Capítulo VI - Mudanças

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Agora as coisas começaram a melhorar. Eu sabia que o papai ia cumprir a promessa dele, ia voltar pra me buscar. Agora eu fico mais com ele do que com a mamãe, mas estou super feliz. Tenho uma madrasta nova, muitas amigas novas que são parentes da Geiza, minha madrasta, e ainda tenho a Lisa, Leila, Dayana, Yani, e todas as meninas da igreja, minha prima, minha vida está ótima. Estou muito feliz assim. Acho que essa é a melhor fase da minha vida.

-Oi filha! Que bom que você chegou! Tenho uma notícia pra você, nós vamos nos mudar.
-(Ah não. Essa é a pior fase da minha vida, como assim nos mudar? Agora que deu tudo certo? Mudar pra quê? Mas preciso entender melhor a situação.) Mudar pra onde mãe?
-Vamos nos mudar para Mission.
-(MISSION? COMO ASSIM MISSION? nós moramos na melhor cidade de Maryland, chamada Baltimore, tudo bem que é um pouco perigosa, mas pra mim é a melhor do mundo! uma cidade grande, minha família e amigos estão aqui. mas não quero ser negativa e nem posso... preciso apoiar minha mãe, neste momento ela está precisando da minha cooperação, afinal eu sou uma boa menina. E eu com certeza vou fazer novos amigos, tá tudo bem. Eu acho) Legal mãe. Quando vamos,
-Esse mês. você vai poder visitar seu pai para se despedir dele, e suas amigas também. A vovó ainda não sabe.

Após alguns dias, eu fui para a casa do meu pai e passei alguns dias. Minha madrasta nova, a Geiza, organizou uma festa gigantesca, na minha cor favorita (que é rosa, e nunca foi respeitada, pois minha mãe sempre achou que eu ficava mais bonita de lilás e também gostava mais de lilás)

-Eu to tão feliz! isso tudo é pra mim? Meu Deus, tem até bolo. Eu estou me sentindo a pessoa mais especial do mundo. Uma pena que as meninas da igreja não podem estar aqui comigo... mas tudo bem, logo verei elas também!
-Estamos felizes de você estar aqui também, filha. E ficamos felizes por você estar feliz.

Na hora de me despedir, a Geiza pediu para o papai passar em um Studio de revelação de fotos, e ele nos deixou lá por alguns minutos. Ela imprimiu todas as fotos que ela tinha minha, desde que ela se tornou namorada do papai, até o dia da minha primeira e única festa da minha vida. Dai ela pediu pra eu escolher o álbum e eu escolhi um rosinha. Entrei no carro, e logo meu pai dirigiu até a casa da vovó. Ele me abraçou forte, ela também e eles disseram que me amavam muito.

Eu não sei exatamente o que eu senti naquele momento. Eu sabia que veria meu pai mesmo depois da mudança, que nada ia mudar, mas eu não sabia explicar que sentimento era aquele. Eu estava feliz por me mudar e conhecer gente nova? triste por isso? ou triste por estar longe dos amigos e família? eu simplesmente não sabia explicar, mas não estava bem. Como em vários momentos da minha vida, eu estava confusa, e não sabia como explicar o que estava sentindo. Por isso preferia ficar quieta, assim os adultos não precisariam se preocupar com algo que nem eu saberia explicar o que era. E podia dizer que eu estava "feliz" então estava tudo bem.

Chegando na casa da vovó, minha mãe estava com a amiga dela, a Mary, que era mãe das minhas duas melhores amigas. Entramos no carro da Mary e fomos pra casa de uma das irmãs da igreja. Chegando lá, era um galpão enorme, onde estavam reunidas várias pessoas que gostavam de nós, para fazer uma despedida! Eu fiquei muito feliz por novamente me sentir importante, e, naquele momento eu acreditei que aquela mudança de sentimentos que estavam ocorrendo em mim naquele momento, ainda eram de felicidade. Eu ainda estava triste por não ver mais o papai, mas estava com as minhas amigas, comendo, estava feliz sim.

Escuto algumas amigas sussurrando algo e fico incomodada. Aquela situação, minha outra amiga gritando, outra amiga chamando para brincar de pega varetas. Novamente eu não estava bem, mas não sabia explicar. Acho que brincar vai ser uma boa ideia.

-Tira a vareta azul Sofie
-(Quem ela pensa que é pra falar qual eu tenho que tirar? vou tirar a preta. Meu Deus q jogo chato) Tirei
-Por que você tirou a preta? derrubou tudo. Ela tem que ser café com leite.
-Por que a gente não brinca de outra coisa, Hanna? O que acha? Acho que a Sofie também prefere, né Sofie?
-(Não, eu não prefiro.) Sim.
-Vamos brincar de pega-pega então.
-Mas a Sofie tem que ser café com leite também, ela é menor que a gente, não vai aguentar correr.
-(Como assim não vou aguentar correr? Eu já estou cansada disso, todos acham que eu sou pequena demais pra isso, pra aquilo, chega! eu já tenho quase 8 anos, e sou o dobro do tamanho deles, eles só porque tem 10 se acham melhores? Agora eles vão ver quem é café com leite.) Não precisa, eu consigo. Quero começar.
-Tá bom, então vai.

Quando dei o primeiro passo, acabei escorregando e ralando os cotovelos. Eu já estava irritada com tudo, desde cedo. Era a situação dos meus pais, meus amigos me irritando. Naquele momento minha energia social com certeza zerou, mas eu também não sabia explicar aquilo. Pedi para a mãe da Hanna para dormir, e ela cedeu o quarto da dona da casa para eu dormir. E assim terminei a noite, sem precisar me preocupar com nada, sonhando e feliz.

Distorção BorderlineOnde histórias criam vida. Descubra agora