|37|⊱ Dedo podre

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"A vida tem cada vez mais obstáculos, principalmente quando se está apaixonado

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"A vida tem cada vez mais obstáculos, principalmente quando se está apaixonado..."

⁓✿ William Shakespeare

— Você já foi feliz alguma vez em sua vida? — Encaro a mulher deitada nua no meu peito.

A cada frase dita, meu peito parecia ser espremido com tal brutalidade que o ar não conseguia chegar aos meus pulmões. Eliza já passou por tanta merda, mas permaneceu boa, seguindo as regras e se tornando uma cidadã sem levantar qualquer suspeita para suas atitudes.

Já eu...

— Teve uma vez — ela ajeita a cabeça no meu peito. — Eu devia ter uns 4 ou 5 anos. Lembro que naquele dia o Jonas não estava em casa... acho que foi visitar algum parente, não sei ao certo. Minha mãe ficou brincando comigo o dia todo — suspira profundamente, perdida em suas lembranças.

— A gente ria e sorria. Minha mãe fazia cócegas em mim; nós dançamos, pulamos e comemos um monte de porcaria que criança adora — olho para baixo bem a tempo de ver um sorriso despontando em seus lábios. — Mas aí, tudo acabou. No outro dia, ela não estava lá. — A feição dela muda e o sorriso morre.

— Eu... — interrompo minha fala por alguns segundos. Não é o melhor momento, no entanto, deixá-la no escuro com relação ao que aconteceu com sua mãe não é justo.

— O que foi? — Afasta a cabeça e me encara com dúvida.

— Eu — começo novamente — descobri algo sobre sua mãe. — Suas sobrancelhas se franzem e seus lábios ficam pressionados um contra o outro.

— O quê? — Sua voz sai em um sussurro comedido.

— Ela não te deixou porque quis, foi forçada a isso. O seu pai, o verdadeiro, não é uma pessoa boa. Lilian não queria que você crescesse naquele mundo, ansiava poder te dar uma vida normal. — Não entro em muitos detalhes no primeiro momento.

— Meu pai? Você sabe quem ele é? Ele está vivo? O que... o que aconteceu com minha mãe? — Suas perguntas vêm em enxurradas, seu rosto está completamente lívido.

— Ouça, eu descobri os fatos recentemente. Não quis te contar devido à morte do Chico. Não tive a intenção de te esconder nada, mas não achei que fosse o momento correto. Nem sei se agora é. — Revelo um pouco confuso.

— Você sabe há todo esse tempo? — Ela me olha como se eu tivesse cometido uma das maiores traições. É como levar um tapa.

Ela se afasta de mim por completo e fica em pé.

— Eliza? Para onde você vai? Por favor, não faça isso! Não se afaste de mim. Deixe-me explicar. — A sensação de desespero me domina e me faz refém. Eu não me importo de implorar. Não para ela.

Sua testa se enruga e ela ergue uma mão quando faço menção de me levantar.

— Não vou a lugar nenhum. Só estou um pouco chateada, preciso ficar sozinha por alguns minutos. Sei que você quer me proteger e tudo mais, porém, eu gostaria que você tivesse me contado assim que soube. Vou tomar banho, sozinha. Mas vou querer saber de tudo.

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