Capitulo IX - Familia

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Depois de algum tempo as coisas começaram a melhorar. Pra mim parecia uma eternidade, que eram muitos anos mas, eu continuava com 8 anos, então não fazia tanto tempo assim, provavelmente. Algum tempo depois nos mudamos, morávamos só eu e a mamãe, o papai deu um dinheiro para ela comprar uma casa para nós. Também começamos a ter amizade com um senhor muito gentil. O nome dele era Orlando e ele lembrava muito meu "avôdrasto". Por isso, simpatizei com ele na hora, e naquele momento comecei a chamar ele de avó. Ele aceitou prontamente e não reclamava quando eu chamava ele de avó. Eu gostava muito dele e sempre abraçava quando o via. Ele parecia gostar de mim também. Ele falava que tinha uma esposa, que ia levar pra eu conhecer. E mesmo sem eu nunca ter visto ela, eu já chamava ela de vovó, já que ele era meu vovô. Quando eu conheci ela, logo me apaixonei! Ela era uma senhora tão linda, bem branquinha, parecia as vovós de filme infantil, com um cuidado com as crianças, andando devagarzinho. Ela também era muito gentil. A vovó e o vovô nos ajudaram durante muito tempo. Como não tínhamos carro, íamos a pé todos os domingos para a igreja, que era um pouquinho distante, além disso muitas vezes acabava tarde e nosso bairro era perigoso. Eles sempre se preocuparam conosco e nos levavam e buscavam pra ir para a igreja. Para a minha surpresa, a vovó e o vovô também tinham um filho muito lindo e gentil. E eu sentia que ele estava gostando da mamãe, o que me deixou muito feliz.

Sempre que eu via ele eu falava "o filho do vovô" e abraçava ele bem forte. Ele brincava comigo e sempre falava pra eu dar algum recado pra minha mãe. E eu fazia a cupido. Porém, minha mãe estava conhecendo também algumas outras pessoas, e ela não estava focada em relacionamento naquele momento. De qualquer forma, ela saiu algumas vezes com um cara que era um chato. Toda vez que saíamos eu sentia que ele me olhava com um olhar de desprezo e aquilo me afastava automaticamente. Ele sempre negava tudo que eu pedia, reclamava quando eu pedia algo pra minha mãe, mesmo a minha mãe pagando a conta dela, e ainda me zoava. Em uma das vezes que voltei pra casa, fui sair do carro e minha perna enroscou no cinto de seguranças, eu caí no chão e me ralei inteira. Ele deu risada e foi embora. Me senti literalmente no chão, era um vazio absurdo que nada no mundo preencheria. Tudo que eu queria era meu pai. Pelo menos eu podia ligar para ele todos os dias! Era tão bom poder ouvir a voz animada dele, aquilo melhorava meu dia em 100%. A melhor parte do dia era quando ele me ligava e botávamos o papo em dia.

O chatão voltou com um pedido de desculpas. Era uma boneca de pano até que bonitinha. Ele achou que o presente ia resolver aquela situação complicada, mas isso só fez minha mãe ter mais raiva dele. Ufa! ainda bem.

Depois disso, o caminho ficou livre novamente. Agora não só o filho do vovô queria ela, mas também o amigo dele. O amigo dele era gente boa também, um loiro não tão alto, engraçado, brincava sempre comigo, também era paciente e quando eu fazia alguma "vergonha" ele não me criticava como o chatão, mas ele ria. Eu gostava dele, pra mim era um partidão.

Por outro lado, o filho do vovô, além de ser filho do vovô, tratava muito bem a minha mãe. Ele também era paciente comigo mas, apesar de eu ser uma criança eu percebia que ele era mais maduro, tinha mais jeito de "pai" e cuidador. Eu ficava feliz em ver minha mãe feliz e saber que ela faria ele feliz também. Ele era muito fofo, e também era um partidão.

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora