Nos intervalos, eu e a Ka sempre costumávamos sentar num banco que tinha no corredor principal na hora do intervalo para ver os meninos jogando ping pong. Nós sempre reparávamos na bunda de um loirinho lindo. O nome dele era John. Fomos falar com ele, fizemos amizade. Logo me tornei próxima dele e começamos a criar um sentimento diferente. Conversávamos horas, madrugávamos juntos e no outro dia eu mostrava tudo para a Ka. Cada detalhe da conversa. Pouquinho tempo depois nós marcamos de ficar e eu perdi meu Bv com ele, meu primeiro beijo!
Que coisa mágica, foi tão bom. Continuamos nos falando e marcamos uma segunda vez, porém chegando lá tinha muita gente perto e ele acabou falando que era melhor deixar ele pra outro dia. Porém eu comecei a sentir ele distante, diferente. Senti que ele estava mais frio e que ele não queria mais. E nossa outra amiga, a Ju, sempre falava pra mim que ele estava sim diferente e não demonstrava gostar de mim. Isso me deixava um pouco triste, eu precisava me arrumar mais, me perfumar mais, estar mais bonita pra ele gostar mais de mim. Mas isso não funcionava. Então fui franca com ele e falei que sentia que as coisas estavam diferentes. Ele confessou que estava gostando de outra pessoa mas não entrou em detalhes.
Aquilo foi uma facada pra mim, me senti usada, me senti vazia. Me senti insuficiente por não ter conseguido. E pior ainda, senti como uma facada no meu coração ao descobrir que a pessoa que eu mais amava tinha me traído.
Agora a Ka e ele estavam ficando, e ela me confessou tudo. Falou que foi ele quem começou a dar em cima dela e até me mostrou todas as conversas. Por algum motivo eu não conseguia ter raiva dela. Eu continuei sendo amiga dela e ainda amava estar com ela mesmo assim.
Ela sempre me contava as histórias dela, e agora eu me sentia mal também por ser praticamente a única pessoa da escola que era virgem, nem ela, nem a Ju, nem nenhuma menina era mais virgem. Estávamos no 7° ano, mais ou menos tínhamos uns 12 anos.
Não posso negar que eu tinha minhas curiosidades, mas não eram fortes o suficientes para eu testar algo, ainda.
Depois disso tive vários amores irrelevantes, que eu sempre chorava após os términos ao som de marilia mendonça e maiara e maraisa, por influência da Ka.
Ao fim do ano, tive uma apendicite grave, operei e voltei para a escola. A minha volta foi uma semana muito legal, arrisco dizer que foi a melhor do ano. Todo mundo me abraçou, todos que eu considerava próximos, a Ka pulou e me abraçou, mesmo eu ainda estando sensível da cirurgia. As pessoas estavam mais preocupadas e próximas de mim.
Um mês depois as aulas acabaram, e a Ka se mudou para Nevasca, que é bem longe daqui da Flórida. Novamente fui abandonada pela minha pessoa favorita e agora estava sozinha de novo. A única referência que eu tinha era a Hadassah, ela não era tão próxima de nós mas, era a pessoa mais próxima que eu tinha. Ela também estava mudando de escola e eu expliquei para a minha mãe como estava me sentindo por ficar sozinha de novo. A escola que a Hadassah estava indo, era ainda mais próxima de casa, o que ia nos ajudar mais ainda, então minha mãe me mudou para a mesma escola que ela. Mas pra minha surpresa, mesmo sendo transferidas ao mesmo tempo, não ficamos na mesma sala.
Mas tudo bem, eu já estava acostumada com isso e sabia que ia fazer novos amigos. No fim eu quase nem via a Hadassah na escola, e realmente tinha feitos novos amigos. Estava sendo muito bom, logo no primeiro dia de aula descobri uma menina que era da mesma religião que eu!
Aqui na nova escola, eu já entrei sendo a referência que eu era, já não estava mais afim de implorar por atenção e chorar quando não a tinha, como lá na nossa mudança pra Flórida. Isso me trouxe muitos amigos, mas também muitos inimigos. Ou as pessoas me odiavam muito ou amavam esse meu jeito de ser. E bom, eu acho que a Brendinha e a Rummer gostaram, já que elas me acolheram e nos tornamos o triozinho de amigas.
Logo surgiu um novo namorado, dessa vez era namorado mesmo, e não um simples beijo ou amor não correspondido. Dessa vez ele me pediu realmente em namoro e eu aceitei. Nós éramos tão lindos juntos. Eu achava os olhos dele lindos, eram bem verdes. A Rummer sempre falava que ele era o mais desejado entre os 7° e 8°s anos e isso me deixava muito feliz, eu estava sendo vista e conhecida graças á ele. Criei um facebook pra podermos colocar em um relacionamento sério, na época era meu maior sonho ter esse status no facebook, mas não podia ser o meu pessoal, já que minha mãe e família veriam, o que eu queria é que somente os amigos e escola vissem. Mas eu não gostava de certas atitudes que ele tinha, como me humilhar na frente dos outros, falar que minhas pernas estavam muito finas ou que meu cabelo não estava hidratado, e nem dos comentários dele nas redes sociais de outras meninas. Até que um dia, eu vi um comentário de uma menina na foto dele o chamando de namorado, e achei bem estranho já que eu era a namorada. Entrei no perfil dela e vi que ele também a chamava de amor e namorada em suas fotos recentes, então não podia ser neurose da minha cabeça. Nesse dia então decidi chamar ele num canto para conversar. Eu expliquei o que tinha visto e como aquilo estava me incomodando e a resposta dele foi a seguinte:
-Tá vendo, é por isso que não podemos estar juntos! Você surta com tudo, você é louca. Não tem nada a ver. E você não confia em mim. Não dá mais Bianca, eu não quero mais.
Como assim ele não quer mais? ele que fez merda, eu deveria estar terminando com ele agora e é ele quem não quer mais? quem ele pensa que ele é pra me rejeitar? E por que ele tá me rejeitando? O que eu fiz de errado?
Por vezes pensei em voltar atrás e pedir desculpas, mas achei melhor não fazer isso, eu tinha certeza do que eu tinha visto.
Ao chegar em casa eu estava derrotada com todos esses pensamentos assombrando a minha mente, cansada com tudo, então decidi deitar em minha cama quando minha mãe entra no meu quarto:
-Você pode me explicar quem é Phillip?
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Distorção Borderline
No FicciónConflitante, você consegue fazer uma distinção entre o real e o imaginário? Essa leitura vai te fazer duvidar de suas próprias capacidades cognitivas e assim entender com perfeição como funciona a mente de uma pessoa com o distúrbio, desde o início...