Acalento (RABIA)

Oh! Darling

Olás!

Bom, o primeiro de tudo, né?

Desculpa pela quebra de expectativa para quem leu o capítulo anterior e confiou que eu viria até o meio da semana, como eu disse que viria.

Tive um contratempo logo na segunda-feira e precisei me afastar da história por uns dias, então não deu mesmo.

Mas... Quando voltei, o capítulo que até então já estava bem adiantado, cresceu muito mais e ficou grande demais.

Dividam, se necessário, e aproveitem a leitura porque têm coisas muito importantes no capítulo de hoje.

-----

E para surpresa de ninguém – nem as duas que estavam no banheiro e nem qualquer outra pessoa no mundo – o clichê obviamente se consumaria.

A porta do banheiro foi aberta e por ela passou quem se esperava mesmo que passasse e enxergasse o busto do vestido de Flávia abaixado – com os seios dela praticamente à mostra – e Bianca na posição comprometedora estrategicamente preconcebida.

Obviamente, a primeira que viu foi a que esperava ansiosamente por isso.

Viu e reagiu.

F: Rafa? – Ergueu cinicamente a parte superior do vestido para cobrir a nudez parcial.

E o som das quatro letrinhas combinadas teve força a fazer Bianca sentir como se o tempo ao redor dela tivesse parado naquela micro fração de segundo, e nela tivesse passado a caber toda a rotina bastante esperada.

Porque foi nesse diminuto espaço de tempo que, ainda com os olhos fixos no fecho do vestido, Bia percorreu as numerosas etapas do nascer do desespero.

Primeiro traduziu que, sim, era o nome da namorada.

Com isso entendeu que ela provavelmente tinha entrado no cômodo.

Depois se deu conta de que, claro, o desenho todo da cena era bastante comprometedor.

E, só então, afastou as mãos rapidamente e ergueu o olhar nitidamente assustado.

As íris castanhas caíram direto na figura de Rafaella já tendo fechado a porta do banheiro e se movimentando em passos desapressados.

Diferente do que se poderia esperar, o olhar de Bianca até procurou o esverdeado, mas ele estava estático na direção do rosto de Flávia.

Só quando todo esse ciclo de tomada de consciência do que estava acontecendo foi concluído é que a audição de Bianca se deu conta do timbre suave que preencheu o vazio.

R: Sim, Flávia. Rafa... Eu mesma. – Segurou as mãos atrás do corpo, continuou se aproximando e questionou com a sombra de ironia na voz – Tá surpresa, né?

B: Rafa, não...

R: É-o-que-você-tá-pensando. – Interrompeu Bia e cantou as palavras em tom indecifrável.

Enquanto avançava no cômodo, os olhos verdes desviaram rapidamente para deslizar pelo resto dos detalhes que ela ainda não tinha apreendido. Como a bolsa de Bianca em cima da pia, o protetor labial na mão esquerda da publicitária, o subir e descer acelerado do peito da namorada denunciando a respiração descompassada... Mas quando o olhar subiu um pouco mais e se deu conta dos lábios tingidos de vermelho marcante começando a se abrir para voltarem a falar, a mineira alternou o olhar para o seu único foco naquele momento: