Presa por um amor

XXII

  Tento entender como tudo se conecta, mas faltam peças para se encaixar. Olho para o quadro de Maggie na parede. Logo embaixo está o nome com sobrenome dela, "Maggie Colin".

  Oliver Colin. Só pode ser o pai dela, o dono do escritorio que estou agora, só não entendo como ele conhecia meu pai e pareciam ser bem amigos. Talvez possa saber mais sobre a morte dele.

  Meu pai morreu há 3 anos. Disseram que a causa da morte foi indeterminada, mas nunca concluíram o caso dele para de fato determinar a causa da morte. Nas primeiras semanas tentei de tudo para ajudar no caso. Fiquei em um abrigo por um tempo, mas depois de algumas semanas do ocorrido, disseram que eu havia ganhado uma oportunidade única. Moraria com uma tutora em uma nova casa e iria para uma nova escola. Abriram uma conta em meu nome para receber uma mesada além do dinheiro que meu pai havia deixado para mim. Disseram que poderia voltar a ter minha vida normal. Mas não foi bem assim. Tudo era muito rigoroso, fui proibida de colaborar com o caso de meu pai, e até falar sobre ele.

  Na nova escola conheci Maggie. Nunca nos damos bem, ela sempre me odiou, mesmo não havendo motivos. Quem me salvou durante o tempo em que estudei la, foi Chiara. Ela sempre me apoiou.

  As coisas em casa só pioravam, então decidi de que iria fugir. Não gosto muito dessa palavra, prefiro dizer que me libertei. Planejei por um mês, juntei todo o dinheiro que ganhava, e fui pela madrugada. Peguei o ônibus para uma cidade próxima, pois não tinha tanto dinheiro para gastar dessa forma. A cidade era calma olhando de primeira.

No começo foi difícil, mas tentei ao máximo economizar o dinheiro. No primeiro dia dormi em uma pousada barata que tinha perto da rodoviária onde cheguei.

  Era impossível ela não notar que eu não  estava mais lá, então acredito que só não importou. Ela nem ao menos ligou para mim ou para a policia para que me procurassem, ou talvez ela tenha ligado e apenas não me acharam. O mais estranho de tudo é que o dinheiro que recebia, continuava caindo em minha conta. Talvez quem mandava o dinheiro não sabia que eu tinha fugido, ou melhor, me libertado de lá. Tentei trabalhar em alguns lugares, porem não deram certo.

  Até que acho uma casa para alugar na cidade vizinha. Os proprietários eram os pais de Mary, que me ajudou bastante para eu conseguir ir para aquela casa. Ela convenceu seus pais para que deixassem eu pagar mais barato, pois não estava estabilizada financeiramente na época. Ela insistiu em me ajudar a entrar na escola em que ela estudava. Ela me ajudou muito sobre esse assunto e ainda assim nos não éramos tão próximas, ainda mais pelo fato dela namorar e ter as coisas dela para fazer.

  Conseguindo me mudar para a casa nova, tinha que achar um emprego, que enfim acho uma vaga no Jones' Papelaria, onde conheci Jack.

  Escuto a campainha tocar e volto a realidade. Pego o pequeno celular de meu bolso e tiro fotos de tudo que acho importante. As fotos ficaram com uma péssima qualidade, mas não posso levar essas coisas, vão desconfiar.

  Saio do escritório em silêncio, nas pontas dos pés. A campainha toca novamente, e olho para trás em direção a escada continuando a andar. Por consequência disso, acabo me esbarrando em alguém.

  Merda.

—O que tá fazendo aqui? —Jack pergunta calmo, segurando em meus ombros para que eu não caia.

  Menos mal...

  Gaguejo ao perceber que ele está apenas com uma calça de moletom. Ele não é super forte, musculoso, mas ele não parece ser sedentário.

—E-Eu estava... indo beber... a porta.

—Ah, então você estava indo beber a porta?! —Ele diz dando um sorriso soprado.