Capítulo 42 - Aeroporto

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ARABELA


- MERDA

Faço uma careta enquanto fecho o zíper da minha mala e me viro vendo Dante passar apressado no corredor com passos pesados por todo o caminho. Suspiro e levanto a alça da mala puxando-a atrás de mim, Ikaros pula nela pegando uma carona e eu dou risada

Desço as escadas usando o apoio e coloco a mala em frente a porta, junto com todas as outras.

- MERDA – Dante resmunga outra vez e eu vou até ele vendo-o se abaixar e olhar para o sofá

- O que está acontecendo com você?

- Eu perdi o meu relógio – ele resmunga e eu estreito os olhos

- Está fazendo essa baderna toda só por conta de um relógio? – pergunto e vejo quando ele se vira não me olhando nos olhos. Penso por um segundo e arregalo os olhos – Ah merda, não me diga que é...

- Sim – ele responde e eu me viro olhando ao redor

Quando Dante tinha feito quinze anos mamãe o tinha presenteado com um lindo relógio de couro antigo. Era exclusivo e ela e papai tinham feito o possível para comprar

Dante o tinha carregado por todos os lugares da casa, já que tinha medo de carrega-lo para fora e ter medo de ser roubado. Mas quanto mais ele crescia e ficava enorme, o medo tinha aos poucos extinguido e evaporado

Até porque não acho que tenha alguém corajoso o suficiente para rouba-lo, não quando ele podia possivelmente quebrar o braço de outra pessoa somente com um braço seu.

- Você o levou para fora daqui? – pergunto e olho debaixo da poltrona. Dante me responde com o silencio e eu faço uma careta – Para onde? – pergunto decodificando seu silencio como um "sim" gritante

- Para Madrid – ele responde com a voz baixa – Eu o levei naquele dia que eu fui olhar a casa, se lembra? Um mês atrás

Faço que sim e engulo o pigarreio ao me lembrar que fazia um mês e três dias que eu não via Bryan Seymour.

Me levanto e espano minha saia que bate acima do joelho enquanto suspiro colocando a mão na cintura

- Bom, vamos pensar positivo

- Uhum

- Não seja rancoroso – Dante revira os olhos e eu bato em seu ombro – Talvez o relógio esteja na casa em Madrid

- Talvez – ele diz e suspira olhando ao redor – Então, estamos prontos?

- Acho que sim, só vou pegar a caixinha de Ikaros

Vou para a cozinha e coloco a tigela com leite vendo-o caminhar até mim e atacar o seu lanchinho. Acaricio sua cabecinha e preparo sua caixinha colocando um travesseiro confortável lá dentro

- Você já pegou suas luvas? – pergunto e vejo Dante praguejar antes de subir correndo as escadas – E não se esqueça de sua escova – grito por cima do ombro

Coloco a caixinha no chão com alguns petiscos dentro e vejo Ikaros olhar de mim para a caixa de modo desconfiado

- Relaxe, não vou te levar para tomar vacina

Ele ainda continua me encarando com seu rabo indo de um lado para outro de forma preguiçosa

- Ah vamos lá, confie em mim, você vai gostar

Ikaros mia e um segundo depois ele pula para dentro, se virando no travesseiro pequeno. Dou um sorriso e acaricio seu narizinho antes de fechar a janela com um estalido silencioso

- Pronto – Dante fala e o vejo enfiando as luvas dentro da mochila em seu ombro

- Tome – falo e lhe dou uma garrafa grande com suco natural dentro, ele pega agradecido e me beija na bochecha antes de começa a pegar nossas malas.

Vinte minutos depois estamos dentro do carro, logo depois de eu lembrar a Dante mais algumas coisas antes dele finalmente pegar tudo de ultima hora. Mais vinte minutos depois e estamos em frente ao aeroporto.

Pulo para fora sentindo o coração trovejar dentro do peito e pego minha mala de rodinha e minha bolsa antes de desliza-la para dentro de um carrinho, Dante coloca Ikaros lá também e alguns minutos depois estamos com nossas passagens na mão esperando a hora de embarcar

- Posso fazer uma pergunta? – Dante comenta me olhando de frente e eu aceno distraída bebendo um gole do seu suco antes de entrega-lo – Você falou com Seymour?

- Sobre o que? – pergunto ansiosa e ele levanta um ombro, com um sorriso brincando em seus lábios

- Sobre tudo

- Não nos falamos depois daquele dia – comento e mordo o lábio inferior – Acho que é melhor assim

- Ele não acha isso – Dante diz e eu olho para ele arqueando uma sobrancelha

- Porque diz isso?

- Porque ele está a alguns passos de distância olhando para você nesse exato instante – Dante fala e eu exalo tentando manter minha expressão neutra

- Onde ele está?

- Na pilastra a esquerda – ele me direciona e eu reviro os olhos

- Ele sempre quer estragar meus planos – comento e Dante ri. Pego meu celular e clico com os dedos trêmulos em cima do nome de Seymour


Eu: O que está fazendo Seymour?


Me viro olhando diretamente para ele e vejo quando ele pisca surpreso quando eu aponto para o celular em sua mão. A resposta dele vem segundos depois


Seymour: Vigiando você, mas aí depois eu lembrei que você tem um cara de dois metros perto de você


Dou risada e mostro a mensagem para Dante que ri e olha para Seymour que acena com o celular, meu irmão acena de volta e se inclina sussurrando em meu ouvido

- Agora eu entendo sua decisão – ele diz com um aceno aprovando e eu sorrio antes de olhar para o celular


Eu: Você ama estragar os grandes planos, não é?

Seymour: Eu crio os melhores planos

Seymour: Do que está falando?

Eu: ......

Seymour: Gatinha?


Olho para ele e levanto a cabeça quando a mulher avisa do embarque. Olho para Dante e ele acena pegando suas malas, Seymour dá um passo adiante e eu seguida volta franzindo a testa.

Vou até ele e paro no meio do caminho, ele me olha com a respiração trôpega e eu sorrio apertando a alça da mala de rodinhas

- Te vejo daqui a dois meses Seymour – falo em voz alta e ele pisca confuso, pisco um olho sorrindo e ele puxa uma respiração

- Não brinque gatinha, não faça isso comigo

- Quem disse que eu brinco Seymour? – pergunto e me viro indo em direção ao meu irmão que está me esperando com um sorriso

- Dois meses, me prometa gatinha – Seymour grita e eu olho por cima do ombro sorrindo

- Eu prometo

Cores da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora