||CAPÍTULO TRINTA - COMPLICAÇÃO||

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Imóvel era como eu me encontrava nesses segundos que pareciam horas. Lucca e Jorge me encaravam e eu só queria um buraco para enfiar a cabeça e nunca mais voltar.

— Então a Carol estava certa, afinal. — Lucca quebrou o doloroso silêncio — Você só queria brincar comigo?

— Não, é claro que não! Lucca, e-eu...

— Eu confiava em você, Larissa. Eu te considerava uma amiga sabia? Gostava de ter você por perto, gostava de ver você corando ou escutar você se atrapalhar com as palavras... Eu sempre achei que você era uma pessoa boa, incapaz de ferir uma mosca. — Nessa altura eu já via tudo borrado por conta das lágrimas. Estava doendo muito. — Mas eu estava enganado. Se você é capaz de machucar um ser humano assim, imagina uma mosca não é?

Lucca deu as costas para mim e saiu andando sem olhar para trás. Eu tinha decepcionado ele.

— Lucca, espera, por favor! — Pedi, mas não consegui me mover para ir atrás dele, para impedi-lo e explicar tudo.  Algo em mim dizia que eu deveria deixá-lo ir, mas dói e muito.

Eu consegui estragar não apenas um futuro com a pessoa que eu gosto como uma amizade. Eu perdi o Lucca de todos os jeitos possíveis por conta de um ato imaturo meu. Poderia ser diferente se eu não fosse tonta e inventasse essas coisas.

Eu queria muito ser uma personagem de novela pois tudo daria certo agora. Eu iria atrás dele e conversaríamos ou então eu me mudaria para outra cidade e deixaria meu passado obscuro e meu amor adolescente para trás. Mas não, eu não estou em uma novela e eu tenho que enfrentar os meus problemas.

Por segundos esqueci que não estava sozinha. Eu estava soluçando, presa em meus pensamentos, até escutar passos atrás de mim. 

— Você dizia que não gostava do Lucca... — disse-me — Mas eu sou cego o bastante para não ver a sua mentira. Estava na cara, não é? — O que ele dizia só me fez chorar ainda mais.

Eu não tinha magoado uma pessoa só nessa história toda.

— Jorge... — solucei.

— Eu queria ficar bravo também mas tudo o que consigo pensar é... Por que o Lucca não encaminhou aquelas fotos pra mim? — Jorge abriu um sorriso torto e me abraçou.

Isso não é certo, ele não deveria estar me abraçando e me apoiando, eu deixei ele magoado também. Não mereço isso. Mas eu não queria soltá-lo, eu preciso tanto dele. Pode soar egoísta, mas eu não posso deixar ele ir embora.

...

Tive dificuldades de abrir a porta, mal acertava segurar a maçaneta. Quando finalmente consegui abrir, tropecei para dentro de casa e desabei em risos. Mas, quanto mais eu ria, mais dava vontade de chorar e foi o que fiz; Chorei enquanto ria.

Nunca tive essa sensação na vida, era algo que eu nem queria pensar. Mas, depois que Jorge me deixou próxima de casa e eu vi um bar aberto, o que eu queria fazer eu fiz: Me embebedei. Nada tinha sentido para mim, eu, menina nova sofrendo desse jeito por atitudes infantis. Foi exatamente isso que o moço do bar me disse enquanto eu contava a trágica história que me levava até ali. Foi difícil convencê-los a me dar algo alcoólico, mas no fim eu consegui.

E me arrependi amargamente depois do primeiro gole. Aquele negócio queimava a garganta e me deixou tonta na hora. Mas não parei, foi copos e mais copos, um atrás do outro. 

Meu pai me encontrou sentada no chão, chorando e rindo ao mesmo tempo e tonta, totalmente tonta.

— Larissa? — me chamou. Encarei o mais velho em minha frente e vi o semblante preocupado mudar para assustado. — V-você está bêbada?  

Romance Anônimo - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora