Capítulo 9 - Tons

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ARABELA


- Bryan Seymour, acorde agora – eu falo cutucando sua barriga e ele bate em minha mão me afastando

- Me deixe em paz sua demônia

- Vou ignorar que disse isso – falo e bato em seu ombro – Você precisa comer alguma coisa, acorde de uma vez

- Não estou com fome – ele diz e se enfia ainda mais debaixo dos lençóis. Suspiro e puxo os lençóis de cima dele, empurrando seu peito. Bryan abre os olhos me fitando com raiva e eu dou um sorriso – Bruxa

- Ótimo, você já está xingando. Posso lidar com isso agora

- Me deixe dormir e daqui a pouco eu fico bom – ele diz e espirra. Arqueio uma sobrancelha e ele resmunga se sentando na cama enquanto aperta as têmporas – Porcaria

- Tome isso primeiro – eu falo enchendo uma colher com o tônico escuro. Ele faz uma careta e se empurra para longe

- Nem pensar que eu vou tomar isso

- Noelly disse que é um tônico – explico e ele me olha desconfiado

- E se for veneno?

- Bom, então aí será problema seu – comento e aproximo a colher de sua boca. Ele nega e se afasta, resmungo e me aproximo dele – Abra a boca Seymour

- Não

- Pare de agir como criança

- Pare de agir como se importasse – ele devolve franzindo a testa e eu olho com raiva para ele

- E quem disse que eu não me importo seu covarde? Abra a porcaria da boca seu resmungão

Bryan pisca e logo em seguida um sorriso aparece em sua boca me distraindo por alguns segundos

- O que vai fazer se eu não tomar?

- Vou tapar o seu nariz e vou fazer você engolir isso

- Tão doce e carinhosa – ele resmunga e abre a boca bebendo o liquido. Fazendo uma careta ele engole e estremece – Urgh, que porcaria é essa? Tem alho no meio?

- Sei lá – eu falo e entrego a bandeja junto com a sopa – Agora coma isso e vai poder dormir de novo

- Sim senhora – ele resmunga baixinho e eu reviro os olhos enquanto me sento na poltrona que eu coloquei do lado da cama. Pelos próximos minutos vejo ele tomando a sopa em silencio e quando ele termina eu tiro a bandeja de sua mão

- Ótimo – eu falo e coloco a bandeja em cima da mesa, me volto para ele que começa a se deitar e puxo os lençóis, ele grita indignado e eu aponto para o banheiro – Tem que tomar um banho morno, se não a temperatura não abaixa

- Porra nenhuma – ele grita e tenta puxar o lençol de volta

- Seymour vá tomar banho – falo como um aviso e ele puxa o lençol com força

- Não – ele diz e dá um puxão final me levando junto. Caio na cama de forma desajeitada e ele sobe em cima de mim com a respiração ofegante – Você não cansa de ser mandona?

- Você não cansa de ser idiota? – devolvo controlando minha respiração sentindo seu corpo em todas as malditas partes

- O que deu em você Arabela Turner? Tão quietinha e agora anda praguejando, me desafiando...

- Não estou lhe desafiando – o corto e ele inclina a cabeça me observando com seus olhos azuis claros – E o que aconteceu é que andei passando tempo demais com você, o bastante para me tirar do sério

- Então quer dizer que estou te tirando do sério? – ele pergunta e seu olhar desce para a minha boca

- Odeio quando faz isso – falo baixinho e ele sobe o olhar assustado

- O que?

- Flertar – respondo de uma vez irritada – Você flerta com todo mundo, e isso é irritante, sem dizer que acaba se tornando falso e medíocre

Seymour fica em silencio e só o que se escuta é nossas respirações ofegantes, comigo ainda segurando uma ponta do lençol.

- Tudo bem – ele diz com a voz rouca, seus olhos perscrutando os meus – Prometo que daqui para frente tudo o que eu disser para você não vai ser um flerte... – ele se inclina e eu tomo uma respiração – Vai ser a mais absoluta verdade.

Ele se levanta e vai direto para o banheiro. Fecho os olhos ouvindo a batida desenfreada do meu coração e o barulho da água caindo do outro lado.

Deus tenha piedade de mim


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Termino de abotoar minha camisa preta e fecho o zíper da calça justa saindo de uma vez do banheiro. Bryan está sentado com a mala ao seu lado olhando algo no celular quando eu saio

- Está melhor? – pergunto casualmente e ele olha para cima

- Sim, minha garganta ainda doí e ainda posso sentir o gosto daquele tônico horrível, mas estou melhor

Prendo um sorriso e me aproximo hesitante

- Só vou checar sua temperatura – falo e pego em sua testa e em sua bochecha, expiro baixinho aliviada e vejo o olhar dele sobre mim – Sem febre, isso é ótimo

- Posso perguntar uma coisa?

- Sim – falo e ele me olha curioso

- Onde aprendeu todas essas técnicas de cuidar de uma pessoa com resfriado?

- Vídeos explicativos – respondo e me viro pegando minhas coisas para que ele não veja minha expressão

Seymour fica calado e aceita minha resposta enquanto fecha sua própria mala com um clique sonoro.

- Estamos atrasados um dia – ele comenta e eu me viro puxando a mala – Você avisou no hotel?

- Sim, eles disseram que a reserva ainda é valida

- Certo

E com isso voltamos ao normal

O que é bom

Droga de tom de voz triste

Cores da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora