O box estava embaçado pelo vapor do banho quente, ele penteou os cabelos para trás, depois retirou a barba cuidadosamente, o maxilar marcado e os olhos verdes que brilhavam em fulgor quase inumano. Enrolou a toalha em torno da cintura e foi até a cozinha.Observou enquanto o bule de chá apitava, retirou e colocou algumas folhas distraidamente, quebrou dois ovos e uma fatia de bacon, e esperou pacientemente, a xícara de chá fumegava a sua frente, colocou os ovos mexidos em um prato. Lavou as mãos, preparando- se para tomar o seu café. Encarou o reflexo na janela diante de si, a visão um pouco distorcida. Apertou as mãos firmes e fortes sentindo as veias quase saltarem sobre a pele, passou os dedos entre os cabelos e secou a mão na toalha em cima do balcão.
-Aquela vadia desgraçada acha que pode ir longe, mas não pode. Com quem ela acha que está lidando? – Um riso cheio de escárnio escapou de sua boca. – Tenho algo especial preparado para você, doce Linda. E você vai encontrar o mesmo destino que a sua pobre mãe.
-Foi tão difícil chegar até aqui. Eu tive que sacrificar tanta coisa, será que não entendem que fiz isso por Black Hill? Para que as pessoas daqui pudessem viver suas vidas de forma segura, mantendo-se conectadas as pessoas que amam mesmo após a morte.
-Não é mesmo mãe? - Ele falou como se esperasse uma resposta, mas nada veio além do silêncio, um silêncio que gritava tão alto quanto a sua alma perturbada.
Ele bebericou o chá, o gosto doce enchendo a sua boca, tão doce quanto aquela época fora, seus pensamentos se voltaram para a garota Carter. Teria realmente gostado dela, não fosse por ser tão enxerida. Infelizmente, era um mal de família, que ele precisava aniquilar.
Foi até o quarto e vestiu uma blusa preta e uma calça social da mesma cor, ergueu as mangas compridas até o cotovelo, e jogou o blazer por cima, qualquer um que o visse podia jurar que estava de luto.
Aquela era a sua cidade, precisava certificar-se de que ela permaneceria pacífica. Ele era o seu protetor e o seu herói, manteria todos seguros.
Abriu a porta da casa, que era uma mansão antiga segundo a história que ele contara, passara de geração em geração até chegar sua família. Abriu a porta do Camaro, que supostamente fora presente do seu pai e se dirigiu ao departamento de polícia. Enquanto dirigia, pensava em como encontraria Linda, já que a garota se recusava a atender suas ligações. Um toque no celular o despertou de seu devaneio. Era uma mensagem que chegara, quando viu a pessoa que a enviara um pequeno sorriso surgiu em seu rosto.
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CIDADE SEM COR
HorrorApós a morte de sua avó, Linda decide recomeçar sua vida na pacata cidade de Black Hill. Mas ela vai descobrir que nem tudo sobre o lugar é tão tranquilo quanto parece ser.