Capítulo 4

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  Eu não esperava por isso.

  – Alfie... De quem você está falando?

  – Você também é amiga da garota morta? – Ele diz um pouco estranho.

  Olho de canto na direção da Lilly e ela não parece nada confortável.

  – Ok... Meu nome é S/n. Eu gostaria de conversar com você. Você se importa? – Eu pego um pirulito da minha bolsa – Aqui. Tudo bem se você não quiser, eu não quero te forçar, está bem?

  O menino faz que sim com a cabeça e eu suspiro tentando me lembrar do que o Jake me disse hoje de manhã. Ele disse que precisávamos de um local específico.

  – Alfie, você viu alguém ser levado para floresta?

  Ele faz que sim com a cabeça.

  – Onde você viu?

  – Foi o homem sem rosto. E-ele levou ela!

  – Você pode me dizer onde exatamente você viu?

  Dessa vez ele faz uma careta e eu fico preocupada. (Deus... O que essa criança viu?) Alfie fica em silêncio e começa a apertar seu ursinho nervoso.
  Cleo não me disse que ele estava assim. Talvez o que o inconsequente do Thomas fez o deixou assustado. Lilly se aproxima e também se abaixa ao meu lado para olhar para o Alfie.

  – Lembra do que você me disse aquela vez que iria tomar uma injeção? Você é um menino corajoso não é, Alfie?

  Ele faz que sim com a cabeça e ela estica a mão.

  – Então você pode nos levar até lá?

  Esticando a mão para pegar na da Lilly ele se levanta. Eu os sigo analisando a floresta do outro lado da rua.
  Então é essa a floresta que rodeia Duskwood. Uma busca aqui duraria bastante tempo, mas se tivermos um ponto de partida ficaria bem mais fácil.
  A polícia pensou nisso, não pensou?
  Alfie aponta para um ponto da floresta ao lado do hotel, olho para o mapa. Sul. A única marcação deste ponto para o Sul que eu tenho no mapa é a casa dos desafios...
  A misteriosa casa dos desafios...
  Lilly parece ter pensado o mesmo que eu.

  – Alfie, como você sabia do que eu queria falar? – Eu pergunto.

  – A tia Lilly está aqui. Ela nunca mais veio aqui.

  – Entendo... Mas por que tem tanta certeza de que Hannah está morta? Quando você a viu ser levada, ela gritava ou se movia?

  – Ela não fez nada...

  – Havia sangue, Alfie?

  – Não... ELA ESTAVA MORTA! ELE DISSE PARA EU NÃO DIZER! ELA ESTÁ MORTA ELA ESTÁ MORTA!

  Alfie começa a gritar e lágrimas brotam em seus olhos. Eu me afasto assustada com o quanto ela ficou alterado e Lilly tenta acalma-lo.

  – Alfie, está tudo bem. Ei, está tudo bem, eu estou aqui, meu amor.

  Nada do que ela diz adianta, e um homem sai do hotel e nos olha se aproximando. Ele é bem mais velho do que eu, um senhor que aparenta ter uns 50 anos.
  Quando Lilly nota que ele se aproxima se afasta de Alfie o deixando acalma-lo. Alfie abraça o homem que rapidamente o tranquiliza.

  – Me desculpe, Gray. Nós estamos indo.

  Lilly me faz sinal e eu a sigo, por sorte um táxi passa por nós e eu olho para o senhor uma última vez. Ele me olha com a expressão fria e eu sinto minha pele arrepiar.
  Assim que paramos em frente ao hotel que estou hospedada eu questiono a Lilly como ela está.

  – Está tudo bem com você?

  – Está. Mas Alfie repetindo que minha irmã está morta me deixou desorientada.

  – Ela está viva, Alfie a viu dormindo, tenho certeza disso.

  – Como você pode ter tanta certeza?

  – O sequestrador não faria tudo isso se Hannah já estivesse morta.

   Nós subimos e eu dou um copo d'água para Lilly.

  – Você não precisa ficar em um hotel. Tem bastantes espaço na minha casa.

  – Eu sei, Lilly. Mas acho que preciso do meu espaço.

  Sou interrompida pelo toque do meu celular, o número é desconhecido e eu tenho um péssimo pressentimento quando olho para a expressão séria que Lilly faz ao mesmo tempo que eu.
  Eu levo o telefone ao ouvido com medo do que pode ser.

??: É uma surpresa que você tenha vindo para essa cidade depois de todas as ameaças. - respiração pesada - Agora eu posso te dar um fim definitivo...

  Ele desliga o telefone e eu jogo meu celular em cima do sofá suspirando.

  – Era aquele maldito, não era?!

  – Ele disse que agora tem mais chances de acabar comigo.

  – Mas que desgraçado!

  Meu celular recebe uma notificação e eu me assusto com o toque. Lilly se aproxima do meu telefone e suspira aliviada.

  – É-é o Jake.

  Eu abro as mensagens imediatamente.

Jake: Está tudo bem com você? Você está sozinha?

S/n: Eu estou bem, Jake. E Lilly está comigo.

Jake: Você não pode mais ficar sozinha.

S/n: Você viu a ligação, não é? O que faremos?

   Jake: Considerando a situação, a única coisa a se fazer é ficar alerta. Ainda mais.

Jake: Quanto as câmeras da farmácia falta pouco, e apesar de eu odiar a ideia de que o próximo passo é o bar, eu quero que você faça o mais rápido possível.

S/n: Isso tem haver com o perigo que o homem sem rosto significa? Por que eu tenho que ser mais rápida?

  Ele não digita nada por alguns instantes e eu tenho um mal pressentimento sobre isso. Algo está acontecendo e Jake não me contou?

Jake: Significa sua segurança. Não quero uma nova ameaça.

  Ele nunca é claro, e isso me deixa ainda mais preocupada.

S/n: Que tipo de ameaça?

  Sem resposta.

  S/n: Sem mais segredos, Jake... Eu estou farta de tudo isso.

Jake: Eu pensarei em algo. Confie em mim mais uma vez. E então, sem mais segredos.

S/n: Eu queria acreditar...

  Deixo meu celular e olho para Lilly.

  – Foda-se, eu vou falar com o homem sem rosto.

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