Acordei na manhã seguinte na minha cama, na minha casa. Eu ainda continuo sem entender os meus sentimentos, principalmente sobre a noite passada. Fico pensando se devo contar pra mamãe, mas acho melhor não, ela parece muito ocupada e eu não quero atrapalhar ela. Além disso, eu ainda preciso encontrar o...
MEU DEUS, O ÁLBUM! CADÊ O ÁLBUM?
Será que ela encontrou o álbum? será que é por isso que ela está triste, ela viu o álbum e ficou triste por causa da festa? Ai não, não pode ser...-Filha, está com fome?
-Não mãe.
-Come algo meu amor, você precisa se alimentar. Quer um gagau?Sim, aos 8 anos eu ainda tomava mucilon na mamadeira, era a única coisa que eu conseguia comer, visto que vivia com a garganta inflamada, não respirava bem, e nada descia na minha guela. Minha mãe teve que manter a mamadeira, se não, eu não me alimentava.
Bom, se passaram alguns dias e finalmente nos mudamos. Aquele lugar era tão lindo, tinha um ar diferente, muitas árvores. Ao chegar na rodoviária, já tinha um senhor nos esperando, animado. Ele devia medir 1.60, tinha cabelos bem grisalhos e ralos, era bem engraçado. Estava chegando em um corsa prateado. Chegando na nossa cidade de destino, eu descubro que iremos morar com a sogra da amiga da mamãe, o nome da sogra era Marilda e da amiga era Daiane. Daiane tinha uma filha que eu não gostava nem um pouco, o nome dela era Maria Kiara. A Maria era mais nova que eu, porém era extremamente mandona e mimada. Eu não gostava nada disso, mas a mamãe sempre me falava pra aguentar, já que seria por pouco tempo.
A Marilda também não era uma pessoa fácil de lidar. Ela havia sofrido um acidente, no qual ficou com o lado esquerdo do corpo totalmente paralisado, e depois disso dizem que ela ficou mais ranzinza do que já era. Não sei exatamente quanto tempo ficamos na casa dela mas, para mim foi muito curto. De repente, em uma manhã, ela acordou e simplesmente nos expulsou da casa dela. Ficamos nós 4: tia Daiane, Maria Kiara, mamãe e eu sem saber para onde ir. Ela gritava:
FORA, FORA DA MINHA CASA, FORA AGORA!!
Bem alto, a ponto de todos os vizinhos escutarem. ela simplesmente surtou.Arrumamos nossas coisas e, sem ter pra onde ir, saímos da casa dela. A Daiana já havia morado naquele bairro por um tempo, então ela conhecia uma vizinha, que foi a nossa salvação! Minha mãe e ela começaram a contar toda a história para a Marlene, que ouviu tudo atentamente e prontamente, deu uma solução. Aquele senhor, que nos buscou na rodoviária, lembram? O nome dele era Seu José, e ele morava sozinho. A Marlene ligou para ele e explicou o que estava acontecendo, e rapidamente ele apareceu lá. Colocamos nossas malas dentro do carro dele e fomos, sem saber o que seria do nosso futuro.
Pra falar a verdade, aqui eu não estava sentindo absolutamente nada, eu estava totalmente neutra. Não estava desesperada, nem com medo, nem feliz e nem triste. Simplesmente eu não sentia nada. Somente um vazio. Mas eu tinha esperanças de que ia ficar tudo bem. Seu José era uma boa pessoa, e aquilo não ia ser pra sempre. Pelo menos isso foi o que a mamãe disse.
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Distorção Borderline
Non-FictionConflitante, você consegue fazer uma distinção entre o real e o imaginário? Essa leitura vai te fazer duvidar de suas próprias capacidades cognitivas e assim entender com perfeição como funciona a mente de uma pessoa com o distúrbio, desde o início...