Capítulo 5 - Igreja

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ARABELA


Afastando uma mecha de cabelo do rosto observo ao redor da igreja e reviro os olhos quando vejo Bryan vindo de forma devagar quase parando pela entrada principal.

Me viro para a entrada e o sinto me acompanhando enquanto entro debaixo do teto abobado da igreja pequena. Bancos de madeira circulam ao redor e eu ouço o suspiro de Bryan, olho de lado para ele curiosa e o vejo observando ao redor

- O que? – pergunto por fim e ele se vira para mim

- Essa igreja é meio deprimente

- Não chamaria de deprimente, talvez só muito silenciosa – comento e vejo um pajem andar de encontro ao altar

- Igrejas são silenciosas, mas essa é deprimente – Bryan volta a falar e eu olho para ele divertida

- Está com medo? Ou assustado?

- Claro que não – ele diz levantando um ombro e colocando aquele sorriso quando encontra um cliente. Olho para frente e vejo o garotinho vindo até nós

- Olá, boa tarde – ele diz e nos olha curioso – Marcaram uma confissão?

- Não – eu respondo rapidamente – Viemos falar com Vincent Davies, ele se encontra?

- Sim, mas ele está confessando agora

- Podemos esperar então? – pergunto e ouço um resmungo inaudível de Bryan ao meu lado

- Sim, claro – o menino responde e aponta para um dos bancos – Vou falar para ele quando estiver disponível que estão esperando

- Obrigada – eu falo meio assustada e vou em direção ao banco me sentando e estremecendo com a madeira fria. Bryan se arrasta se sentando ao meu lado e eu me inclino sem conseguir me conter para frente sussurrando – Você viu?

- O linguajar coreografado dele? Vi sim – Bryan responde também em sussurro

- Acha que foi coreografado?

- Pareceu uma mensagem de voz automática – ele comenta e eu prendo um sorriso olhando para frente. Bryan se mexe ao meu lado suspirando – Isso vai demorar anos

- Não acho, talvez ele já estivesse a um tempo confessando

- Acredite vai demorar – ele volta a resmungar e eu suspiro

- Não seja negativo


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Estávamos a uma hora esperando

Uma maldita hora

- Ah que maldito inferno – Bryan resmunga e eu levanto a cabeça

- Acho que não é legal xingar dentro de uma igreja – comento e ele revira os olhos bufando

- Já eu acho que não é legal nos deixar esperando como s...

- Desculpem-me pelo atraso – nos levantamos em sincronia como se estivéssemos a um pulo de ir embora e observamos um homem novo vindo em nossa direção vestido de batina

- Tudo bem – eu falo tentando apaziguar a raiva de Bryan – Nós só queríamos conversar com você sobre algumas coisas. O senhor pode responder agora?

- Sim, claro – ele diz e nos mostra uma sala adentrando a igreja. Nos sentamos em cadeiras de madeira e vejo Bryan continuar em pé observando a sala em tons escuros – No que eu posso ajudar?

- Nós estávamos.... – Começo e paro quando a voz de Bryan se sobressai

- Nos moramos no mesmo condomínio de Beatrice Davies – ele fala em tom descontraído enquanto enfia a mão dentro dos bolsos – E enquanto eu estava saindo de casa vi algumas atitudes do namorado dela que achei um tanto interessantes

- Que atitudes? – Vincent pergunta confuso e eu olho para Bryan deixando que ele continue sua história até ver onde vai parar

- Ele estava apertando-a de uma forma agressiva. Vi algumas marcas roxas em seu braço e até mesmo um olho meio machucado – ele continua e para se aproximando – O senhor como tio dela saberia qual o tipo de relacionamento que sua sobrinha está envolvida?

- Ah meu deus – Vincent fala e coloca a mão na cabeça fechando os olhos – Eu disse para ela que ele era meio estranho. Mas ela me prometeu que ele era um bom homem, mesmo não a tendo pedido em casamento, mas hoje os relacionamentos são tão conturbados – ele nos olha e sua mão voa para a minha mão – E pelo que vejo vocês dois também estão em um relacionamento conturbado

Relacionamento conturbado?

Haha, muito engraçado

- Eu menti – Bryan diz e se senta na cadeira ao meu lado – Falei para ver qual seria sua reação. Tinha medo de que se você soubesse, sua resposta teria sido ensaiada ou algo parecido

- Eu não mentiria – Vincent diz parecendo contrariado e eu me viro para ele

- Nós não podíamos arriscar – respondo e ele olha para mim

- E quem vocês são de fato?

- Meu nome é Arabela Turner e sou assistente de Bryan Seymour – aponto para o lado explicando – Ele é advogado, e nós recebemos uma denúncia anônima de alguém próximo da sua sobrinha

- Ela está em perigo? – ele pergunta assustado e Bryan responde com um toque de sarcasmo

- Não se ela não continuar com o namorado

- E... – Vincent fala e depois pigarreia – O que eu posso fazer para ajudá-la?

Bryan olha para mim e assente me deixando no controle de explicar, então eu explico

Detalhadamente.

Cores da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora