||CAPÍTULO VINTE E TRÊS - A BRIGA||

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Desenhar é uma habilidade incrível de Carol. Lembro bem de inscreve-la em todas as competições de desenho possível, ela ganhou algumas. Carol sempre foi conhecida na escola como a garota tímida que desenha bem, por isso no dia de nosso beijo, a culpa caiu toda sobre mim. 

— Fica parado, Lucca! — Carol brigou comigo e suspirei, voltando a ficar igual uma estátua.

Acontece que, depois que ela foi embora e todos acharam que foi minha culpa, achei que talvez realmente a culpa era minha. Tinhamos acabado de brigar e eu tinha dito a ela que não deveríamos ficar juntos nunca mais. E depois a beijei em um desafio na frente de todo mundo.

''— Eu vi a Carol na Lari'' O Jorge me disse no dia de nossa briga. Ele sabia da verdade e mesmo assim desconfiava de mim. Quem será eu de não desconfiar de mim mesmo também?

Nesse momento eu estou com Carol em um parque não tão longe da casa dela. Depois de rir muito com Lari na escola, Carol me puxou com ela dizendo que queria me desenhar.

Meu celular apitou algumas vezes e eu sabia que era a Anônima, mas Carol não deixou eu pegar o celular em nenhum momento.

— Você não vai ficar com a mesma pose depois — Ela afirmava toda vez que insistia para ver a mensagem.

Meu corpo começava a formigar e eu comecei a pensar como as pessoas aguentavam ficar paradas para tornar-se um quadro.

Mas, ficar parado por tanto tempo apenas sentindo o vento em meu corpo, o gramado em baixo de mim, o som do lápis de Carol rabiscando o papel e alguns passarinhos cantando não me traziam paz como eu imaginei que traria. Pelo contrário, só me deixou mais culpado que antes.

— Carol. — Chamei em um murmuro.

— Hm?

— Quero te pedir perdão de novo. Pelo dia da nossa briga, no passado.

— Por que está pensando nisso? — perguntou sem interromper o movimento ágil do lápis. Queria apenas dar de ombros mas apanharia se fizesse tal movimento. Ela me deixava apenas falar.

— Eu errei com você. Nós brigamos muito aquele dia e eu falei coisas feias para você. E, para piorar, depois de terminar com você te beijei em um desafio no meio de toda a turma.

— Uhum. — Murmurou.

Eu esperava que ela pedisse desculpas também, eu sabia que tinha errado mas ela também cometeu erros em todo nosso ''relacionamento'', se posso chamar o que tivemos assim.

Desenhar também era uma das maneiras que Carol usava para não conversar sobre nossas brigas. Era o tipo ''nada aconteceu'' e isso me irritava muito. Lembrar disso me fez perceber que ela está usando o desenho novamente, já que brigamos hoje mais cedo.

— Não vai falar nada? — perguntei impaciente.

— Ok, Lucca, eu desculpo você. 

— Só isso? — murmurei.

— Lucca, realmente doeu muito quando você terminou comigo por causa de uma bobeira. Deixou eu ir embora do país e pra piorar me beijou na frente de todo mundo. Você nem imagina como foi sentir seu lábio no meu e saber que não era porque iriamos voltar e sim porque te pediram! Foi humilhante demais. Mas já passou, você não precisa lembrar disso.

— Pera ai, pera ai. — Me exaltei — Eu errei mas você também errou! Brigava comigo por coisas bobas o tempo inteiro! Ninguém é de ferro não, Carol.

— Sempre tentei abrir seus olhos, Lucca, aquelas pessoas que andavam com você não eram boas pessoas.

— Você nem as conhecia!

— Viu? Você sempre dificulta tudo entre nós! — Carol largou o caderno e me encarou furiosa — Eu faço de tudo para ser uma ótima namorada para você e você nunca está satisfeito!

— Não somos mais namorados e eu estou cansado. Não tenho mais paciência para ficar brigando com você como brigávamos antes e eu não sou mais seu cachorrinho.

Levanto-me do chão e pego minhas coisas, disposto a ir embora. Carol segurou meu braço.

— Espere, Lucca, e meu desenho?

— Você sabe muito bem como eu sou. — Respondi ríspido e sai andando, a deixando para trás.

Algo em mim achava que Carol viria atrás de mim, mas a única coisa que ouvi foi ela fritando "— Vai lá conversar com a garota que você não conhece" o que me revoltou ainda mais.

Ficar furioso não é comigo, pois eu sempre me culpo. E se eu não tivesse falado nada? E se eu tivesse ficado em silêncio esperando ela me desenhar? E se eu não tivesse dançado com a Larissa mais cedo? E se eu não tivesse terminado com ela anos atrás?

Sou tão burro ao ponto de magoar ela todos os dias, igual agora com nossa discussão. Mas eu estava cansado de brigar, não tenho sangue de barata.

Ligo meu celular e vou ao aplicativo de mensagens, onde vejo as duas mensagens da Anônima.

Respondo-a rapidamente e sua resposta também vem rápida.

"Isso lá é prova de amor, Lucca?"

Gargalhando igual uma hiena, termino a cantada mas fico chocado ao perceber que estou bloqueado.

Ela me bloqueou? Sério?

...

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Romance Anônimo - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora