Capítulo 18 - Aconchegos e Cochilos

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BRYAN


Eu podia não ser considerado um cara que é observador, mas hoje eu percebi algo. E iria proteger essa informação como um ladrão protege uma joia preciosa.

Usaria ela, é claro, mas somente quando tivesse a oportunidade perfeita

A informação? Digamos que eu percebi como Arabela estremecia quando eu citava os livros que ela mais gostava. Prendo um sorriso olhando para o lado de fora da janela do avião pensando em como suas bochechas ficavam vermelhas quando me ouvia citar.

- Precisam de algo? – me viro sorrindo e nego com a cabeça de novo. A mulher passa por nós com um sorriso e vejo Arabela ao meu lado revirando os olhos

- Sério, beira o ridículo o quanto ela está sendo objetiva em se manter na sua linha de atenção

- Ela só está sendo uma boa comissária – comento me virando de lado e Arabela sorri com ironia

- Já viajei de avião várias vezes e nunca fui tão bem atendida assim

- Vai ver é porque sua expressão de assassina atrapalhe um pouco a comunicação de outros seres humanos com você – Arabela estreita os olhos em minha direção e eu pigarreio – Estou brincando é claro

- Achei mesmo – ela diz e sua mão folheia as páginas da sua agenda contendo tantos rabiscos que eu me perderia se olhasse sozinho – Vincent mandou um e-mail

- Verdade? E o que ele descobriu? – pergunto curioso e ela se vira para mim com um dos seus sorrisos raros

- Na verdade, ele não somente descobriu como tirou fotos

- O que? – assustado pego o celular dela e deslizo o dedo pelas fotos inclinando a cabeça quando vejo o ângulo das fotos – Ele estava dentro do armário da cozinha?

- Não, ele disse que deixou uma câmera dentro do lixo que fica perto do armário, e voltou para buscar no mesmo dia em que ele sabia que ela iria retirar – Arabela explica e eu devolvo o celular franzindo a testa

- Isso pode ser um ponto negativo, por mais que tenhamos provas ele não poderia deixar uma câmera sem a...

- Autorização – ela completa e eu aceno concordando – Mas ele recebeu permissão da sobrinha. Vincent chegou na casa dela minutos antes de o namorado chegar, então conseguiu falar com ela a sós enquanto colocava a câmera

- Bom, então aí temos o caso – falo aliviado – Vou falar com meu amigo na polícia, mande a sra. Navas vir até o escritório daqui a dois dias. Logo em seguida peça para Vincent comparecer na casa da sobrinha amanhã pela tarde

- É quando você enviará? – ela pergunta anotando tudo e piscando rapidamente e logo em seguida coçando os olhos fungando

- Alergia? – eu pergunto curioso e ela balança a cabeça

- Sim – ela diz e se virando para mim ela sorri sarcástica – Alergia de você

- Aí, essa doeu – falo sorrindo, feliz por seus comentários nada irritados e sim leves e descontraídos – E respondendo a sua pergunta sim. Mande Vincent porque a sobrinha dele pode ficar um pouco instável depois disso

- Tudo bem – ela diz e termina de anotar. Inspirando ela guarda a agenda cheia de adesivos coloridos marcando a urgência e se deita na poltrona ficando confortável. Faço o mesmo e fecho os olhos apreciando o silencio e o perfume dela ao meu lado

Meia hora depois Arabela está dormindo tranquilamente ao meu lado, sei disso porque sua respiração fica cadenciada e seu corpo está completamente relaxado. Bocejo também ficando sonolento e apoio minha cabeça no vidro da janela.


✴✴✴✴✴✴✴


Acordo com o piloto do avião anunciando o pouso em New Orleans e levanto a cabeça minimamente antes de parar vendo a cabeça de Arabela apoiada confortavelmente em meu ombro, sua mão descansa em cima do meu coração e eu puxo uma respiração quando vejo que minha mão está circulando sua cintura a puxando para mais perto.

Ela se move minimamente e eu fecho os olhos rapidamente fingindo dormir, controlo minha respiração e quando a sinto se afastar eu me movo e abro os olhos lentamente vendo-a piscar confusa com os cabelos meio amassados do lado esquerdo.

Bocejo ruidosamente e me sento me esticando, ela me observa estreitando os olhos e eu sorrio inocente.

- Acho que acabamos de dormir a viagem inteira – comento e ela assente parecendo ainda perdida – Será que a comissária vai aparecer de novo? – pergunto esticando o pescoço e escuto ela resmungar ao meu lado

- Idiota

- Eu escutei isso – falo divertido

- Era para escutar mesmo – ela diz arqueando uma sobrancelha. Dou risada e logo em seguida nos preparamos para sair do avião.

Arrastando a mala olho o relógio e suspiro vendo que passa das oito da noite. Porcaria, perdi o jantar.

- Meu carro está no estacionamento ainda – falo e olho para Arabela que observa o aeroporto – Te dou uma carona

- Ah não precisa – ela diz suavemente e olha para a tela do celular, parando brevemente ela digita algo e eu paro curioso

- Já tem carona?

- Na verdade, sim – abro a boca para perguntar, mas ela olha por cima do meu ombro sorrindo suavemente. Me viro para trás e arregalo os olhos quando vejo o homem da minha altura, coberto de tatuagens e cicatrizes vim em nossa direção.

- Ahn... – eu começo e olho para Arabela que vai para o lado do homem tatuado

- Bem na hora – ela diz e ele sorri passando o braço por seus ombros com familiaridade

- Deus me livre te deixar esperando Belle – franzo a testa com o apelido e Arabela se vira para mim

- Seymour esse é Dante – ela diz rapidamente. O homem ao seu lado acena e eu estreito os olhos para ele reconhecendo finalmente

- Você é aquele lutador, não é? O que chamam de lobo

Dante acena confirmando e aperta o ombro de Arabela, ela sorri para mim e acena

- Até amanhã sr. Seymour

- Até – falo com a voz fraca e acompanho com os olhos quando eles saem do aeroporto. Dante beija sua cabeça e fala alguma coisa à fazendo rir.

Me viro indo na direção do estacionamento e depois que entro dentro do carro pesco o celular indo na área de pesquisa. Digito o nome de Dante e alguns segundos depois estou vendo sua imagem em diversos sites.

Suspiro aliviado quando vejo o sobrenome dele e sorrio quando percebo que o irmão de Arabela é um lutador famoso pelo mundo inteiro. 

Cores da TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora