Poderes, sejam bem vindos!

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Onde eu parei? O sonho, certo?!

O sonho foi o mesmo sonho de quando os pais faleceram, mas agora Iris conseguia ver mais detalhes.
Na roda havia muitas pessoas. Pareciam refugiados, então Iris deduziu que foi logo após o "mundo 2.0" ser reduzido. O homem alto e magro falou a mesma coisa, mas ela pode notar que na roda estavam muitas crianças, e entre os adultos tinha os seus pais muito jovens e o seu tio, mas, ao lado de Jorge, tinha uma mulher linda e com a idade próxima a dele, ao que parecia.
Iris não sabia se falava para o tio sobre o sonho e a mulher, ou se deixava quieto, pois não sabia se era um assunto delicado para ele.

Quando Iris se deu de conta, Jorge estava ao seu lado na cozinha, cutucando-a e falando o seu nome cada vez com mais preocupação.
-O que?- disse ela, despertando de suas duvidas e voltando ao presente
-Você tem certeza de que acordou?- perguntou o tio, quase despreocupado- Te chamei umas três vezes... Estava pensando sobre os poderes?
-Acho que eu estava distraída com o meu sonho- Iris disse metade na Terra, e a outra metade nas nuvens.
"Jorge, posso te perguntar algo?". Iris não se sentia pronta para chama-lo de tio.
-Pode perguntar- disse ele, se virando e sentando na cadeira.
-Se você não quiser responder, não precisa. - e falando isso, se sentou ao lado dele.
-Fala logo, Iris!
-Toda noite eu sonho com aquele sonho bizarro que eu te falei, mas nesse cochilo ele foi um pouco diferente. Para resumir, eu vi meus pais e você, só que jovens. Nesse sonho, do seu lado, estava uma mulher linda e sorridente. Não dava para ver muito bem, mas parecia que ela tinha um cabelo longo e cacheado. - disse Iris, dando uma pausa para respirar- Então, eu queria saber quem é...
-Ela era minha namora. Na verdade, éramos casados- disse Jorge, interrompendo Iris- É difícil falar dela, portanto vou ser breve. Nós nos amávamos muito. Ela era doce, linda, era perfeita. Se eu não me engano, duas semanas após o seu sonho, teve uma grande rebelião, e uma grande guerra também. Mas não foi isso que a matou. - dava para ver a tristeza nos olhos dele, revendo todo o acontecimento- Eu jurei me vingar de quem fez ela ficar em coma, quase morta. E eu quase consegui- disse ele por fim, com uma labareda de raiva nos olhos
-Então ela não morreu?- perguntou ela, mais aliviada- Nossa, que alívio! Então, quer dizer que talvez um dia eu possa ver ela?
-Um dia, talvez você possa salvar ela- disse Jorge, falando mais para si do que para Iris.
-O que você disse?- perguntou Iris, um tanto distraída
-Perguntei se você não quer jantar, se não vai esfriar- disfarçou Jorge.
Iris reparou que o tio parecia estar em outro mundo, enquanto eles jantavam. Iris também não fez questão de falar- estava repassando o sonho na cabeça, mais uma vez.
Ela gostava de tentar adivinhar o significado de cada sonho. Mas esse, ao que parecia, era uma lembrança. Não havia uma "mensagem" escondida.

O jantar estava tão bom quanto parecia. O molho estava perfeito, e a massa estava no ponto. Iris só se perguntava se o tio tinha aprendido essa receita com a tal mulher do sonho.
Ah, o nome! Ela não sabia o nome da mulher!
-Jorge, qual era o nome da moça do sonho?- Iris perguntou de repente
-Oi?! Ata. O nome dela é Allys- disse o tio, "acordando" de súbito
-Huuum. Entendi.
O jantar foi assim... Nada de perguntas, cada um envolvido em seus próprios pensamentos.
Iris estava pensando em tudo; viagem, poderes, essa tal de Allys. Já o seu tio, ela não sabia dizer no que ele estava pensando. Sua expressão mudava de tempo em tempo, mas na maioria, o sorriso prevalecia.
Terminado o jantar, Iris foi dormir, mas sua cabeça clamava por respostas.

Então Iris acordou relativamente cedo, fez sua "rotina matinal" sem perceber. Tomou café e foi treinar com o seu tio. Eles voltaram a tentar ativar os poderes de Iris.
Na primeira hora nada de extraordinário aconteceu, mas sua cabeça pulava de pensamento em pensamento. Até que, por algum motivo, ela começou a pensar na tal da Allys e... Iris sentiu um formigamento.
-TIO, TIO, EU SENTI UM FORMIGAMENTO! - Iris estava muito empolgada. E foi a primeira vez que ela o chamou de tio.
-Ah, que legal Iris! Estou orgulhoso! - "será que ele está quase chorando?" - No que, ou em quem, você estava pensando? Talvez, isso seja um sinal! Se você pensar nisso, mais o pensamento do seu elemento - no caso, a água - talvez você consiga produzi-lo!
-Eu... Eu estava pensando na Allys.
-Ah. Tudo bem, tudo bem. -Jorge não parecia estar tão bem assim.
"Vamos dar um tempo, por enquanto. Eu vou preparar o almoço."

Os três lados [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora