CIDADE SEM COR

XII

Quando aquela jovem que caminhara por quilômetros em busca de um lugar para repousar chegou aquelas colinas, onde o sol brilhava forte e alto e a brisa suave estava sempre soprando, ela viu, enfim, seu ponto de descanso. Estava exausta, mas descobriu naquela pequena vila sorrisos acolhedores e uma generosidade que jamais encontraria entre os seus.

Yohanna  vinha de uma família nobre e poderosa, crescera sobre os aspectos que moldavam as mulheres da época, nada lhe faltava, riqueza, beleza, tudo o que era almejado pelas outras jovens de sua idade.

Estava prometida a um lorde que era duas vezes mais velho que ela e possuía grande fortuna, mas ela não o queria, não queria uma vida onde seria submetida a monotonia de observar o tempo passar enquanto permanecia sendo bajulada por pessoas que desejavam obter seu favor.

Então ela pensou não há nada que me prenda. E de fato, não havia, desde que ela tivesse a coragem necessária.

Observando as pessoas da colina onde estava instalada a apenas um dia, a jovem Yohanna notou que lhes faltava conhecimento, com exceção da senhora que era a curandeira local, Siena, - e esta era uma mulher muito estranha, parecia inteligente demais, e possuía um brilho no olhar que só as pessoas que sofreram tormentas inimagináveis carregavam, mas o que mais incomodava yohanna naquela figura que não podia de maneira alguma ser considerada feia, era o fato de que ela guardara todo a sabedoria para si,  não havia interesse da parte dela em dividir o que aprendera. Tomada pelo desejo de fazer algo por aqueles que tão carinhosamente lhes ofereceram abrigo, ela decidiu que ia ensiná-los, independente da aprovação da Siena.

As crianças ficaram encantadas, mas os mais velhos se sentiam relutantes, pois alguns a achavam um tanto suspeita. Mas logo a confiança veio, fruto da amizade da jovem com o filho da curandeira. O jovem Acien era tão bonito quanto a mãe, com a pele morena e os cabelos escuros, mas seus olhos não tinham aquela expressão intimidadora e quando ele sorria, lindas covinhas se formavam em seu rosto. Seus olhos eram de azul tão incomum que Yohanna ás vezes perdia-se neles e ficava envergonhada quando era flagrada.

Amizade essa que se tornava mais forte, embora algumas das jovens se sentissem ressentidas pelo fato de que não era uma disputa justa, visto que Yohanna não era só bela, como também era instruída e possuía um carisma que conquistava a todos.