Distorção Borderline

Capítulo XII - O primeiro amor

Antes de viajar eu descobri que meu coração estava diferente. Fizemos um passeio á Miami e nessa viagem, conhecemos a fábrica da Coca Cola. Nessa viagem eu me aproximei muito de um menino, o nome dele era Ícaro. Ele era engraçado, conversava comigo. Eu gostava de estar perto dele, e apesar de sempre ter tido melhores amigos, com ele era diferente. Eu gostava de estar com ele, mas de uma forma que eu nunca tinha sentido antes. Eu achava ele lindo, dedicado, gostava do cheiro dele, da forma como ele falava, minha barriga ficava geladinha quando eu estava perto dele. Ele tirou uma foto comigo nessa viagem e, após isso, todos na sala falaram que a gente namorava. E sabe, pela primeira vez eu não fiquei irritada e nem quis explicar nada. Eu gostei disso, e acho que ele também.

Quando voltamos da viagem, ele juntou a mesa com a minha para fazermos dupla juntos. A minha amiga Monique não gostava muito dele, sempre chamava ele de cara de vaca porque ele tinha os dentes separados. Mas eu achava aquilo um charme. Logo depois desse dia, onde sentamos juntos para fazer atividade, a Monique me chamou para conversar.

-Amiga, preciso falar com você. Você não pode ficar com ele. É verdade que vocês estão namorando?
-Depois do intervalo a gente conversa, Moni.
-Ok.

Eu não sabia se estávamos namorando mesmo. Então fui conversar com o Ícaro. Ele me respondeu exatamente assim:
-Eu queria que você fosse minha namorada desde a nossa viagem pra Miami. Você quer ser minha namorada?
-Sim! Eu quero.

Agora eu já tinha uma resposta pra Monique. Voltamos para nossas mesas, nos sentamos, juntos novamente, e a Monique me chamou.

-E ai amiga, vocês estão namorando ou não?
-Estamos sim.
-Você não pode namorar com ele. Amiga eu amo ele, Sofie, amo muito. Se você gosta de mim, termina com ele.
-Não vou fazer isso. Eu sei que você vai ficar com ele.
-Eu não vou Sofie, eu te juro que se você terminar eu não fico com ele.

A Kaylaine era minha única amiga de verdade eu acho. E isso se comprovou aqui neste momento:

-Não, Sofie. Você não vai terminar com o seu namorado para dar de brinde pra Monique.
-Mas eu preciso, Kay. Ela está triste e não quero que ela fique assim. Além disso está errado, eu nem posso namorar ainda né, tenho só 10 anos. A mamãe não ia gostar.
-Sobre a sua mãe eu não sei, mas sobre a Monique eu sei. Ela só está fazendo isso pra tomar ele de você, porque ela já está tentando e não está conseguindo, ele não dá bola pra ela, não gosta dela. Ele gosta de você.

Isso está sendo tão difícil pra mim. Eu sinceramente não sei o que fazer. Gosto muito dele mas, se a gente terminar, vamos perder a amizade de qualquer jeito, e perder a Monique seria muito pior. Fora que a Monique faz a cabeça de todo mundo, então não posso perder a amizade dela e perder todo mundo junto. Vou fazer o melhor: terminar com ele. Ela não vai ficar com ele mesmo, então tudo bem.

E assim eu fiz. Mas a Kay estava certa, alguns dias depois, com muitas tentativas da Monique, o Ícaro aceitou namorar com ela. E foi assim que eu perdi o meu primeiro amor, com um tempo recorde de 30 minutos.

Eu não podia ficar por baixo, não queria ficar sozinha. Eu precisava de alguma forma conseguir me equiparar á Monique de novo, e eu acho que já sabia como.

Gabriel Michelin. Esse era o nome do menino mais bonito da sala, todas as meninas falavam dele, mas ele nunca deu bola pra ninguém. A única forma de me comparar a Monique seria conseguindo ele, e eu com certeza ia conseguir aquilo, eu sabia exatamente como conseguir.

Em um dia voltando da educação física, fazendo fila, eu dei um abraço nele e disse que achava ele lindo. Depois comecei a conversar mais com o irmão dele, e assim consegui me aproximar cada vez mais. Não demorou muito pra ele começar a me achar bonita também e logo eu pedi pra namorar com ele. Pra minha surpresa ele aceitou! Finalmente agora estou kit com a Monique, ela não vai ficar chateada comigo e tudo volta a ser como era antes. Nós éramos as únicas da sala que namoravam, então tínhamos o privilégio de uma dupla pra sentar, um amigo pra estar do nosso lado quando a professora passava filmes e pra passar o intervalo de mãos juntas.

Só que assim como eu, o Gabriel tinha muita energia para gastar, então nunca estávamos juntos. E como ele era o mais bonito da sala, outras meninas começaram a crescer os olhos. Mas tinha uma em especial que eu não suportava. E não era só eu mas, nenhuma menina gostava dela. Ela tentava de todo jeito conseguir o Gabriel, e eu sabia que podia perder ele. Aliás, eu nem gostava tanto assim dele, mas não podia perdê-lo. Não podia deixar tudo mudar de novo e perder tudo que eu tinha. Então decidi alertar ele:

-Gabriel, se você falar com a Luana mais uma vez, você fica com ela. Eu não quero mais. Então está avisado, ou ela ou eu.