Ambos eram brincalhões, eram bonitos e gostavam da minha mãe. E agora, qual era iria escolher? Eu me senti feliz em ver ela feliz mas, com certeza minha escolha seria o filho do vovô. Ele era mais alto, mais cheiroso, mais bonito, mais elegante, mais atencioso e extremamente detalhista. Ele percebia tudo no ar, e isso é uma qualidade linda. Sempre cuidava da vovó e do vovô e sentava perto deles. Além disso, ele era filho da minha vó e meu avô, se mamãe ficasse com ele, ganharíamos a vovó e o vovô ainda. Pra mim já estava decidido! E eu só ia querer se fosse com ele. Então tive uma conversa com minha mãe.
-Mãe, eu só deixo você se casar se for com o filho do vovô.
-Você é uma pilantrinha, Sofie.O tempo da escolha chegou, e pra minha surpresa (ou não) ela escolheu o filho do vovô! Ufa! Agora sim teremos uma família novamente. Eu estou tão feliz que está tudo finalmente dando certo na minha vida de novo. Agora eles vão se casar, vou mudar de escola e de casa, ganhar novos amigos e uma nova família! Era tudo que eu queria!
Em poucos meses eles se casaram, fui eu quem levei as alianças. Foi maravilhoso, agora finalmente tenho tudo que eu quero. Ou, quase tudo.
Logo depois do casamento, eles saíram em lua de mel. Fiquei um pouco frustrada por não ter ido junto, se eles gostavam tanto de mim porquê não me levaram? Afinal fui eu quem juntou eles e graças á mim eles estão juntos. Mas tudo bem, vou ficar com a vovó Terabitia.
A vovó Terabitia era mãe da minha mãe, ela nunca foi uma avó muito paciente e nem presente. Os momentos em que ela esteve mais presente em nossa vida foi no divórcio da mamãe, e depois disso, nos víamos com frequência muito rara, só quando eu trocava de idade. Ela era impaciente, nós brigávamos muito. Cheguei em um ponto que não aguentava mais estar com ela e, liguei para minha mãe. Meu novo pai achou aquela situação um pouco estranha, mas ele discerniu que eu não estava bem lá e por isso ligou para a outra vovó, a mãe dela, vovó Zara.
Quando a vovó Zara chegou lá, conversamos durante horas com a vó Terabitia. A vó Zara gostava muito de costurar e sempre me ensinava. Eu amava! Passava horas e horas desvendando o vagonite e ponto cruz, e naquele momento a calma dela era tudo que eu precisava. Ela e o vovô Orlando me levaram para dormir com eles naquele noite e me arrisco a dizer que, se não foi a melhor foi uma das melhores noites da minha vida. Como eu amava aquele aconchego de vó, como pode uma avó que nem era de sangue ser daquele jeito comigo, tão boa. E o vovô também, sempre tão prestativo, disposto a ajudar. Agora era só esperar o papai e a mamãe chegarem.
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Distorção Borderline
Non-FictionConflitante, você consegue fazer uma distinção entre o real e o imaginário? Essa leitura vai te fazer duvidar de suas próprias capacidades cognitivas e assim entender com perfeição como funciona a mente de uma pessoa com o distúrbio, desde o início...