Capítulo 5

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  Saio do quarto de hóspedes da casa da Lilly calçando tranquilamente minhas pantufas.

  – Aah – Bocejo – Bom dia, Lilly.

  Ela levanta da mesa com a mão na cintura.

  – Bom dia. Mudou de idéia?

  – Sobre o que? – Pergunto pegando uma torrada da mesa.

  – Não se faz de sonsa.

  – Então não faça perguntas idiotas, é claro que não mudei de idéia. Se ele quer brincar de recadinho, vamos brincar de recadinho.

  – E como você vai fazer isso?

  Levanto a sombrancelha com um olhar sarcástico na direção da Lilly enquanto me sento a sua frente.

  – Esqueceu que a gente tem um hacker mega incrível do nosso lado?

  – Ele não vai aceitar fazer isso...

  – Não vai ser agora, vou fazer outras coisas antes de bolar um plano melhor. Temos uma listinha pra terminar e ele pode esperar.

  – Vai ficar sem falar com ele?

  – Como se eu conseguisse por muito tempo, né? Eu só estou chateada com ele porquê ele sempre me preocupa quando esconde as coisas.

  – Talvez ele só não posso contar agora.

  – Ele nunca pode. E o que vamos fazer hoje? Logo vamos ao bar.

  – Hoje eu vou trabalhar, então discutimos sobre o Phil e o Barret também amanhã. E sobre o cronograma de hoje, eu vou te levar pra oficina com o Richy e a Jessy.

  – Eu não preciso de babá.

  – Da forma que você está se comportando precisa sim.

(:

  Resolvemos ir caminhando, eu nunca me canso das ruas dessa cidade (apesar de eu só ter chegado há alguns dias). Duskwood é linda demais, Jessy tinha toda razão.
  Nós chegamos a garagem dos Roger's, eu reconheço imediatamente quando me lembro da foto do sinal do corvo que o Richy me mandou.
  Ao entrar na garagem eu vejo Jessy na recepção, ela está escrevendo em alguns documentos e levanta a cabeça abrindo um grande sorriso quando me vê.

  – Lilly e S/n! Que ótima visita!

  – Olá Jessy – Lilly sorri com amabilidade e eu faço o mesmo.

  – Lilly veio me deixar com minha babá.

  – Que bom, vou adorar cuidar dessa bebê.

  Nós damos risada e Lilly balança a cabeça rindo.

  – Você está em boas mãos, até logo e se comporte "bebê" – Se despede.

  – Você também "mamãe".

  Jessy dá risada divertida e se levanta indo na direção do aquário.

  – Já ia esquecendo – Ela pega a ração e coloca na água – Os peixinhos coloridos também estão dizendo "oi".

  Eu aproximo minhas cabeça do vidro para ver os peixes mais de perto, e faço uma voz engraçada para falar com eles.

  – Olá, peixinhos coloridos, é um prazer conhecer vocês. Vocês parecem muito agitados.

  – Eles ficariam bem saborosos em um prato também.

  Me viro de uma vez e vejo Richy com um macacão todo sujo de graxa sorrindo enquanto pega uma xícara de café da recepção.

  – Que maldade! – Jessy exclama.

  – Com um arroz bem quentinho e uma salada de alface e tomate – Eu completo dando risada.

  – Hmm... Ow ow! Melhor ainda no espaguete!

  – Caramba, como não pensei nisso?! – Nós dois começamos a rir.

  – Isso não tem graça... – Jessy faz um biquinho emburrado ficando na frente do aquário como se para proteger os peixes.

  – Hahah, não vamos comer os peixes Jessy!  – Digo para tranquiliza-la.

  – Ainda... – Olho para o Richy para repreende-lo mas ele apenas me dá uma piscadela de cumplicidade.

  Ajudei um pouco a Jessy com os papéis, e fui de grande ajuda para o Richy induzindo os clientes a quererem gastar mais com seus carros. Foi até divertido!
  Por um segundo na companhia deles eu me esqueci dos problemas dessa investigação que ficam martelando na minha cabeça o dia todo.

  – S/n?

  – Sim, Richy?

  – Você pode pegar uma maleta de ferramentas novas que deixei no escritório?

  – Posso sim, onde elas estão?

  – Na mesa.

  – Ok.

  Entro na sala do Richy e procuro a tal maleta, mas não está em cima da mesa (que estranho...) Quando olho ao redor percebo que a gaveta está aberta, assim que me aproximo para fecha-la cerro os olhos.
  Tem um remédio pra dormir aqui...? Um fleshback do que o Alfie disse passa pela minha cabeça. Ela não estava ensanguentada, mas estava desacordada. Dormindo...
  Eu o pego e espremo os lábios. Não gosto do que eu estou pensando agora. Pare de pensar coisas sem sentido, S/n! Não temos certeza de como ele a desmaiou.
  Alguém entra no escritório e eu me assusto.

  – Encontrou as ferramentas, S/n? – Richy olha para minha mão – O que houve?

  Eu guardo o remédio rapidamente e fecho a gaveta.

  – A-ah desculpe, é que você esqueceu aberta – Olho para embaixo da mesa e vejo a maleta de ferramentas – Ouh, a maleta está aqui!

  Me abaixo para pegá-la e quando levanto minha cabeça me assusto com o Richy na minha frente.

  – Você está bem?

  – Uh, ah é que... O remédio na sua gaveta, você toma remédios para dormir?

  Richy parece um pouco desconfortável.

  – Bom... É que...

  Eu aperto o cenho, o que eu estava pensando em perguntar isso? Fiquei maluca?

  – Olha, toda essa bagunça tem acabado comigo. Então eu tenho tido muita dificuldade em dormir... – Ele fala parecendo triste.

  Sinto sinceridade nos olhos dele, eles estão cansados. Me lembro de uma conversa que tive com a Jessy, Richy esconde quando não está bem. Ele é como eu...
  Ao mesmo tempo que eu acredito eu me culpo por duvidar, é o Richy ele não... Ele não faria isso.

  – Me desculpe, Richy. Eu sinto muito.

  – Não, tudo bem! Não se preocupe, estamos todos a flor da pele – Ele pega a maleta – O expediente já está acabando, vamos?

  – Claro.

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