14° Capítulo

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Eu neguei sentir algo por Anne justamente por saber que se eu confessasse, ela talvez não olharia mais em meu rosto.Confessaria meu sentimento e perderia de vez o direito de ver minha filha que até o nome Anne escolheu outro,e eu senti que foi proposital.

Não gostei da forma grosseira que ela falou comigo no hospital mas minha reação não foi somente por isso,eu já estou muito magoado com Anne.
Ela não sabe o que realmente quer,uma hora parece gostar da minha companhia,na outra demonstra estar totalmente desconfortável.
Já pensei em me afastar,mas me preocupo já que ela está conseguindo comer somente a minha comida e além disso,eu gosto de estar com ela e realmente sinto falta pela pessoa maravilhosa que é.

Carol a arrastou até o apartamento enquanto eu continuei a caminhar em meio a noite.Até que encontrei um cachorro fêmea que parecia estar em trabalho de parto.Por um momento parei mas fiquei sem saber o que fazer.

- Olá garota, você está entrando em trabalho de parto é?__me agachei um pouco para olhar__como será que posso te ajudar?__.

O cachorro me deu a patinha como sinal.

Comecei a dar uma massagem na barriga do cachorro sem muita experiência.Enfim,a cadela sabia exatamente o que fazer.Fez tanta força mas fiquei confuso porque o filhote não estava vindo.Será que tinha filhote!?
Depois de muito esforço 3 cachorrinhos nasceram, após lamber o saco gestacional dos filhotes a mamãe começou a ter ânsia de morte.

Eu não sei o que fazer.

- Por favor,sobreviva garota__imploro__.

Percebi que ela já estava desfalecida e sangrando.Para quem devo ligar, ambulância, polícia!?ah,meu Deus!
Quando um cachorro está nessas condições,o que fazer!?

Pelo menos tento salvar os filhos,parece que os três nasceram mortos.Tentei reanimar de um jeito que vi nas redes sociais,massageando seu pequeno peito.2 eu não consegui mas o terceiro consegui.E levei para casa comigo, só agora percebi que estou chorando.

- Sinto muito que sua mãe tenha falecido antes mesmo de você conhecer__digo como se o cachorrinho estivesse me ouvindo__.

Era macho.

Ele tinha terminado de nascer por isso estava com olhos fechados.

Quando cheguei em casa,limpei ele mais um pouco.Dei leitinho no copo plástico pequeno e embrulhei para não sentir frio.E logo ele dormiu e eu dormi junto.

No dia seguinte,de manhã cedo voltei no lugar que o encontrei ontem e só restaram marcas de sangue porque já tinha os tirado daqui.Voltei para o meu apartamento sentindo muito ainda a morte da mãe dos cachorrinhos.

No prédio é proibido criar animal,o que vou fazer com o cachorrinho!?

- Garoto, você vai se chamar Neon mas o que vou fazer com você?__digo enquanto o cachorrinho tenta levantar mas ainda não sabe cordenar suas pequenas patinhas__.

Minha campainha toca e eu atendo com Neon nos meus braços.

- Anne__disse surpreso__.

Ela olha diretamente para Neon.

- Como ele é pequenino__Anne comenta__você é novo aqui nesse mundo,garoto?sejá bem vindo!__.

Mexo as patinhas do cachorro.

- Muito obrigado,tia Anne__imitei a voz como se fosse do cachorro respondendo__.

- Você o adotou?__Anne me encarou__.

Ela me parece bem melhor.

- Sim...quer dizer não... é uma longa história__disse rindo__.

Dei espaço para ela entrar.

- Como você está?__perguntei__.

Eu não sou uma pessoa que guarda mágoa.

- Estaria melhor se a gente não tivesse discutido ontem__Anne responde sentida__.

- Me perdoa por ontem,Anne__me desculpei com ela__.

- Também quero me desculpar com você__Anne pede__.

- Desculpas aceitas__respondo__.

- idem__Anne também disse__posso pegar o fofinho?__.

Ela se referiu ao Neon.

- Me chamo Neon,titia Anne__brinco de novo dando o cachorrinho para ela segurar__.

- Me conte a longa história sobre o cachorrinho que mencionou__pediu__.

Contei tudo sobre ontem a noite.

- Neon pergunta a titia Anne se ela comeu filho,porque você já bebeu seu leitinho hoje__digo e o cachorrinho balbuciou alguns sons que arrancou muitas risadas minha e de Anne__.

- Eu bebi um pouco do suco antes de sair de casa__respondeu para mim__.

- Temos café da manhã__respondi indo buscar a bandeja lá dentro__.

Fiz um pão integral com queijo derretido e suco de laranja.Dei a ela.

- Hum...está delicioso!__ela suspirou arrancando seu primeiro pedaço__.

Neon estava quietinho deitado no colo dela enquanto comia.

- Cadê a Carol?__perguntei__.

- Ela foi procurar trabalho__contou-me__.

- E como está a Amandinha?__perguntei encantado com sua barriguinha que fica cada vez mais aparente__.

Anne pega a minha mão e coloca em sua barriga para que eu  sinta a Amanda mecher.Esse toque me trouxe sensações diferentes,era muito significante para mim.

- Ontem eu menti__confesso__você tem razão,eu realmente sinto algo por você.Posso ser sincero com você?você é uma mulher incrível, Anne.Eu não disse o que realmente sentia porque você me afastaria da criança.A verdade é que eu te admiro pela mulher excepcional que você é,seria impossível não me apaixonar por você!__.

O impulso me faz dizer tudo isso,eu senti a coragem que não senti ontem para falar dos meus sentimentos.

Quando olho para Anne,vejo que lágrimas escorrem de seus olhos e ela me abraça.Ficamos quietos abraçados enquanto Anne chorava em meus braços e Neon nos observava do chão pois ela o tinha colocado.

- Eu nunca pensei que ia dizer isso mas estou aliviada.Aquelas palavras que você disse ontem me magoaram tanto e só a partir dali comecei a imaginar como você devia se sentir.Me perdoa por magoar você__Anne soluçava__eu também estou apaixonada por você, Gael__.

Acompanhem...

Meu BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora