Capitulo XI - Um novo membro

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Eu não julgo a vovó Terabitia, a vida dela sempre foi muito complicada, ela sempre tentou dar o melhor dela pra todos nós, sempre foi muito guerreira e lutou pra cuidar dos filhos praticamente sozinha. Isso torna ela muito estressada. Mas enfim, alguns dias depois o papai e a mamãe chegaram.

Estava sendo muito divertida a nova vida, agora com um pai, uma mãe, uma família completa. Eles começaram a viajar bastante, o que me deixou um pouco triste no início por me sentir muito abandonada, mas com o tempo eu fui entendendo que eles precisavam de um tempo pra eles, um descanso de mim, pois criança dá muito trabalho né. Em uma dessas viagens, quando a mamãe chegou, ela voltou diferente, minha amiga Raya até dizia que ela estava grávida. E a Raya estava certa, ela estava grávida.

No começo eu fiquei bem feliz, um irmão era tudo que eu queria. Porém, com o tempo eu fui percebendo que estava sendo deixada de lado. Agora eles tinham a família deles e eu estava sobrando. Minha mãe finalmente tinha a família que ela sempre quis, minha avó e avô agora tinham um netinho pequeno e homem, o que sempre foi o sonho deles e, meu pai agora tinha um filho de sangue, o que também sempre foi o sonho dele. É como se eu não fizesse parte disso, eu simplesmente não me encaixo como neta e nem como filha, muito menos como irmã, porque já estava perdendo a vontade de brincar. Enquanto um bebê quer dormir, eu estava cheia de energia para correr, brincar e explorar o mundo, coisa que um bebê chato não podia fazer comigo. Além disso ele estava roubando toda a atenção da minha família, a única coisa que eu conquistei, pra ele. Tudo que ele fazia era engraçado, as pessoas vinham nos visitar para ver ele, ele ganhava presentes e elogios, sem fazer absolutamente nada, só chorando, dormindo e fazendo cocô.

E eu, que era uma menina "inteligente" a inteligência não valia de nada. Não tinha mais graça e nem validade, muito menos sentido. Com o tempo eu também fui perdendo aquela energia de correr e explorar o mundo, já não queria mais brincar de barbie, agora eu gostava mais de música. A música me ajudava quando eu estava triste, me animava quando eu estava feliz, com raiva e por aí vai. Era uma forma de expressão que me fazia sentir viva. E a Raya era a única coisa que eu tinha, junto com a música. Na escola eu também tinha algumas amigas mas, eu sentia que elas não gostavam tanto assim de mim. É como se todo mundo por algum motivo tivesse raiva de mim e eu não sabia o que fazer para reverter isso.

Porém eu ainda tinha o meu pai, longe mas ele ainda me ligava todos os dias. E, bom, ele sim parecia gostar de mim, eu ainda era a garotinha dele.

Hoje foi um dia especial, papai me ligou e falou que quer me ver, pela primeira vez vou poder voltar e ver ele. Estou muito feliz! Ele falou que vai mandar um dinheiro para eu poder ir e passar 1 mês com ele. Finalmente tudo vai voltar a melhorar!

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora