Capítulo XXII - Um novo amor

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Sim, mais um que tinha namorada, parecia que eu atraía isso pra mim, é incrível. A noite toda nosso amigo da marinha ficou pedindo pra ficar comigo e eu não quis pra ficar com um garoto que até namorada tinha? Que bosta. Eu precisava preencher novamente aquele vazio, aqueles sentimentos que novamente tinham voltado. Sentamos no chão, perto de uma galera alternativa, começamos a tocar e cantar, e enquanto isso eu fumava. Eu odeio fumar, odeio o gosto, mas amo a sensação de estar me acabando, nem que seja aos poucos. Aquilo preenchia um pouco, mas não resolvia aquela dor.

Ainda assim, no geral essa foi uma viagem muito divertida, e que eu gostei muito. Eu voltei com outra visão, acredito que amadureci muito em muitos sentidos. Mas a pior parte era ter que voltar pra casa e ouvir sermões tudo novamente. Eu odiava ir pra escola com a minha mãe, além de ela demorar muito, ela sempre me dava sermões, justamente nos piores momentos da minha vida, em que tudo que eu precisava era de uma mão amiga.

Quando morávamos lá na Flórida, antes de eu ser expulsa, ela me levava todos os dias pra escola e me buscava também. Após todos os problemas que eu tive, quando ela me levava, ela sempre repetia frases como:

-Você quer ser puta? Então vai ser puta. Mas vai ser puta de verdade, ganhando e ficando rica pra isso. Book rosa minha filha.
-Na sua idade eu nunca faria isso. Eu casei virgem, digna. Que vergonha. Agora até pra casar você vai ter um desafio mais difícil pela frente.
-Você não soube nem escolher. Nem pra ser um cara que você gostasse, que gostasse de você, te respeitasse.
-Você é uma biscate. É essa a visão que as pessoas tem de você por ai. Se você pegar uma doença ou um filho, eu não vou cuidar de você, se vira.

Eu sabia que tudo que ela me falava era por preocupação e que ela queria o meu melhor. E ela estava certa em todas as afirmações, eu era sim puta por ter ficado com alguém que namorava, por ter transado em público várias vezes, por ter permitido que fizessem aquilo comigo e por ter aceitado essas humilhações. Fui eu quem escolhi e só tava recebendo o karma. Mas era duro ter que ouvir tudo aquilo, pois eram pensamentos que já martelavam em minha mente fazia muito tempo. As falas dela só reforçavam essa dor que não estava sendo fácil de suportar.

Depois disso comecei a ir sozinha pra escola. Pra mim foi muito melhor, não precisava me preocupar em chegar atrasada, criei mais independência e ainda me esquivava de ter que ouvir aquelas coisas, pelo menos na parte da manhã.

Assim que voltei pra casa, após a viagem, estava certa de que ia ficar sozinha e não ficaria com mais ninguém. Boba fui eu, pois em uma semana já estava com outro que eu também nem sonhava que ficaria.

Minha amiga chamou o namorado dela pra vir na casa dela, porém ela não queria ficar sozinha com ele. Por isso, ela me chamou pra ir lá, mas para eu não ficar de vela, ela falou para eu chamar alguém. Como eu não estava ficando com ninguém, nem tinha ninguém pra chamar, ela disse para eu chamar um amigo aqui do prédio mesmo para ficar mais fácil, e como já éramos amigos, se não ficássemos pelo menos ficaríamos conversando. E de verdade, na minha cabeça eu não ia ficar com ele. Eu achava que ele não queria, já que ele já tinha ficado tanto com a dona da casa quanto com outra amiga aqui do prédio. Além disso eu tinha terminado com o melhor amigo dele fazia só 1 mês, então sem chance.

Ao chegar lá, minha amiga e o namorado foram direto pro quarto. Pra quebrar o gelo eu virei para o Fe e disse:

-Será que eles já tão transando?
-Certeza. Mas e aí, o nosso beijo rola quando?
-(Caralho e agora... eu quero mas, não pode rolar)

Eu queria muito aquilo. Então quando ele chegou, eu correspondi e nos beijamos por algum tempo, até minha amiga chegar.

-Amiga, por que vocês não vão pro quarto da minha mãe enquanto isso?
-Vamos?
-Vamos.

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora