ARABELA
- Seymour? – pergunto me afastando e vejo ele piscar uma, duas, três vezes antes de olhar para baixo – Você está bem?
- Porque? – ele pergunta e eu pisco confusa
- Porque o que?
- Porque acha isso? – ele explica e eu puxo uma respiração enquanto tento encaixar os pensamentos em uma linha breve
- Longa história, e só vou contar se você me afirmar – falo e ele olha para cima me observando – Estou brincando Seymour
- Ah
Curiosa me inclino e toco com a ponta dos dedos em sua bochecha, ele inspira e eu dou um sorriso
- Você está com vergonha? – pergunto assombrada e ele balança a cabeça negando
- Claro que não, e eu não confirmei nada
Ele não precisa confirmar nada
Mas não digo isso a ele, mordo o lábio inferior e me afasto enquanto começo a contar
- Acho que começou em Paris
- Paris? – ele pergunta assustado e eu dou risada
- Seymour você estava citando poetas e filósofos como quem fala sobre o dia
- Isso não quer dizer nada – ele pontua e eu levanto um ombro
- Para mim disse algo
- O que?
- O fato de que eu não o conhecia de verdade – faço uma pausa e pigarreio – Quando eu comecei a trabalhar para você via somente o poderoso Bryan Seymour, aquele cara que era muito bom no que fazia e que flertava com todo mundo
- Eu não...
- Você faz sim – interrompo e ele bufa revirando os olhos – O fato é que eu pintei um quadro e não vi além dele, entende? Então em Paris eu percebi o meu erro e depois você fez aquela citação no baile
Ele fica em silencio e eu dou um sorriso
- Aquilo foi mais ou menos a confirmação Seymour
- Eu só citei um cara
- E não falou o nome dele – eu pontuo e ele estreita os olhos – Citou como se fosse seu, então hoje de manhã eu talvez tenha entrado no seu escritório – faço uma pausa e espero que ele grite comigo
O que ele não faz
Na verdade, ele fica esperando, sem nenhuma surpresa
- Não vai discutir comigo? – pergunto e ele pisca confuso
- Porque?
- Porque eu entrei no seu escritório sem sua permissão – comento e ele revira os olhos de novo
- Ah pelo amor de deus Arabela – sua voz soa cansada e eu espero – Você entrou na minha vida, no meu coração e nenhuma das vezes me pediu permissão. Acha mesmo que precisa pedir permissão agora?
Abro a boca chocada com suas palavras e olho para o outro lado para não parecer uma idiota
- Você sinceramente precisa parar com isso – eu falo com a voz rouca e ele arqueia a sobrancelha
- Com o que?
- Com isso – eu aponto para ele – Com essas declarações do nada, como se de fato acreditasse nelas
- Mas eu acredito gatinha
- Jesus – falo e massageio minha têmpora ignorando que meu coração está praticamente dançando dentro do meu peito – O fato – continuo com a garganta meio fechada – É que eu vi o livro de Killian, e aí eu vi o sobrenome e sem querer pensei no seu
- Nayrb? – ele pergunta e eu aceno confirmando lentamente
- Você foi bastante criativo Bryan – eu friso seu nome e ele sorri virando o rosto para o lado
- Foi uma brincadeira
- Que deu certo
- É o que você acha – ele comenta e eu vejo sua expressão desconfiada.
Então eu percebo
Bryan Seymour poderia ser muitas coisas, até mesmo confiante em algumas coisas, mas de repente ele não parece confiante sobre si. Ele parece envergonhado de alguma maneira, até mesmo vulnerável
E eu odiava isso
- Vem comigo – eu falo e desço da bancada, ele pisca confuso
- Aonde?
- Não está com medo, está?
- Um pouco – ele diz e sorri quase voltando ao normal – Você está com um sorriso meio maluco
- Não tenho esse sorriso – comento – Você é que tem
- Até parece – ele diz rindo e eu reviro os olhos pegando sua mão
- Vamos lá sem vergonha
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Cores da Tentação
RomanceBryan Seymour tem um segredo Ele os esconde a sete chaves, talvez por medo, talvez por receio, mas a verdade é um pouco mais simples.... Ele gosta de saber que tem algo somente dele que ninguém mais sabe. Mas isso pode se tornar algo muito maior se...