Capítulo XXIII - Fim

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Nesse meio tempo entre esses dois anos com o Fe, também fiquei com outras pessoas, como não tínhamos nada sério mesmo, eu procurava outros. Mas acabei magoando muita gente e me magoando também. Eu não me orgulho nada disso.

Nesse meio tempo eu aprendi muita coisa. Cresci, amadureci. E eu acho que meu trabalho também me ajudou muito. Como eu não arranjava emprego, decidi criar a minha própria loja e divulgar no instagram e facebook. Com o dinheiro das vendas, fui reinvestindo, guardando uma parte e reinvestindo cada vez mais nas peças. Consegui construir um bom nome e qualidade pra minha marca, consegui viralizar no reels do instagram com mais de 1M de views duas vezes, entre outras coisas.

Ter uma empresa te faz amadurecer, te faz exercitar a paciência, a persistência. Sabemos que tem meses que vendemos muito bem e meses que não vendemos nada. Mas eu acreditava e acredito na qualidade do meu produto e sei que na hora certa, ele vai cair nas mãos do consumidor certo. Mas pra isso preciso manter o equilíbrio e a cabeça no lugar, investir em conhecimento financeiro para não ter prejuízo e saber conciliar trabalho, escola e família. Não é uma tarefa fácil, mas foi algo que com certeza mudou a minha vida.

Nunca foi meu sonho ser empreendedora. Mas sem querer acabei seguindo os passos do meu pai, exatamente da mesma forma que ele, e eu creio que ele esteja orgulhoso disso. Porém não irei desistir do meu sonho e é justamente a grana que eu levantar da minha loja que vai pagar esses meus objetivos, que em breve voltarei para atualizar as realizações pra vocês.

Eu aprendi que minha mãe tinha mais identificação com meu irmão e tá tudo bem, nós não somos iguais e nem precisamos ser. Eu também não preciso implorar a atenção de ninguém, o que é pra ser meu, vem pra mim sem eu fazer esforço, na hora certa. Paciência, uma virtude que com certeza faz parte dos pilares da felicidade.

A terapia com certeza me ajudou muito também a entender os meus pontos de vista exagerados em alguns tipos de situações. Tá tudo bem as pessoas não gostarem de mim, tá tudo bem errarem comigo desde que eu não me permita fazer de trouxa e tá tudo bem eu errar também! Não tem por que me culpar.

Sobre o borderline, infelizmente ele faz parte de mim, então muitos sentimentos são inevitáveis e muitas situações se tornam gatilhos. Eu não tenho raiva das pessoas que me fizeram mal, eu também já fiz mal á muitas pessoas, mesmo sem querer fazer. Não tenho raiva de ninguém, perdoo a todos e espero que todos possam me perdoar algum dia. Hoje não acredito mais em "gente boa" e "gente ruim" acredito que tem momentos que pessoas boas cometem erros e coisas ruins contra outras e até pessoas ruins fazem atos de caridade e ajudam alguém de coração. Não existe ninguém 100% mal e ninguém 100% bom e sim situações que proporcionam expor o lado de cada um em cada momento. Esse livro mostrou bem isso, os dois lados de todas as situações. Podemos entender o meu lado, a minha visão, mas também a visão de quem está á minha volta.

Os sentimentos e sintomas que descrevi na introdução sempre estarão comigo de alguma forma, como eu disse, o transtorno sempre estará comigo pois não há cura. Mas hoje eu sei lidar muito melhor com essas questões. Não é fácil, ainda tenho muitos momentos de crise, de pensamentos de abandono irreais que não há como saber se foram causados por traumas passados ou se eu realmente já nasci com isso, mas o fato é que ele está presente em mim e eu preciso aprender a dominá-lo. E eu estou conseguindo! Eu estou vencendo os traumas, realizando meus sonhos e pouco a pouco desbravarei o mundo. Tenho certeza que um dia o Brasil saberá quem eu sou, ou quem sabe, quem eu fui ❤️

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora