BRYAN
Bocejo novamente e pisco tentando entender o que está sendo dito a minha frente. Um homem (que eu esqueci o nome) está discorrendo sobre os riscos de confidencialidade que existe dentro do âmbito jurídico enquanto do meu lado uma mulher com o cabelo amarrado de forma brusca está escrevendo tudo o que ele está dizendo, fazendo um som de lápis irritantemente irritante.
Olho para trás tentando averiguar se Arabela está vindo e meus ombros caem quando não vejo nenhum movimento suspeito. Estalo o pescoço voltando a prestar atenção e me afasto assustado quando a mulher maluca do lápis me cutuca com suas unhas cumpridas
- Sim? – eu pergunto confuso e ela se inclina para o lado
- Você é advogado?
- Sou
- Você não parece advogado – ela diz e eu me viro de lado
- E o que eu pareço?
- Não sei, mas não parece um advogado quando todos estão prestando atenção e anotando as informações enquanto você está bocejando a cada 5 minutos e olhando para trás como se quisesse fugir daqui
- É porque eu realmente quero fugir daqui – respondo e ela balança a cabeça parecendo nauseada. Reviro os olhos e me viro para frente, mas não antes de olhar para trás.
Nada ainda
Resmungo e checo as mensagens no celular tentando ver se ela mandou alguma coisa.
Nada também
Inferno
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Massageando as têmporas me movo entre as mesas onde vai ocorrer o almoço e paro quando vejo Arabela do outro lado conversando com um senhor de aparência tediosa. Ela está assentindo brevemente enquanto ele continua falando, aproveito a distração dela e a observo de longe.
Ela está com um vestido batendo um pouco acima dos joelhos, de cor verde escuro fazendo com que seus cabelos longos e ondulados sejam ressaltados. Um sorriso automático aparece me chamando atenção e eu vou até ela.
- Boa tarde – anuncio e ela se vira suspirando baixinho. O senhor se vira para mim e eu estendo a mão – Bryan Seymour
- Roger Wilson – ele diz com um aperto firme e eu olho para Arabela
- Você não veio na reunião, estava ficando preocupado – começo e olho de lado para Wilson – Ficou presa com...
- Desculpa – ela diz apressada me interrompendo e eu arqueio uma sobrancelha quando percebo que ela entendeu minha intenção de colocar a culpa em Roger – Eu estava cuidando de algumas coisas na sua agenda da semana que vem
- Não sabia que podia trazer assistentes para esse tipo de conferencia – Wilson fala chamando nossa atenção, contraio os lábios já prevendo voltar ao mesmo assunto.
- Não sabia que era proibido – ressalto com a voz dura e ele franze a testa
- O senhor Wilson estava me explicando sobre os diversos fatores que correspondem a advocacia na América – Arabela comenta cortando o assunto – E ele foi muito gentil em me explicar sobre as relações que existem entre um país e outro
Franzindo a testa me viro para ela e a vejo lançando um sinal que eu escolho ignorar
- Tenho certeza que você também tinha algo a dizer, já que é especialista em relações internacionais – Wilson pigarreia e eu nem ao menos me viro, já Arabela se vira com aquele sorriso automático e prático
- O sr. Seymour gosta muito de exagerar – ela diz e continua – Enfim, estamos com certeza impedindo o senhor de ir almoçar. Agradeço bastante o seu tempo sr. Wilson
- Quando estiver com tempo livre posso com certeza explicar melhor sobre tudo o que se relaciona ao que eu estava dizendo – Roger diz e com um aceno de cabeça vai embora.
- Já vai tarde – comento e Arabela pisa em meu pé – Aí
- Você sabe quem ele é? – ela pergunta resmungando e eu dou de ombros
- Tenho certeza, pelo seu tom, que eu deveria conhecer
- Sim, deveria – Arabela suspira e se vira indo para o buffet – Ele é dono de uma das maiores empresas de advocacia empresarial europeia
- E o que isso tem a ver com...
- Você deveria vir a essa conferência com o intuito de fazer seu nome – Arabela continua me interrompendo de novo – E é isso o que nós vamos fazer
- Não gosto disso – respondo e arrasto a cadeira de Arabela, ela se senta e apoia seu prato na mesa
- Muito menos eu, mas tudo tem seu sacrifício
- Você não deveria se prestar ao papel de menos inteligente para ganhar favores para mim Arabela – comento estalando a mandíbula e ela pisca parecendo confusa
- Eu não estou fazendo esse papel
- Está sim, quando eu disse que você era especialista você me contradisse
- Seymour, preciso que entenda uma coisinha – ela diz e se inclina – Homens como ele, poderosos além da conta, sempre vão querer representar força e distinção. Quando alguém, e esse alguém pode ser qualquer um daqui, demonstra ter um pouco mais do que ele oferece como único, ele começa a ruir, e essa ruína pode afetar os que estão a volta.
- Então está dizendo que devemos sempre estar um passo atrás?
- Não você, mas eu sim – ela diz como se não fosse nada. Me inclino também e olho para aqueles olhos cinzas tão escuros
- Preciso que você entenda uma coisinha também Arabela Turner – minha voz sai sussurrada e ela arqueia uma sobrancelha esperando – Você nunca deve ficar atrás de ninguém e nunca deve ocultar quem de fato você é. Não importa se o homem for o maldito rei, se imponha
- Eu não...
- Você pode, sabe que sim – eu falo interrompendo-a – Faz isso o tempo inteiro, maldição, você parecia uma maldita general comandando tudo pela frente. Nunca vi meu escritório tão organizado em anos trabalhando lá
Arabela sorri revirando os olhos e eu observo seu corpo relaxar depois de alguns segundos
- Vai fazer isso? – pergunto suavemente e ela estreita os olhos pensando, depois de alguns segundos ela assente levemente e eu me afasto – Ótimo, e da próxima vez não me deixe sozinho na bendita conferencia
- Porque? Fez algo de errado? – ela pergunta maliciosamente com um sorriso e depois para quando vê minha expressão – Ai meu deus, o que você fez?
- Eu não fiz nada – falo e corto um pedaço da carne – Mas tinha a mulher maluca do lápis que me assustou
- Mulher maluca do lápis? – ela repete desconfiada e eu explico
- Você tinha que ver, ela ficava a todo tempo escrevendo e juro que quando o palestrante espirrou ela escreveu isso também
Arabela ri baixinho e eu sorrio apreciando o som
- O que foi? É verdade – eu falo fingindo estar magoado
- É claro que não é, você ama inventar histórias – ela diz bebendo um gole de sua água
- Eu não invento histórias
- Inventa sim, e com perfeição, devo acrescentar
- Eu só conto fatos – ressalto e ela balança a cabeça negando
- Mentira, você ama inventar
- Que afronta – eu falo chocado e ela ri de novo
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Cores da Tentação
RomanceBryan Seymour tem um segredo Ele os esconde a sete chaves, talvez por medo, talvez por receio, mas a verdade é um pouco mais simples.... Ele gosta de saber que tem algo somente dele que ninguém mais sabe. Mas isso pode se tornar algo muito maior se...