Capítulo 10

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  Pego minha mala e olho pro Alan com um sorriso sem graça tentando disfarçar que Jake também me surpreendeu.

  – Éh... Então eu já vou.

  Vejo um carro estacionando na rua com um homem encostado em seu capô. Ele está usando uma jaqueta de couro preta, calça jeans escura e uma bota coturno. O cabelo dele é cacheado e ele tem a pele preta como a noite, lisa e reluzente. (Uau)
  Quando dou um passo Alan segura meu braço, o homem que está esperando no carro se levanta encarando o Alan. Como se para lembra-lo que ele não deve fazer nada.
  (Jake falou sério quando disse que Rudy odiava atrasos)
  Volto minha atenção para o Alan.

  – Alfie disse ter visto Hannah ao Sul do hotel. Ela foi levada por alguém para dentro da floresta e eu acredito nele.

  Alan solta meu braço.

  – Obrigado, S/n.

  O delegado encara Rudy e faz uma pergunta nada sútil.

  – Você trabalha pro hacker?

  Ele solta uma risada charmosa e eu vejo Lilly corar.

  – Você é engraçado, delegado. Vem, S/n – Ele olha para Lilly e sorri de lado, mais uma vez ela fica vermelha.

  Na estrada o silêncio fica um pouco constrangedor, olho para Rudy e aperto os lábios para não perguntar mas é mais forte que eu.

  – Por que você olhou daquele jeito pra Lilly?

  Ele não fica surpreso, me olha brevemente de canto e um sorrisinho maroto aparece em seus lábios.

  – Você é péssima para puxar assunto.

  – Qual é, eu tô tentando.

  Ele faz careta e eu fico sem graça enterrando as costas no banco do carro. Pouco depois Rudy fala comigo.

  – Desculpe por isso. Mas como compensação... – Ele pega uma caixa que estava perto do guarda copos.

  Eu abro curiosa e contemplo rosquinhas com calda de chocolate que parecem muito tentadoras!

  – Meu Deus, eu adoro rosquinhas de chocolate! Obrigada!

  – Não agradeça a mim, Jake pediu para que eu comprasse pra você.

  (Meu Deus, que fofo) Arrumo minha postura e levanto uma sombrancelha.

  – Então está me recompensando com as rosquinhas que JAKE pediu para você comprar?

  – Basicamente isso – Ele fala sem um pingo de vergonha na cara.

  (Mané) Dou risada mordendo a rosquinha.

  – Quando Alan perguntou se você trabalhava pro Jake você deu risada. Por que é engraçado? – Pergunto curiosa.

  – Não trabalho para o Jake, e a idéia é engraçada por ser absurda.

  – Hmm... Então vocês são amigos?

  – Digamos que nos conhecemos há muito tempo.

  Penso com meus botões que Rudy é bastante próximo do Jake. Ele não confiaria nele caso contrário.

  – Você me lembra muito o meu Jake.

  – Seu Jake? – Ele levanta a sombrancelha como se eu tivesse dito algo ousado.

  (Merda, eu só chamo ele de "meu" em meus pensamentos!)
  Tento parecer menos boba mas acho que minha cara me entregou. Rudy dá risada divertido com a minha expressão.

  – Você comeu pimenta? – Ele ri – Imaginei que vocês tivessem alguma coisa.

  – S-sério? Mas por quê?

  – Você é a única que o deixou preocupado pela primeira vez desde que o conheço, não seria assim se não houvesse algo.

  – É complicado sabe – Fico com vontade de aluga-lo para desabafar toda a minha vida amorosa, mas me contenho – Então você conhece o Jake bem. Mas "única que o deixou preocupado pela primeira vez"? Então houve outras na vida dele?

  Rudy me olha de canto. É claro que ele não vai contar e o fato de não negar me deixa enciumada.
  Sei que não é saudável sentir ciúmes do passado do Jake então eu tento fingir que não me importo.

  – Ok, senhor-mistério.

  Vai ficando muito tarde, e quase não consigo conter o cansaço que chega ao meu corpo. Sem perceber meus olhos ficam pesados e logo tudo escurece.

(:

  Sinto meu corpo ser segurado sem nenhuma dificuldade. Uma brisa gelada toca o meu rosto mas o calor de quem está me segurando me aquece.

  – Teve problemas?

  – Nenhum. Ela não parava de falar então dormiu.

  Sinto o peito do meu salvador arfar. Ainda estou um pouco sonolenta mas reconheço essas vozes, é o... É o Jake que está me segurando?!

  – Vou levá-la para dentro, espere na sala eu quero falar com você.

  Ele começa a caminhar e o vento frio bate nos meus braços nus. Ele parece sentir que estou com frio e me aperta contra ele, suspiro sentindo seu perfume suave.
  Acho que ele sobe alguns degraus e empurra a porta com o pé, sinto lençóis quentes quando ele me coloca em uma cama mas não ouso abrir os olhos, não quero que ele se afaste.

  – Você é complicada, S/n...

   Ele me cobre com uma coberta quente e ouço a porta se fechando.
  Tento mas não dá (esquece, não vou conseguir dormir). Abro os olhos lentamente e vejo uma janela do lado da cama. O quarto é iluminado apenas pela lua cheia lá fora.
  Me espreguiço e levanto puxando o cobertor, olho ao redor, um cheiro suave e amadeirado preenche o ambiente, o quarto é espaçoso e a cama é muito macia, eu poderia ficar aqui por horas.
  Me levanto descalça, e sinto o piso gelado. Ouço um murmúrio baixo vindo de baixo. 
Abro a porta devagar e sigo a voz descendo com cuidado e parando ao ver os dois homens conversando.

  – Eu nunca me meto em seus assuntos, você sabe o que faz. Mas você é um foragido agora, ela vai te atrapalhar – Rudy fala num tom que eu não conhecia.

  – A segurança dela se tornou pessoal pra mim. Não se preocupe, está sob controle.

  – Certo, a garota está entregue. Te aviso se tiver notícias.

  Rudy vai embora e eu volto depressa para o meu quarto me escondendo embaixo das cobertas quando a porta se abre novamente.

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