XXII

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Arthur trancou o porta malas do carro, sentindo o vento tocar seu rosto de leve, ele passara séculos caminhando em lugares diferentes, em busca de algo que pudesse usar contra o pai, mas não importava o quanto se esforçasse, sozinho ele não conseguiria, então ele permaneceu na cidade sempre distante dos olhos de Acien, mas desde que vivera ali, nunca o sol tinha brilhado por tanto tempo. Um grupo de crianças passou correndo por ele, despertando um sorriso. Ele não sabia pelo que ser grato durante muito tempo, passara anos da sua vida planejando a queda de um homem que sabia não ser capaz de vencer. Mas agora, tinha uma vida boa e era doce, ele fechou os olhos e agradeceu.

Então se dirigiu para sua esposa, Linda. Que usava o cabelo preso em um coque, e um vestido de verão azul, a pele corada pelo vento forte e o sol alto, estava mais bela do que nunca.

-Tem certeza que não esqueceu de nada? -Ele a envolveu em um abraço apertado e beijou seu pescoço, enviando arrepios por todo o corpo dela.

Desde que estudara os livros de Siena, os dois haviam descoberto, que haviam lugares no mundo onde a magia era relativamente mais forte, e decidiram que viajariam juntos para aprender sobre esses lugares. E talvez encontrar mais pessoas que fossem como eles, e orientar aquelas que estavam perdidas para que não trilhassem o mesmo caminho que Acien.

-Não, eu acho que não. – Ela pareceu refletir, a testa franzida enquanto segurava o queixo.

-Seu celular? – Ela arregalou os olhos e subiu as escadas correndo.

-Já volto. -Linda não mudava nunca. Apesar de tudo que passara, da verdade que descobrira sobre seus pais, em nenhum momento ela demonstrou fraqueza. Durante sua vida conhecera muitas mulheres fortes, sua esposa era uma delas.

Algum tempo depois, ela desceu com o livro da história de Black Hill debaixo do braço e o celular que deixara em cima da mesinha de cabeceira. Digitava rapidamente alguma mensagem, eles também prometeram as amigas de Linda, Leah e Cris que seriam visitadas em breve.

-Acho que devemos ficar com isso. – Sua voz não estava firme, Arthur desconfiava que ela tinha algum apego emocional com aquele livro.

-Mas é o livro da cidade. – Ele disse erguendo uma sobrancelha.

-Apenas vamos deixar que os mortos descansem. – Linda abriu o porta malas que estava quase lotado e guardou o livro ali.

-Você tem razão. -Ela beijou suavemente os lábios do marido e sussurrou.

-Eu sempre tenho. - Os dois entraram no carro, ligaram o rádio na estação de rock e partiram, inconscientes das coisas que os aguardavam.

Até que tenhamos sofrido com a presença da noite, é impossível avaliar o quão adorável e bem vinda pode ser a manhã.

                                         -Drácula, Bram Stoker

CIDADE SEM COROnde histórias criam vida. Descubra agora