⚠️NÃO É UMA FIC SOBRE LOBOS⚠️
✨FINALIZADA ✨
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"Contos de fada não existem. E, se existissem, com toda certeza, o príncipe não seria eu."
Existe uma linha tênue que diferencia o bem do mal, mas quando se faz o mal em nome do bem, isso é visto...
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"Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado." ⁓✿ Friedrich Nietzsche
Lá está ele. Sentado no mesmo lugar, próximo à janela, observando a rua enquanto bebe o seu café, seu reflexo é refletido pelo vidro, sua fisionomia séria aparentando estar insatisfeito com alguma coisa.
Uma mecha negra cai sobre os seus olhos e, num movimento inconsciente, ele remove a mecha indisciplinada. Seu celular deve emitir alguma notificação, pois ao olhar a tela cerra os dentes pondo em destaque a mandíbula marcada. Certamente não foi uma boa mensagem.
Continuo admirando seus traços, seu nariz reto, lábios pequenos e olhos escuros que escondem segredos. Os cabelos negros e grossos, um pouco compridos, com as pontas se enrolando atrás da orelha. Este lugar não combina com ele, tudo parece muito simples perante sua presença imponente, mas não estou aqui para julgar nenhum cliente.
Qual será sua profissão? Advogado? Não, muito simples. Policial? Hum, talvez... não, ele tem perigo estampando por todo o rosto. Empresário? Também não. Acho pouco provável que fique atrás de uma mesa o dia inteiro.
— Viu quem está aí? — Suzana meneia a cabeça em direção ao nosso cliente. — Seu lobo mau. Ele só vem aqui para te ver.
— Eu não sei do que você está falando. Não tenho nenhum lobo mau. Ele não veio me ver. — Continuo a passar um pano úmido sobre o balcão, tentando manter encoberto que, a poucos segundos atrás, eu estava num debate interno sobre qual profissão nosso freguês misterioso se encaixava.
— Ah, por favor! Liz você não engana ninguém. Ele senta sempre na sua área, e de lá tem um ótimo ângulo para te admirar. E isso já tem quase 7 meses, Liz. Realmente acreditou que eu cairia nessa sua conversa mole? — Suspira ajeitando o avental — De todo o jeito, se você continuar a limpar esse balcão, ele virará um espelho.
— Eu só estou fazendo o meu trabalho. Aliás, para a sua informação, já terminei. — Passo por trás dela, indo para a cozinha.
Lobo mau. Assim que Suzana o apelidou. Sim, ele tem vindo há 7 meses, pede o mesmo café e senta na mesma mesa. Não que eu já tenha tentado falar algo além de um "bom dia, boa tarde ou boa noite" com ele. Seus olhos negros transmitam toda esta aura de dominância, ou pelo fato de sua seriedade não abrir espaço para uma conversa.
Atravesso as portas duplas de vai e vem com uma placa vermelha que diz "somente funcionários" e vou até a cozinha. David, meu outro colega de trabalho, está no meio de uma conversa acalorada com nosso chefe, Milton, mas de onde estou não é possível ouvir sobre o que é falado.
— Não quero atrapalhar ninguém, só vim tirar o lixo. — Interrompo ambos. Os dois olham para mim.
— Não atrapalha, Liz. — David me dá um meio sorriso, como se fosse um pedido de desculpas. O clima entre eles está um pouco tenso, contudo, sigo o meu caminho até as grandes lixeiras, retirando os sacos, e os carrego até a caçamba que fica do lado de fora, encostada na parede do beco.