, desprendendo-a do barão e deixando-a cair por cima de nós.

DADDY'S FAVORITE •  L.H • 1ª VERSÃO (NÃO EDITADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora