Caos

Capítulo 12

  Continuei a contar ao Jake o que aconteceu no pouco tempo que estive em Duskwood.

  – No Aurora foi mais tranquilo, mas contei ao Phil sobre minha suspeita contra Michael Hanson.

  – Contou a ele sobre suas suspeitas?

  – Ele precisava saber pra abrir a boca.

  – Você tem razão... Você estava muito bonita aquela noite – Ele parece hesitar – Tudo isso para ver o...?

  – Haha! Obrigada, Jake, e não.

  – Desculpe, eu...

  – Achou que eu fosse ter algum interesse pelo Phil? Jake, ele trata a própria irmã mal e deve ter DNA da metade da população feminina de Duskwood na cama dele.

  Ele acha graça do meu comentário.

  – Ele só não faz o meu tipo. E sobre o último encontro: Alan Bloomgate e o fato dele saber que eu viria para Duskwood. Estranho.

  – Quem sabia que você sairia aquela noite?

  – Acho que só o pessoal do grupo. Mas os boatos correm rápido por Duskwood

  – Alguém teria que espalha-lo. Alan não sabia que você viria comigo antes da ligação, seus amigos exceto Lilly não sabiam também.

  – Acha que foi um deles?

  – Não existe outra possibilidade. Você consegue ver motivo pra alguém fazer isso?

  – Nenhum. A pessoa só estaria me prejudicando!

  – Certamente, o que me leva a pensar que alguém do grupo não está sendo 100% sincero.

  – Suspeita que um deles seja o homem sem rosto?

  – Não exatamente. Minha vaga suspeita é que seja um informante.

  – Um informante? – Faço uma careta – Tá, eu disse que poderiam ser dois...

  – Por hora, vamos fazer uma pausa nesse assunto e depois falamos sobre sua idéia de falar com o sequestrador também.

  – O que temos agora?

  – Eu terminei.

  – As câmeras da farmácia?

  – Se fosse só isso eu teria terminado antes. Temos gravações das câmeras da cidade inteira no dia em que Hannah desapareceu. Mas precisam ser descriptografadas uma há uma.

  – Isso é comigo né?

  – Vou deixar você adiantando isso enquanto eu faço algo para agilizar o processo.

  – Certo.

(:

  A noite eu decidi que faria o jantar, ele disse que eu não precisava mas eu insisti já que eu senti vontade de usar aquela cozinha maravilhosa. O espírito culinário da Cleo se apossou de mim.
  No dia seguinte trabalhamos por horas, tínhamos imagens de muitos pontos mas analisar cada canto com o tempo equivalente de um dia era trabalhoso demais.
  Fico por algum tempo sentada no sofá tentando encontrar algo nas câmeras da cidade. A tarde estava chegando ao fim.
  De repente eu me assusto quando Jake aparece e coloca um par de luvas de boxe sobre a mesa. (Eu nunca consigo notar quando ele se aproxima)
  Eu olho para mesa e então para ele. O cabelo dele está molhado, acho que acaba de sair do banho. Jake está usando uma calça moletom escura, luvas pretas que deixam seus dedos de fora e uma camiseta cinza larga que caiu muito bem nele.
  Desvio o olhar envergonhada por pensar em coisas que não deveria.

  – Eu posso? – Faço sim com a cabeça e ele se senta ao meu lado pegando o notebook – Esse programa vai fazer uma boa parte do trabalho pra você, ele vai trabalhar enquanto você estiver descansando – Ele para de digitar – Agora, eu quero que você exercite seu corpo, não sua mente. Vou te ensinar a lutar.

  O olho surpresa.

  – Sério? Mas por que eu deveria?

  – É importante que você saiba se defender sozinha. Quando nos conhecemos, não foi nada difícil te puxar. Nesse caso, é útil.

  – Entendi!

  É bem verdade que se fosse outro alguém e mal intencionado eu não poderia fazer muita coisa. Estava em choque.
  Vou para o quarto para colocar uma roupa mais confortável. Eu escolho um short molinho e um top.
  Jake me olha dos pés a cabeça com um olhar diferente que me faz ficar vermelha. Nós descemos até o porão e fico surpresa com o que ele fez aqui.
  A sala tem um saco de pancada em seu centro, uns cochonetes no chão e alguns pesos. É pouca iluminada, mas nada mal...

  – Não sabia que você malhava.

  Jake olha pra mim percebendo meu tom irônico. Eu tento não rir, é claro que eu sei que ele malha, quando o agarrei enquanto "dormia" fiz questão de passar minha mão naquele abdômen perfeito.
  Imaginei que ele fizesse exercícios em casa até porque ele não sai muito, me admira ele não estar doente, não dorme e tenho certeza que não comia direito.

  – Certo, me diz como você faria para ganhar uma briga.

  Começo a ficar animada.

  – Meu pai sempre me dizia que pra ganhar uma briga você só precisa de dois golpes: primeiro você derruba, depois você arrasta!

  Ele sorri.

  – Ok ok, vamos começar por um alongamento, quero que respire fundo e relaxe seu corpo.

  Depois dos alongamentos, me posiciono em frente ao saco de pancada e me concentro enquanto a voz do Jake me orienta.
  Não posso negar, eu estava adorando o fato do Jake estar me ensinando algo que ele sabe. Mesmo me ensinado a lutar, por que seus gestos e suas palavras comigo nunca eram violentos?

  – Alinhe o pulso com o antebraço – Sua voz é suave mas me causa arrepios – Dobre seus cotovelos, levante sua mão dominante e a deixe perto do seu rosto antes de bater – Jake se aproxima e fica atrás de mim – Aperte bem a mão para evitar machucá-la na hora do soco.

  Fico desestabilizada por sua aproximação, ele segura meus punhos por trás para me ensinar como devem ficar e eu escuto sua respiração na minha pele.

  – Muito bem...

  (Alguém me ajuda) Eu vou entrar em combustão espontânea aqui!
  Tento me concentrar mas é bem difícil, me pergunto se é de propósito ou sou eu que sou fraca.
  Ele se inclina ainda mais fazendo minhas costas encostarem em seu peito, ele fala ao meu ouvido e eu prendo a respiração.

  – Ajeite a postura...

  (Você me paga, Jake!) Ele se afasta e eu volto a respirar, fico com raiva dele por me provocar.
  Irritada estico o punho deixando meu braço girar para dentro quando golpeio o saco. Me sinto satisfeita e me viro para o Jake que me olha visivelmente surpreso.

  – Uau... Bom trabalho, S/n! Estou orgulhoso de você.

  Eu abro um sorriso grande. (Yes!)

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“Desculpe Ben, mas os seus lençóis devem ter DNA da metade da população feminina de Seattle”

Eu estive aqui - Gaylen Forman