De volta ao passado

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"Infelizmente é esse o resultado”

O que ouvi do médico acabou comigo, estava tão triste com o resultado do exame que não ouvi mais nada.

Eu posso ser novo, mas isso sempre foi um sonho meu, desde pequeno. E meus pais sabem disso. Senti as mãos dos dois nos meus ombros como forma de consolo mas não adiantou nada.

Rugge: e-então eu nunca poderei ter...filhos?

Médico: suas chances são poucas, você é.... Praticamente infértil – me levantei  indignado com o que ele falou.

Rugge: como pode ter certeza? E-eu sou novo, isso pode mudar! – acho que tentava me convencer.

Bruno: filho se acalma – se aproximou de mim.

Rugge: eu não tenho nenhum problema de saúde, por que eu tenho isso? – tentava entender.

Medico: varicocele  é muito comum, e não tem nenhum ligamento com a sua saúde ou algo do tipo.

Antonella: mas doutor, não tem tratamento? Cirurgia?

Medico: infelizmente não. O Ruggero tem uma chance em um milhão de ter um filho – ele continuou explicando isso para a minha mãe, mas eu não conseguia aceitar.

Sai daquela sala com uma tristeza tão grande, segurava o choro e pensava que sim. Poderia ter alguma solução e que o médico estava errado. Mas eu também sabia que isso era quase impossível, ele é médico, lida com isso todo dia.

E acho que eu não teria coragem de refazer os exames e ter a confirmação disso.

Meu pai insistiu em me trazer ao médico após saber que ... Que eu não sou mais virgem.
eu vim contra a minha vontade, era sem necessidade mas segundo o meu pai, eu tenho 17 anos e ele ainda é o principal responsável por mim, só de pensar que se não fosse por isso eu passaria a vida achando que poderia construir uma família com alguém.

Bruno: ta tudo bem? – se aproximou de mim. Já estávamos em casa.

Rugge: tirando o fato de que você nunca terá um neto, tá tudo ótimo – disse desanimado.

Bruno: não pensa assim filho, o médico disse que você ainda tem chances

Rugge: uma em um milhão? Eu prefiro não ter esperanças – bufei e logo minha mãe entrou no meu quarto.

Antonella: olha filho, vamos achar uma solução pra esse problema – tentavam me consolar. - podemos ir em outro médico

Rugge: que solução? Vocês viram e ouviram ele falar com todas as letras de que eu não tenho solução. E não, não quero ir em outro médico.– tentaram falar algo mas eu interrompi – olha, me deixem sozinho por favor. Amanhã  começam as aulas e bom, eu não quero me atrasar – eles apenas concordaram e mesmo relutantes, saíram me deixando sozinho.

Eu custei para dormir, não parava de pensar que eu não teria a sorte de ser pai. Desde os meus 10 anos que eu tenho isso em mente.

Construir uma família, ter os meus filhos.

É um desejo de vida, um sonho.

Ver meus pais tão unidos  e me dando tanto amor, isso foi o motivo dessa minha meta de vida.  Mas agora sei que não será realizado, que garota vai querer construir uma família com um cara que não pode lhe dar filhos?.

No dia seguinte  lá estava eu chegando na escola sem nenhuma vontade de estar lá.

Rugge: que cara é essa Jorge? – ri da sua cara emburrada.

Jorge: minha irmã vai começar a estudar aqui.

Rugge: e qual o problema?

Jorge: todos, os caras daqui não respeitam ninguém e do jeito que ela é burrinha vai acabar caindo no papo de algum deles.

Amar tem suas consequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora