||CAPÍTULO VINTE E UM - CALA BOCA||

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Lucca

— Só pode ter sido ela! — Mathias esbravejou com a mão no rosto — Ninguém sabia... Ninguém.

O dia hoje estava muito confuso. Carol tinha voltado para a escola e não larga do meu pé desde então. Não sei como mas ela sabia sobre a Anônima e até disse que eu deveria bloquear ela e esquece-la. Mas, não é tão fácil assim... Estou falando com ela há tanto tempo que eu sentiria falta dela, mesmo sem saber quem é.

Carol disse que sentiu muita saudade de mim e que não iria mais embora. Disse também que seria minha parceira no baile, eu dispensei logo. Minha parceira seria a anônima, eu não daria mancada com ela.

— Problema é seu então! Se apaixonou por peitos e acha que esses peitos viram até você. Vai levar um bolo e eu vou dizer ''eu te avisei''. — Ela me disse. Foi nossa primeira briga do dia.

A segunda foi quando ela espalhou para todo mundo que o Mathias é virgem. Mas esse nem é o problema até então, o problema é o ''como você soube?'', agora todos acham que Mathias está traindo a Alana, que já é quase namorada dele.

Só falta o cabeção tomar coragem de pedir ela em namoro.

— Ninguém sabia além dela, Lucca! — Mathias choramingou — Por que ela fez isso comigo?

—Eu não acredito que ela tenha feito isso, Mathias. — Jorge falou quando se aproximou de nós — Conheço Alana desde criança e sei que ela nunca iria contar isso pra ninguém. Tem certeza que você e a Carol não...

— Jorge eu amo a Alana! Quantas vezes eu tenho que dizer isso, merda? — Mathias estava nervoso e com razão.

— Carol não quis contar como soube, mas Alana não foi. Elas nem se falaram hoje e nem antigamente. — falei

— Como você sabe? — acusou Mathias.

— Carol chegou ontem de noite e não tem o número da Alana, eu vi no celular dela.

Na verdade eu não vi, se Alana tivesse contado a Carol eu teria defendido uma escrota.

— Larissa? — perguntou perdido.

— A Lari? A menina que não fala com quase ninguém da turma? — perguntei irônico — A menina que é tão tímida que gagueja quando fala comigo? A menina tão doce quanto rapadura?

Me lembrei do dia do corredor, quando Larissa estava falando no telefone e se enrolou toda quando falei com ela. Automaticamente me lembrei do dia que anônima me deu um bolinho recheado e Larissa disse ''eu que agradeço'' quando peguei o bolinho. Tive que segurar o riso.

A única vez que Larissa e eu nos falamos normalmente foi no sítio e não foi por um bom motivo.

— Ele tem razão. — Jorge cruzou os braços parecendo incomodado com a conversa, ou apenas comigo. — Larissa não seria capaz, mesmo se soubesse.

— Então eu não sei como ela sabe! — Mathias suspirou — Mas eu vou descobrir.

O sinal tocou nos avisando sobre o fim do intervalo. Juntos levantamos do banco do pátio e caminhamos para a aula.

— Não vou ficar esse turno. — avisou Jorge — Tenho que ir resolver umas coisas. Nos vemos depois? — Mathias e eu concordamos e voltamos para direção da sala de aula.

Mathias estava quieto e pensativo, eu estava com dó do meu amigo e tentaria arrancar a verdade de Carol.

Ao entrar na sala, Alana caminhou até Mathias e cochichou algo em seu ouvido. Mathias me deu um tapinha nas costas e se afastou junto com Alana. Carol acenou e fui até ela, sentando na cadeira em seu lado. Logo atrás de mim estava Larissa, quieta como sempre. Sorri para ela e a mesma ficou vermelha e sorriu de volta. Fofa.

— Lucca? — Carol me chamou, estava nervosa por eu ter sorrido para Larissa. Normal, ela sempre está nervosa.

—O que foi? — me viro para ela.

— Não precisa ser grosso! — Carol balançou seus cabelos curtos.

Ela está muito diferente de antes. Seus cabelos agora estão acima do ombro, antes iam até o meio das costas. Seu corpo mudou também, agora ela está mais gordinha o que me animou já que ela lutava para engordar.

Mas nada para ela é bom e agora ela reclama que está ''gorda demais''. Para mim ela está perfeita.

A volta dela me fez lembrar o motivo de nosso término: As brigas. Eu amava Carol demais mas não éramos nem um pouco maduros e por isso viviamos brigando. O boato da ilusão piorou tudo para mim já que fui taxado de cafajeste.

Não podemos ficar juntos, Carol...

— Lucca, eu amo você, por favor! Vamos tentar...

Não tem como... As brigas estão ficando chatas e você me sufoca! Eu amo você mas não dá.

— Então... Então vou aceitar ir para outro país! — chantageou 

Boa sorte lá.

E foi isso que aconteceu. Todos acharam que foi por conta do beijo que demos no jogo ''verdade ou desafio'' e como sempre estavamos brigando...

Mathias e Jorge são os únicos que sabem a verdade.

Eu não tive culpa porque só estava tentando acabar com as brigas e ser eu mesmo. A ferida que tanto me fez chorar na adolescencia estava novamente aberta. Se acham que estou tranquilo com a volta dela, estão enganados, eu estou um verdadeiro caos por dentro e sem saber o que pensar ou falar.

— Desculpa, Carol, mas tenho todo direito de ser grosso com você. Você magoou um amigo meu! — respondi.

— Eu não fiz nada, Lucca! Você sempre quer por a culpa em mim em tudo que acontece.

Argh, lá vamos nós brigar novamente...

— Ah então não foi você quem espalhou para escola toda que Mathias é virgem? Uma coisa pessoal!

— Totalmente escrota... — Ouvi Larissa murmurar. Carol e eu encaramos a garota que novamente ficou vermelha. 

— Fala mais alto, querida. — Carol esbravejou — Se quer falar de mim fale na minha cara!

— Não a ponha nas suas loucuras, Carol.

— Defendendo ela? Bonito em. — Carol cruzou os braços. Eu estava cansado.

— Cala a boca por favor? — falei sem pensar. Me arrependi no mesmo minuto mas já tinha dito, não voltaria atrás. Carol não me respondeu mas eu sabia que tinha atingido ela. 

A diretora entrou na sala de aula e mandou todos ficarem em silêncio, só então percebi a bagunça que estava a sala.

— Atenção, terceiro ano! Vim avisar que vocês são a turma escolhida para dançar valsa com seus parceiros no baile. Vamos começar os ensaios hoje mesmo.

— Vocês querem que a gente aprenda a dançar valsa em cinco dias? — alguém perguntou incrédula.

— Vocês vão treinar em casa também, oras. Se o parceiro de vocês são da escola se juntem para o ensaio, se não, peguem alguém sem par e depois ensinem a coreografia ao parceiro. Espero vocês no pátio.

— Posso ser sua dupla, Lucca. — Carol me disse calmamente. A raiva havia passado e nada aconteceu, odeio isso.

— Hm... Lucca? — Larissa me cutucou. Encarei-a — Você, é... Sabe onde está o Jorge? — perguntou baixinho — Ele não veio para sala e nem atende o telefone.

— Ele saiu mais cedo hoje. — expliquei — Mas sem problemas, posso ser sua dupla no ensaio hoje, se quiser.

Ouvi Carol arfar mas não me importei. Larissa abriu um sorriso envergonhado e concordou.

Ela é tão... Fofa.

...

Reta final, pessoal!.

Vim avisar que esse capítulo foi dividido em 2 também. Ele ficou gigantesco por isso resolvi fazer em dois.

Amanhã sai a outra parte! Beijos.


Romance Anônimo - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora