Capítulo 13 - Rompantes

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ARABELA


- Não acho uma boa ideia a gente seguir por aqui – eu aviso olhando as ruas meio escuras e Seymour dá de ombros se divertindo com o meu aviso

- Besteira, aqui parece ser um local bastante seguro

- Sim, acabei de ver um cara escondendo algo debaixo da camisa – eu falo e ele olha para onde eu estou apontando. Ele se vira de novo e arqueia uma sobrancelha

- Não sabia que tinha medo de senhorzinhos com problemas musculares

Me abstenho de responder e sigo a passos curtos enquanto vejo de longe a torre despontando parecendo a quilômetros de distância. Seymour começa a assobiar ao meu lado e eu reviro os olhos com a sua tentativa de parecer durão naquela rua esquisita.

Colocando as mãos para trás olho ao nosso redor e dou um sorriso quando penso em algo que provavelmente não deveria fazer..., mas vou fazer do mesmo jeito.

- Sabia que Baudelaire nasceu aqui? – pergunto casualmente esperando que ele diga que não

- O poeta? Sei sim – Seymour fala e eu pisco confusa por um momento. Me recomponho e continuo com o meu plano, mas continuando em outra direção, uma que vai me dar outras respostas.

- Existe uma frase que acho bastante interessante – começo olhando-o de lado – "Desfrutar da multidão é uma arte"

Seymour fica quieto refletindo e logo em seguida balança a cabeça mal reparando que eu troquei de lado e fiquei um pouco atrás, indo para a sua direita

- Acho que prefiro "O poeta goza deste privilegio incomparável de poder ser ele mesmo e os outros à vontade" – ele cita perfeitamente e eu engulo em seco quando escuto sua voz rouca. Pisco os olhos me concentrando e vejo quando ele olha para a esquerda esperando me encontrar lá, toco em seu pescoço com meu dedo frio e pulo um centímetro quando um dos fogos de artificio apita em meus ouvidos bem no momento em que eu o toquei

Seymour xinga pulando assustado e eu dou risada quando percebo que os fogos de artificio me ajudaram a assusta-lo. Olho para ele que coloca a mão em cima do peito

- Puta merda, você me assustou

- Bem feito – falo ainda sorrindo

- Acho que estou tendo um ataque cardíaco – ele diz me avisando

- Pessoas sem coração podem ter ataque cardíaco? – pergunto confusa e ele estreita os olhos

- Não

- Ah então você vai ficar bem – pontuo e sigo em frente sentindo seu olhar atrás de mim. Somente volto a falar quando estamos em uma rua iluminada com pessoas andando calmamente em direção a algum lugar distante – Como sabe sobre Baudelaire?

Seymour fica em silencio e logo em seguida dá de ombros

- Pesquisei algumas coisas antes de vir

- Claro – falo ironicamente – Porque citar com perfeição Baudelaire é algo a ser somente pesquisado

- Você também o citou – Seymour comenta me olhando de lado

- Sim e eu admito que sou uma leitura voraz no que diz respeito a poesias

Seymour me lança um olhar estranho e continua andando olhando as vitrines por onde passamos. Mordendo o lábio observando ao redor e penso em algo e antes que eu mesma me impeça, lanço para ele.

- "O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido.... – Prendo a respiração esperando que ele complete e vejo ele parar no meio da calçada se virando para mim com a expressão curiosa

- "Para os valentes é a oportunidade" – ele completa por fim e eu dou um sorriso maravilhada com o fato dele saber sobre poesias. Seymour pisca parecendo confuso e logo em seguida parecendo desnorteado ele se inclina tomando os meus lábios.

Ofego sentindo sua boca macia de encontro a minha e apoio minha mão em seu peito quando penso que posso cair a qualquer momento, enquanto ele prende suas mãos em meu pescoço me fazendo estremecer. Empurro ele para longe ofegante e passo a língua pelo meu lábio inferior sentindo o seu gosto.

- O que foi isso? – eu pergunto confusa

- Eu realmente não faço ideia – ele diz e eu estreito os olhos

- Já eu faço ideia – Seymour arqueia uma sobrancelha e eu empurro seu peito – Você e seus flertes baratos voltam a atacar novamente

- Ah pelo amor de deus – ele diz resmungando

Passo por ele pisando com raiva e quando estou atravessando a rua, ele me puxa para o lado nos afastando das pessoas amontoadas

- Porque você fica tão irritada com meus flertes? Pensei que você não se importasse

- E não me importo – mentirosa

- Então eu não entendo – ele diz apertando o meu pulso, me afasto abruptamente e o encaro

- Claro que não entende, conviveu e lidou somente com mulheres que achavam isso encantador – pontuo observando-o – Mas quer saber de uma coisa? Eu não acho encantador

- Sim, você já disse isso – Seymour fala se aproximando de novo – O que me interessa, no entanto, é como você reagiu ao meu beijo

- Eu não reagi

- Sim, você reagiu. E se quer continuar mentindo para si mesmo, ótimo, faça isso – ele diz parecendo estar com raiva – E sabe o que eu acho?

Fico em silêncio com medo de dizer algo do qual me arrependeria depois e ele continua quase tomando o meu ar com sua proximidade

Esse cara não respeitava o ar faltante dos outros

- Que o que você odeia é que eu flerte com outras mulheres – ele explica com um sorriso convencido no rosto – Gostaria que eu parasse meu bem?

- Já viu um narciso? – pergunto abruptamente e ele pisca com a mudança de assunto

- Não

- Quando chegar ao seu quarto passe pelo espelho e vai ver um – falo e o ignoro indo em outra direção.

Cores da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora