|04|⊱ Na calada da noite

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"O medo é dor decorrente da antecipação do mal

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"O medo é dor decorrente da antecipação do mal."
⁓✿ Aristóteles

Repasso mentalmente os acontecimentos das últimas 48 horas enquanto olho para o teto. Minha saída será pedir um adiantamento para o Milton e se isso não funcionar... não tenho outra alternativa.

Bocejo e me sento reparando a bagunça de roupas espalhadas. Espanto-me ao me deparar com o pequeno pedaço de papel que se encontrava dentro da sacola da lavanderia.

Na verdade, é um recibo de pagamento que contém algumas informações, inclusive o número de celular do Alex. Dobro o papel e guardo-o no meu guarda-roupa, dentro da minha caixinha de bijuterias. Volto para minha cama e tento dormir, depois de revirar de lado para o outro, finalmente caio no sono, assombrada por vários pesados. 

O som do despertador me acorda e me apronto para ir até o bistrô conversar com Milton. Nenhuma maquiagem consegue disfarçar meu rosto machucado, entretanto, o inchaço do meu olho diminuiu. Ando de cabeça baixa até o ponto, evitando fazer contato visual com as pessoas.

Suzana serve uma mesa próxima à entrada e no momento em que vê o meu rosto, derruba a jarra de água no chão cobrindo a boca com a mão em espanto.

Ela pega o meu braço e me puxa para a cozinha ignorando os cacos de vidro e água espalhados pelo chão. Só larga o meu braço quando já estamos longe dos olhos dos fregueses.

— Liz, eu não imaginava que você estava neste estado. — Sua voz demonstra tanto abalo quanto seu rosto.

— Eu estou bem. — Dou de ombros.

— É claro. Mas o que está fazendo aqui?

— Preciso conversar com o Milton...

Ela me olha desconfiada e diz: — Tem a ver com o seu pai?

— Sim... É complicado.

Ela me olha com pena e assente. Não gosto desse tipo de olhar.

— Milton está no escritório dele. — Agradeço me retirando da cozinha. Estico o meu braço para abrir a porta, mas David entra neste exato momento.

— Suzana, você precisa limpar aquela bagunça. Alguém pode escorregar e cair. — Ele comunica a ela, sem me notar.

— Eu já vou limpar, David. — Ela rebate, rudemente.

— Não adianta ficar nervosinha, sujou tem que limpar. — Ele reconhece minha presença no ambiente e fica boquiaberto.

— Liz, nossa...

— Oi, David. — Cumprimento-o

— Sei que não é minha culpa, mas me sinto culpado mesmo assim. — Suzana bufa ao escutá-lo.

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