1° Dia

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Iris quase chorou de felicidade ao ver Jorge.
Ela estava morrendo de fome e estava exausta. Ver um rosto familiar diante de tudo isso, era o paraíso.
Quando Jorge chegou, ele logo tirou as correntes dos pulsos de Iris (o que foi um alívio... Até Iris sentir as câimbras nos pulsos). Jorge tirou as correntes com o mesmo movimento que fez no dia anterior, e Iris prestou muita atenção para ver se não era algum truque para fazê-la pensar que ele era muito poderoso, mas ela não achou nada que comprovasse a sua teoria.
Jorge colocou um prato de comida nos seus pés, e Iris devorou-o. Após acabar de comer, ela reparou que Jorge a observava atentamente. Perguntas surgiram na sua cabeça. Era hora de externa-las, então Iris sentou-se de pernas cruzadas.
- Você me deve respostas, titio. – disse Iris, falando de forma irônica a última palavra.
-Estou achando você muito à vontade aqui. Não é a sua casa para você ter essa atitude. – “Droga! Como ela sempre se adapta a todos os ambientes? Parece um camaleão...”, pensou Jorge.
- Eu sei que você não vai fazer nada comigo. Não agora. E aqui vai a minha pergunta: O que você pretende fazer comigo?... Quer dizer, eu sei que você vai me matar, mas porque não fez isso até agora? – Iris estava tão à vontade que até conseguiu esboçar um sorriso. Isso certamente deixou Jorge furioso, mas ele era uma pedra; não demonstrava sentir coisa alguma.
-Amanhã você saberá o porquê da minha espera.
“Há várias maneiras de matar uma pessoa, mas a minha preferida é quando a pessoa implora pela morte... Você não sabe o quanto isso alimenta a alma. As lágrimas, os gritos, o desejo de morte; de piedade. É incomparável.”
Um arrepio percorreu o corpo de Iris. Ela não sabia o que era sentir o sentimento que Jorge acabara de descrever, mas só de cogitar pensar nisso... Era horrível. Iris tentou esconder seu arrepio, mas nunca soube se Jorge percebeu-o ou não.
-Já que amanhã eu estarei ocupada, ainda hoje eu poderei ver a minha família?
-Você está me vendo agora.
- Eu digo a minha família que me protegeu e me acolheu depois de você me abandonou. A família que eu escolhi ter.
“Eu quero vê-los.”
- Ah, está certo. Amanhã você os verá, se tudo correr como eu quero... E vai.
O coração de Iris gelou. Se Jorge pretendia mata-la amanhã, porque ela veria a Bruno, Daniel, Lucas e Miguel nesse mesmo dia? “É melhor eu não pensar muito nisso!”, concluiu Iris.
-Muito bem. Uma última pergunta. Como você consegue manipular ferro? Eu sei que, com a magia obscura da para potencializar os seus elementos, mas acho difícil poder manipular alguma além dos quatro elementos.
-Somente quando você entender a grandeza do universo, e entender que tudo está interligado... Aí sim você vai compreender cem por cento da coisa toda, mas, enquanto isso não acontece, eu apenas lhe digo que eu levei muitos anos de aprendizagem para chegar ao nível em que estou. E, se você está impressionada com isso, ficará ainda mais quando souber que eu estou tão longe do topo...
Iris refletiu sobre as palavras do tio. Não eram encorajadoras, com certeza.
Um silêncio pairou sobre eles novamente, até Jorge trazer as correntes de novo. Só que, dessa vez, havia mais correntes do que o normal. Iris não teve tempo de entrar em pânico: do nada ela sentiu o ferro gelado prender as suas pernas, igualmente como aos seus pulsos. Agora ela estava imobilizada.
-Está com medo? – provocou Iris, deixando escapar uma pontada de medo.
-Sinto muito pelo o que vai vir a seguir, mas tem que parecer realista amanhã.
Iris ia perguntar o que viria a seguir, mas novamente tudo aconteceu de repente. Ela só sentiu as primeiras pedras a atingirem, o resto foi como uma avalanche de dor.
O que estava acontecendo é que Jorge estava manipulando vários elementos para machucar Iris. Ele já havia jogado pedras em grande parte do seu corpo. Em locais que estavam sangrando, Jorge fez um fogo e aproximou-o do sangramento fazendo Iris gemer de dor, mas ela ainda estava consciente e tentando lutar contra Jorge, mas a comida que Jorge a dera não era o suficiente para fazê-la uma inimiga mediana, no mínimo. Com o elemento ar, ele fez como se Iris estivesse com a cabeça para fora de um carro em alta velocidade, fazendo com que muito ar entrasse pelas vias aéreas dela, o que fazia Iris sentir como se não conseguisse respirar direito (o que é muito irônico, mas acontece).
Derrotada depois do último ataque de Jorge, Iris já não reagia mais. Ela estava ali, viva, mas não tinha forças de manter sua cabeça em pé. Então Iris se sentiu caindo. Ela sabia que ela tinha que se proteger da pancada, mas não havia lhe sobrado forças. Quando caiu, Iris gritou de dor, e o máximo que conseguiu fazer foi se virar e ficar de barriga para cima, com uma mão em suas costelas. Ela jurava que havia quebrado alguma coisa na queda.
Mal Iris havia parado de gritar, e o segundo round havia começado. Iris sentia que estava se afogando. Jorge estava manipulando a água e fazendo com que ela entrasse pelas suas narinas.
Quando Iris achava que não ia mais conseguir resistir, Jorge parou de forçar água para dentro de seu corpo.
-Até amanhã, Iris. – Jorge disse, mas para Iris a voz pareceu vir do além.

***

Os três lados [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora