BRYAN
Arrumar a mala era um saco
Resmungo jogando outro par de camisas sociais e fecho a mala com um estalido enquanto olho o relógio. Movimento os ombros e jogo a gravata na cama desistindo de colocar em volta do pescoço.
Não vou usar isso por dez horas seguidos. Arrasto minha única mala e a movo até a sala, me jogo no sofá pegando um copo de uísque e fecho os olhos descansando até que o celular apite com o despertador.
Droga
Arrastando a mala vou até o elevador e mando uma mensagem rápida avisando aos meus pais que estou indo. Leva meia hora até que eu finalmente chegue ao aeroporto, despacho minha mala e ando com minha pasta de couro indo até o meu assento,
Bocejo e me encosto vendo os passageiros entrarem atrás de mim, olho o relógio em meu pulso e franzo a testa quando vejo que Arabela está atrasada para os padrões dela de pontualidade.
- Posso lhe oferecer alguma bebida? – me viro vendo a comissária e lanço meu melhor sorriso
- Talvez uma água
- Não quer nada mais forte? – ela pergunta sorrindo e vejo seus olhos brilharem com malicia. Dou um sorriso e abro a boca para responder que não quando Arabela para ao lado da comissária
- Duas águas apenas, obrigada – sua voz soa lindamente cantada. A comissária se afasta e vai embora sem lançar outro olhar, Arabela se senta ao meu lado com uma bolsa de mão e suspira parecendo aborrecida
- As comissárias estão cada vez mais educadas – comento e ela olha de lado para mim enquanto busca algo na bolsa
- Claro que sim
- Isso foi um tom de sarcasmo? – pergunto segurando um sorriso
Arabela não responde preferindo puxar algo da sua mochila, vejo o que parece ser uma fita vermelha em suas mãos antes que ela apoie a bolsa no chão a nossa frente e comece a prender o seu cabelo em um coque prendendo-o com a fita.
- Onde você estava? – pergunto curioso vendo sua respiração afogueada e sua pele suada
- Não importa, estou aqui agora – ela responde e me olha me desafiando a perguntar. Resolvo não fazer isso.
A comissária nos dá dois copos com água e eu agradeço antes que ela se vá. Me encosto na poltrona acolchoada e o aviso repercute pelo avião, Arabela ao meu lado se senta quieta e eu me forço a ficar olhando para frente em vez de escanea-la da cabeça aos pés.
Eu conseguiria.
Claro que sim
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Ela está dormindo com uma mão embaixo da bochecha esquerda
Seus cabelos se soltaram enquanto se mexia durante o sono e estavam jogados de forma aleatória em seu rosto
E sim, eu sabia que eu tinha falo que não ia escanea-la
Mas dane-se, foi um acidente
Suspiro e estremeço na poltrona quando o avião inteiro balança, a chuva torrencial continua caindo e vejo relâmpagos clareando a expressão ainda passiva de Arabela. Uma comissária passa por nós e eu a chamo baixinho, quando ela se vira para mim eu pergunto
- Desculpe, a tempestade vai causar algum problema?
- Não senhor, achamos que é só uma.... – Outro relâmpago mais forte sacode o avião e eu seguro o corpo de Arabela que acorda desnorteada, piscando ela olha para as minhas mãos agarrando seu braço
- O que...?
- Desculpe, mas é que o avião meio que está se despedaçando – falo e ela arregala os olhos assustada. Dou um sorriso e ela estreita os olhos para mim – Estou brincando
- Ótima hora para brincar sr. Seymour
Abro a boca para falar algo mas paro quando a voz do piloto se sobressai, nos assustando.
- Senhoras e senhores passageiros, infelizmente a chuva e os raios nos impossibilitarão de chegar ao destino da viagem. Sendo assim, vamos parar a algumas horas de distancia de Paris, em uma cidade próxima chamada Estrasburgo.
- Estrasburgo? – pergunto me inclinando e Arabela olha para mim confusa – Tipo a capital do natal?
- Porque parece assustado? – Arabela pergunta
- Você já viu aquele lugar? Parece uma maldita casa de boneca
- E o que tem? Você tem medo de bonecas ou algo assim? – estreito os olhos aborrecido para ela, mas não comento nada porque o avião começou a descer.
Quando o avião finalmente pousa todos começam a sair praticamente correndo para o lado de fora. Arabela vai na frente com sua bolsa e sua mala e eu vou atrás com minha pasta.
- Porque você trouxe sua mala? – pergunto franzindo a testa e ela se vira respondendo
- Tem várias coisas que podem quebrar, achei mais seguro vir comigo
- E suas roupas estão aí também?
- Sim – ela responde simplesmente e eu olho para sua mala pequena. Mulher prática, dou um sorriso e me concentro estremecendo de novo quando sinto o ar gélido bater em meu rosto
- Merda – resmungo e ela pragueja alguma coisa enquanto começa a correr em direção a plataforma. Sua mala se arrasta atrás dela e eu a pego de sua mão para que ela corra mais rápido.
Ensopados e ofegantes paramos debaixo da plataforma de metal e olhamos ao redor vendo o céu escuro
- Precisamos de um táxi e...
- De um hotel? – ela complementa tremendo de frio. Aceno e vou em direção aos táxis.
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Cores da Tentação
RomanceBryan Seymour tem um segredo Ele os esconde a sete chaves, talvez por medo, talvez por receio, mas a verdade é um pouco mais simples.... Ele gosta de saber que tem algo somente dele que ninguém mais sabe. Mas isso pode se tornar algo muito maior se...