Capitulo II - A morte do meu irmão

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Era um domingo a tarde, estava na casa da minha avó materna brincando com a minha prima, estávamos felizes.
Até que chega meu pai de carro para dar uma volta no quarteirão comigo. Fiquei feliz, achando que ia para a casa dele brincar. Ele enrolou um pouco antes de dizer, até que me falou:
- Ah Sofie, sabe quem morreu?
- ?
- O Paulinho.
- Que Paulinho, pai? seu sobrinho? (aquele Paulinho nem é tão próximo de nós, mas tadinho né, tia Petinha deve estar arrasada.)
- Não Sofi... O Paulinho seu irmão.

Eu paro um momento, fico sem reação. Isso não pode estar acontecendo comigo, por favor, que seja mais uma de suas brincadeiras. Decido olhar para os olhos do meu pai para tentar decifrar se aquilo era verdade, e ao ver seus olhos cheios de lágrimas, meu coração fica despedaçado. Mas eu não posso chorar, preciso dar apoio ao meu pai. Preciso dar forças pra ele, mas como farei isso? Me parte o coração ver meu pai assim, e me parte o coração saber que meu irmão nos deixou.
Ele para o carro novamente em frente á casa da minha avó e eu desço, meio cabisbaixa, mas agora a missão é não deixar a mamãe perceber pra ela não ficar triste.

-Oi Sofie! Voltou cedo. Por que seu pai não levou você?
- (Eu juro do fundo do meu coração que estou tentando ser forte mas eu não consigo.) Não sei mãe...
- O que aconteceu filha? está tudo bem? Seus olhos estão cheios de lágrimas!
- (Eu não aguento mais!!) Mãe não era pra ele morrer. Por quê ele fez isso? Ele não é bicho pra precisar morrer mãe
- (Minha mãe me abraça por um tempo, fazendo sinal com as mãos para minha tia e avó saírem mas ainda assim elas vem em minha direção, desesperadas para entender o que está acontecendo) Filha, quem morreu?
- O Paulinho mãe.

Minha avó e tia ficam espantadas. Um menino tão novo, acabou de completar 18 anos e decidiu tirar sua própria vida. O Paulinho não morava conosco, não era tão próximo. Se afastava da família. Na verdade ele tinha depressão, uma doença desgraçada que despedaça todos os dias milhares de famílias no mundo todo. Aqui eu já estava completando meus 6 anos de idade. Toda a família ficou abalada, ele era um menino muito lindo. Todos nós sabíamos que ele já tinha tendências suicidas mas ninguém o ajudou. Por quê? Por que eu não pude ajudar ele? Não consigo entender. Fiquei um tempo mal pela morte do Paulinho, e mais ainda por não poder entrar no enterro dele. Mas o que me deixou pior, foi ver meu pai naquele estado. Eu nunca tinha visto meu pai chorar, não queria ver ele triste. Ficava triste em ver todo mundo mal, naquelas situações. Um pouco depois meu tio Manel também faleceu devido á uma leucemia. Novamente isso destruiu o meu pai. E novamente eu não sabia o que falar para deixa-lo feliz, nada que eu falava ajudava, nenhum carinho que eu fazia nele o deixava melhor. Minha mãe decidiu voltar com ele nesse tempo até a poeira baixar. Eu estava feliz em partes, pois sabia que tudo ia melhorar agora.

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora