6° Capítulo

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Gael Narrando

1 mês depois...

Eu já me recuperei completamente do acidente,e estou em meu apartamento há algum tempo.O que mudou nesse mês que se passou foi a minha convivência com Anne.Não sei nem como algo pode mudar em tão pouco tempo.

Ouço batidas na minha porta e já sei de quem se trata.

Abro,e vejo Anne com o rosto pálido,e um vestido de alça bem comportado.Consigo perceber sua barriguinha de 2 meses de gravidez aparecendo.

- Vim comer sua comida hoje, estou enjoada da minha__ela diz e dou espaço para ela entrar__.

Quando fui liberado do hospital,ela cuidou muito de mim.Eu precisei me ausentar das tarefas domésticas por alguns dias e ela fez o curativo dos pontos que levei da cirurgia na testa.Levei alguns tapas mesmo arrebentado porque queria convencê-la de que eu já podia fazer as minhas coisas sozinho.Ela está grávida,eu só não quero dar trabalho.

Mas estou completamente recuperado e enfim posso cuidar dela.

- É um prazer alimentar a senhorita__brinco,e pergunto__tomou seu remédio de enjôo?__.

- Tomei e coloquei pra fora há 24 segundos atrás para ser mais exata__ela contou deitando no meu sofá__.

Me aproximei,tocando seu pescoço.

- Não está com febre__constatei__.

Sem outras intenções,por sentir o cheiro do seu perfume encosto mais meu nariz em seu pescoço.

Foi estranho.Senti meu coração pulsar no peito em ritmos irregulares,eu a desejei nesse momento e percebi que talvez eu tivesse me apaixonado em menos de 3 meses por aquela mulher.

Para disfarçar meus pensamentos,e porque não quero parecer um bobo hipnotizado,deito minha cabeça em próximo a seu  peito para escutar seu coração bater, quando voltei meus olhos para o seus não desviei o olhar,mas sim mantive.

- O que está fazendo?__ela pergunta__.

- Ouvindo seu coração bater__respondo__está acelerado!__.

Acho que cometi um erro.

Desço minha cabeça para sua barriga.

- Papai te ama, neném__não meço minhas palavras__.

O meu grande sonho de ser pai estava ali no ventre de Anne,eu não conseguia conter minha emoção.

Ela me empurra imediatamente assustada com minhas palavras.

Então,fica um local tenso e silencioso.

- Você está chorando?__Anne me encara e só agora percebi que deixei cair algumas lágrimas__.

- Estou emocionado__respondo em busca de enxuga-las__.

Fiquei emocionado quando encostei o rosto na barriga de Anne,talvez porque o maior sonho da minha mãe era ser avó e ela se foi antes disso.Me sinto um pouco culpado porque no ano que ela faleceu,ela orava todos os dias para Deus atender o meu pedido.A criança não veio porquê descobri que sou incapaz de engravidar qualquer mulher que fosse,por isso me sinto culpado.

Anne ficou meio sem jeito.

- Eu já disse que deixo você ver sua filha crescer no meu ventre...mas você passa dos limites__Anne falou percebendo que estou chateado por ela ter me empurrado__.

Decidi não falar nada porque algumas palavras e atitudes dela ainda me machucam de vez em quando.Eu sei o quanto ela me quer distante da nossa filha.Da Jade.Esse era o nome que minha mãe colocou na minha possível filha antes mesmo de conhecê-la,guardo boas lembranças desse nome.

- Vou esquentar a comida__mudei de assunto__.

Fui para cozinha porque quero ficar um pouco sozinho.

Não precisei esquentar,era apenas uma desculpa.Estava quente ainda.

O que se passa pela minha mente agora é que quando essa criança nascer,Anne vai pegá-la e sumir para eu nem chegar perto, é exatamente isso que transparece.

- Eu estou de saída__Anne anuncia e dá para notar que quem ficou chateada agora foi ela__.

- Você não comeu ainda__digo como um lembrete__.

- Perdi a fome!__pronunciou séria__.

- Quero deixar claro que não estou brigando com você__me virei para ela__.

- Não é o que parece__ela respondeu__.

Ela virou as costas para sair,e sentiu ânsia de vômito,vi quando encostou o dorso da mão na boca em busca de afastar o mal-estar repentino.Entrou correndo de volta para o banheiro daqui de casa e eu fui atrás dela.

- Anne,eu não estou brigando com você__falo novamente palavra por palavra__.

Ela estava passando mal porque de interpretação dela mesma.

Anne começa a engulhar e vomitar mesmo!e foi nesse dia que eu percebi o quanto meu olhar podia atingi-la.Em tão pouco tempo já me conhecia na palma das suas mãos e já sabia dizer o que eu estava pensando.Eu não me considero um livro aberto mas ela sabia exatamente tudo sobre mim.

Eu achei que ela não chegaria ao ponto de vomitar até eu ver.Ela mal tinha comido,me senti muito culpado por isso.

Ajoelho no banheiro e a envolvo em meus braços enquanto vomita,ela tentou me afastar no início mas depois cedeu até que ela começou a se sentir melhor.Enrolei ela em um cobertor pois se queixou de frio e aninhei nos meus braços dentro do banheiro,ela não contestou.

- Anne,me perdoa__peço fazendo cafuné em seu cabelo__eu me sinto um perfeito idiota agora__.

Ela olha para mim e fica parada por um bom tempo só me observando.Fiquei confuso!

- Eu sei exatamente o que pensou__ela protestou__você ainda não confia completamente em mim,o que eu sou para você Gael?__.

- Amiga__respondo sincero__.

- Amiga mentirosa, você quis dizer__ela riu de deboche__pare de tentar disfarçar, você acha que vou pegar essa criança quando nascer e sumir da noite para o dia__.

Ela disse exatamente o que pensei há minutos atrás,me arrependi amargamente por esse pensamento.

Acompanhem...

Meu BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora